31 outubro, 2020

Estreia hoje: Genesis, A profecia - Covid-19, o Início

 


Genesis, A Profecia - COVID-19, O Início..

Lançamento Ao Vivo pelo Youtube, HOJE dia 31/10/2020 às 20:00, no link. https://youtu.be/gPnyfRHlk2I

Ative o LEMBRETE para receber a notificação de Ao Vivo na hora da transmissão.

30 outubro, 2020

Quem foi General Joaquim Ignácio?

 



O Arquivo Joaquim Ignacio Baptista Cardoso contém documentos que o avô paterno de Fernando Henrique Cardoso acumulou desde o início de sua trajetória militar, em fins do século XIX, até pouco antes de morrer, em 1924. Embora com lacunas, o conjunto reflete sua participação em importantes eventos da história brasileira, bem como as relações que, a despeito da itinerância imposta por sua longa carreira no Exército brasileiro, manteve com os familiares.


Documentos textuais

Telegramas, cartas, relatórios, ofícios e notícias são alguns dos tipos documentais que compõem o arquivo, abarcando, em sua grande maioria, o período em que o titular exerceu diversas funções na estrutura administrativa do Exército. Totalizando cerca de 1.400 documentos, destacam-se aqueles produzidos e acumulados na década de 1890, quando, entre outras atividades, Joaquim Ignacio Cardoso atuou como ajudante-de-ordens do presidente Floriano Peixoto. Além da rotina, a documentação produzida e acumulada durante o exercício de suas funções evoca alguns dos principais episódios da chamada República Velha, a exemplo da Revolta da Armada (1893-1894) e da Revolução Federalista (1893-1895).

Documentos Fotográficos

O conjunto fotográfico do Arquivo reúne 48 imagens, a maior parte formada por retratos nas várias fases de sua vida militar, como tenente, capitão, major, coronel, general e marechal. Há também reportagens fotográficas nas quais o titular figura como personagem de momentos marcantes, como no retrato em que aparece com Sebastião Bandeira, ambos alferes, junto ao major Sólon Ribeiro, grupo que levou à família imperial brasileira a intimação para sair do país, em novembro de 1889.


Antigo Açougue Público de Custódia


Hoje onde funciona a Prefeitura Municipal de Custódia, e a Secretaria de Saúde Municipal, funcionou em seu passado o antigo Açougue Público.

Na foto:
Dorival Gois, Tenorinho, Adeilda Mariano, Francisquinho Laurentino, 
Francy Abreu, Zé do Fato

Foto enviada por Chico Elizeu

A vida e as suas surpresas!

Foto e Texto
Lindinalva Almeida


O tique-taque do relógio da vida da minha amiga Elza Valeriano parou, nos deixando tristes pela perda de tão grande ser humano. A sua alegria era contagiante, seu belo sorriso retratava um rosto de felicidade. 

Tive o privilégio de trabalhar com Elza no Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL), nos anos 1980. O trabalho era agradável, coordenávamos turmas desse movimento e dávamos expediente em uma das salas de um dos prédios da Prefeitura de Custódia, que ficava na Rua Tenente Moura, instalada para esse fim, com estrutura e comodidade para os coordenadores e alunos, disponibilizado pelo grande e inesquecível prefeito Luiz Epaminondas Filho, Luizito.

E a vida, é como é, meu irmão... O tempo passou e Elza foi morar em Recife, deixou saudade, mas, essa saudade diminuía quando nos encontrávamos na festa do Padroeiro São José, na novena dos custodienses ausentes. E como a se despedir dos amigos, no mês de março deste ano, no Encontro de Custodienses que aconteceu no Restaurante Macambira, se fez presente com toda alegria e luz, abraçando todos que estavam ali, abraço de despedida, eu acredito. 

Vivemos tentando compreender os propósitos do Altíssimo. Vã é a nossa tentativa, pois somos partículas minúsculas para entender tão extraordinário mistério. Contudo, Deus nos mostra nas entrelinhas da bíblia, especialmente em Eclesiastes, que tudo tem seu tempo debaixo do céu. 

Amigos, o tempo vivido em família são todos aqueles que jamais serão esquecidos. É onde se vive a intensidade do amor e do respeito. Esses, sim, ficarão guardados nas nossas memórias. E o tempo contado por nós são meras convenções do próprio tempo. Afinal, “que além da vida que se tem, existe uma outra vida além, e, assim... o renascer, morrer não é o fim”.

Abraços fraternos a Sr. Djalma e Elzir, em nome dos quais estendo nossos sentimentos. 

Custódia, 29 de outubro de 2020.

Lindinalva Almeida "Nenê"

29 outubro, 2020

Inscrições abertas para o Alto de Natal 2020


Inscrições abertas para o Alto de Natal, dia 24 de Dezembro. 

Todos os inscritos passarão por uma oficina de teatro, a partir do dia 5 de Dezembro para o Espetáculo. 

Entre em contato no Whatsapp (87) 99978-6261 e saiba mais.

Grupo Rei dos Reis.

O instrumento que toca sem ser tocado - Zé Melo



Há muitos anos atrás – e bota anos nisso, conheci um instrumento musical até hoje praticamente desconhecido. Eu deveria ter pouco mais de dez anos, o que significa que isso deve ter ocorrido no início da década de sessenta.

Apareceu na então pequena Custódia, um “estrangeiro” que se propôs a fazer a apresentação de um novo instrumento musical. Novo, para nós, sertanejos isolados do mundo. Na verdade o tal instrumento fora criado no finalzinho da década de vinte.

O tal “estrangeiro” dizia ser o inventor daquela maravilha, e estava rodando o mundo apresentando aquela maravilha. O local escolhido foi um antigo prédio da paróquia, que servia para uma escola onde Tia Dona, como era conhecida, ministrava aulas, e também chegou a servir de cinema, sendo posteriormente a sede do Centro Lítero Recreativo de Custódia.

A apresentação foi um retumbante fracasso: praticamente ninguém foi assistir ao concerto programado.

Não sei se foi a Prefeitura ou comércio, mas na verdade foi programada uma apresentação pública daquele instrumento. 

De graça, a Praça Padre Leão abrigou muita gente naquela noite, para conhecer o invento. Creio que na época a cidade ainda era servida por energia gerada a motor.

Providenciado o palco – a carroceria de um caminhão - foram instaladas gambiarras para a iluminação, instalado o som da “Duas Américas”, e o espetáculo começou.

O “aparelho” mais parecia uma daquelas antigas caixas de sabão, com duas anteninhas nos cantos, e só.

O apresentador, com forte sotaque explicou aos presentes o que era aquela geringonça. Um aparelho musical que tocava sem ser ”tocado”. Explico: o músico executava seus números sem tocar no instrumento, apenas aproximando e afastando as mãos das anteninhas. Explicou que até trilhas de filmes sucesso de bilheteria foram executadas naquele instrumento.

Após a execução de algumas músicas – todas “estranhas” para nós, simples sertanejos, principalmente as crianças, o “estrangeiro” convidou algumas pessoas para experimentar aquela maravilha. O convidado subia na carroceria do caminhão, se postava frente ao invento e o apresentador segurava-lhe as mãos, aproximando e afastando-as do aparelho, o que produzia sons diferentes.

Lembro bem que o mesmo convidou uma conhecida professora da cidade, já chegada nos anos, solteira e famosa pela “braveza” que tinha com seus alunos.

Não esperando o controle do apresentador, ela aproximou bastante uma das mãos de uma das antenas, o que provocou um ruído fortíssimo, de muitos decibéis.

Afastando-a do aparelho, o apresentou com seu sotaque carregado explicou porque ocorreu aquele ruído tão forte:

- “É que a senhorra aqui ter muita energia guardado na sua corpo, e o aparrelho disparrou toda a sua potência!”.

Hoje, mais de meio século depois, curiosamente o meu cérebro disparou o “replay” das lembranças, trazendo-me essas recordações, e por curiosidade procurei me inteirar do que era aquele instrumento. Apenas recordava o nome do “aparelho” – THEREMIN.

Foi conhecer um pouco mais desse instrumento que ainda é praticamente desconhecido do povo, mas que na verdade é bastante utilizado em gravações e menos em apresentações públicas. Quem desejar conhecer mais é só vasculhar no Google.

Não sei se na verdade o apresentador daquele show era realmente o inventor do Theremin, o russo Leon Theremin, ou se algum divulgador do inventor. “Só sei que foi assim”.

Texto: José Melo Soares

Matéria exclusiva do Blog Custódia Terra Querida. 

Lampião amanhece em Custódia - autor Anildomá



SOUZA, Anildomá W. de. Lampião o rei da caatinga. 3ed. Serra Talhada/PE: gráfica aquarela 2001. 

Anildomá Willans de Souza, nasceu em Serra Talhada-PE, no dia 8 de abril de 1962. Filho de João Alexandre de Souza e Maria Ramalho Ângelo. É dedicado à atividade folclórica, tendo suas atenções voltadas para a pesquisa histórica da região sertaneja do Pajeú. Milita no movimento cultural do estado de Pernambuco.

O livro escrito por Anildomá busca passar informações históricas sobre a vida do cangaceiro Virgolino Ferreira da Silva, visando contribuir para o conhecimento da cultura nordestina. Segundo os estudos realizados, é preciso entender a época, a sociedade sertaneja das primeiras décadas do Século XX.

Segundo o autor, Virgolino Ferreira, não era apenas um bandido, era também um homem com valores respeitáveis e seguiria um rumo não traçado pelos seus pais.

Sua vida foi sempre determinada a se vingar da morte dos seus pais, que sofreram com as rixas entre a família de Zé Sartunino, um fazendeiro que após desentendimento com a família de Lampião, fez com que eles se mudassem para outro estado, indo para Alagoas.

Aos poucos os irmãos de Lampião foram sendo mortos, por participarem de grandes confrontos com policiais que lutavam no intuito de acabar com o bando do temido Lampião.

Lampião era um homem religioso, que sempre buscou respeito à igreja, aos valores familiares, não aceitava cangaceiros com atitudes fora do padrão moral, mas matava por acha que os bons eram perseguidos por coronéis que tinham apoio da justiça, e com isso precisavam ser eliminados ou roubados para poder ajudar os pobres que sofriam com essas injustiças.

No começo do século XX no Nordeste, as classes dominantes eram muito poderosas, detendo poderes políticos e financeiros, realizando um papel de “comandantes” do sertão. Naquela época, onde a polícia exercia um papel muito vezes confundida com a de bandidos, o povo sofria porque não tinha perspectiva de melhora de vida, porque ou servia aos coronéis ou entrava em algum bando de cangaceiros.

Virgolino Ferreira nasceu nunha família simples, de muitos irmãos, que trabalhavam na agricultura e também se dedicavam a outras atividades. Devido a uma confusão com outra família, eles tiveram que se mudar para outro estado, a fim de tentarem viver uma vida mais tranqüila e sem problemas. Mas não foi assim que aconteceu.

Desde criança foi acostumado a rezar, a trabalhar, sempre procurando ajudar a família no seu sustento. Aprendeu a ler e a escrever, quando aproveitou a oportunidade que era coisa rara no sertão nordestino daquele tempo. Como qualquer pessoa em fase de crescimento, Virgolino conheceu as coisas boas da vida, e como o destino ele não sabia, a vida o levou a caminhos perigosos a fazendo parte do cangaço.

Naquela época, muitas lutas eram deferidas por causas de mal entendidos, ciladas provocadas pelos coronéis que usavam da covardia para atingir seus objetivos, e uma delas, onde Virgolino, vulgo Lampião, participou foi a da morte de Gonzaga Ferraz, que morreu após um ataque do bando de Lampião a sua casa, apoiado por um sertanejo conhecido por Ioiô maroto, que após ter sido vitima de uma cilada de coronéis inimigos, partiu para se vingar. Não sabia ele que tudo era proveniente de uma cilada.

Nêgo Tibúrcio era um cangaceiro que espalhava medo e terror por onde passava, tendo no passado servido à família de Zé Saturnino. Por onde ele passava, sempre falava de Lampião, seu inimigo, a quem desejava muito matar. Num certo dia, Lampião sabendo de sua presença na cidade de Santa Maria, o confrontou e acabou matando-o.

Durante o período em que a família de Lampião vivia uma vida tranquila, um jovem rapaz de nome Antônio Rosa passou a fazer parte da mesma, após ser abandonado pela sua própria família, que o deixando por conta da família de Lampião um certo período de tempo prometeram após o retorno de uma viajem à juazeiro do Norte, pegá-lo de volta. Ele cresceu acompanhando Lampião e com o tempo foi se destacando chegando a fazer parte do seu bando. Mas por conta de ter matado um homem simplesmente por um motivo fútil, foi morto pelos cangaceiros.

Lampião num certo dia visitou uma cidade de nome Custódia, onde foi recebido pelos moradores com um certo espanto, após acordarem. Como ele não estava ali para promover alguma batalha e sim suprir as suas necessidades, logo foi se familiarizando com os comerciantes e com as pessoas da cidade que ficaram um pouco espantadas com as sua ações de homem respeitador dos conceitos de moral, comprando e pagando tudo como manda o figurino.

Naquele tempo estava acontecendo uma insurreição por conta dos revoltosos da Coluna Prestes que queriam derrubar o governo federal, e nesse período eles estavam percorrendo o sertão do nordeste. Sabendo disso o governo tratou de convocar um regime de urgência. O Dr Floro Bartolomeu foi designado para combater os revoltosos. Usando do posto de comandante, logo ele teve a ideia de convocar Lampião e seu bando para lutarem a favor das tropas do governo para combater a coluna prestes, dando a Lampião a patente de Capitão e aos cangaceiros a de soldados.

Os irmãos de Lampião também faziam parte do seu bando, e como a vida de um cangaceiro era sempre marcada por mortes, o fim mais esperado por eles, foi inevitável a morte dos seus irmãos em combates.

Como a vida de um cangaceiro não era apenas de viver combatendo com os seus inimigos, Lampião durante uma passagem a uma cidade na Bahia conheceu uma mulher de nome Maria Gomes de Oliveira. Ela faria parte do bando e seria chamada de Maria Bonita, a primeira mulher a participar do cangaço.

E no ano de 1938, na grota de Angicos, Lampião e seu bando foram assassinados sem nenhuma forma de reação. Seria o fim de um dos maiores nomes do cangaço no nordeste, que buscou fazer justiça com as próprias mãos.

O autor utiliza o método indutivo, recorrendo a bibliografias ligadas a história do cangaço para poder fornecer os dados expostos no livro. Foram adotados como ponto de vista o funcionalismo.O autor recorreu a técnicas de entrevistas formais e informais, historia de vida e etc.

Trata-se de uma obra que explora muito os problemas no sertão nordestino, usando técnicas de coletas de dados, informações pessoais, datas e etc, que permitem ao leitor um vasto perfil da época.

Esta obra é de grande interesse para os estudiosos e pesquisadores do sertão nordestino, de linguagem simples e de fácil interpretação.

Fonte: Classiguinet

28 outubro, 2020

Baú de Fotos: Custódia na década 70 (Jorge Remígio)

Final da década de setenta. 
Cruzamento das Ruas 20 de Julho, 
com Nemésio Rodrigues e Manoel Borba

Visão Panorâmica do sítio de Dona Nita 

Praça Padre Leão 

Rua Manoel Borba

Fotos: Acervo Particular Jorge Remígio

Atenção OX - por Willame Venâncio



Se “tirava muita onda” com relação às locuções do “Serviço de Auto Falante Duas Américas“, e de brincadeira diziam que os recados no dia de feira, eram mais ou menos assim:

Atenção muita atenção “Ó” “X”, ô seja: Ótoin Xofré, ôva essa gravação, que lhe oferece uma pessoa que está incostada numa “lombreta vremeia”, avisa que vai lhe esperar no bar de Géussu Pinto, tumano uma ceuveja gelada com ovos cunzinhado, no reseuvado, escuitano “Fulores Peufumadas cum Quilara Nunes”!

Enviada por Willame Venâncio

Um concerto sertanejo - por Miguel Lopes


Por Miguel Lopes da Silva

Como eu gostaria de voltar a ouvir o som daquele pífano, entrecortado de modulações as mais variadas dependendo do local e do momento. 

Ali, na procissão de São José no seu dia especial, notas reverenciais e compassadas como a querer suscitar estados de devoção e respeito. Os instrumentos de percussão em batidas moderadas, estabelecendo os espaços exatos numa espécie de diálogo no qual os instrumentos sempre estavam em completo acordo. A procissão caminhando neste ritmo... o ritmo estabelecido pela banda de Zé Biá. 

 Mais adiante, o cenário se modifica com relação ao espaço, pois o tempo continua estabelecido dentro das mesmas festividades do padroeiro. Um espaço no qual pode-se retratar a irreverência permitida para os momentos de alegria. Não mais a reverência cheia de religiosidade daquela outra ocasião, mas os sons e os requebros desenvolvidos sob o incitamento de uns bons goles de cachaça. Estamos no terreiro de uma “budega” na rua da várzea. E o povo aplaude, e o povo dança. 

 Uma pequena pausa e a caixa rufa numa sucessão de vibrações anunciando que algo diferente vai acontecer. E o pífano entra forte despertando a sensação de uma aproximação de perigo. Um dedo calejado percorre o couro do surdo produzindo um ronco grave. É o ronco da onça. É a caçada que começa. É um entendimento que se produz entre o pífano e os instrumentos de percussão fixando o cenário. Homens e cães encurralando o perigoso animal. 

Latidos angustiados e decididos, urros do felino acuado, e eu menino, ali assistindo aquele milagre em que os sons rústicos de uma bandinha de pífano se transformavam, em minha imaginação, em cenas de perigo. O meu cérebro recebia tudo aquilo como sendo real, determinando esguichos de adrenalina em minha corrente e fazendo meu coração disparar de ansiedade, ao mesmo tempo em que a musicalidade dos instrumentos me seduziam a cair na dança. 

Tenho assistido a grandes concertos envolvendo solos de flauta doce, orquestras sinfônicas, fanfarras e bandas marciais. Mas nada que tenha ficado em minha lembrança como o clássico da “Caçada da Onça”, executado pela Banda de Pífano de Zé Biá num dia longínquo de minha infância numa festa do Padroeiro São José na cidade de Custódia.

(*) filho de: Pedro Lopes da Silva (policial militar ) e Olívia Pedrosa Lopes.
Profissões: Radialista, professor de oratória e terapeuta holístico.
Nossa família morou em Custódia entre 1947 e 1953

Cenas com Humberto Guerra na novela Amor à Vida


02/12/2013


03/12/2013

27 outubro, 2020

Há 9 anos André Campos nos deixava

Texto: Elba Feitosa
Publicado em 28 de Outubro de 2011 no Facebook

A Notícia ruim chega como uma flecha certeira atingindo em cheio o coração, a alma, a vida...

E esse coração por ser o que nos impulsiona e nos dá VIDA, num instante se mostra frágil quando sente que um amigo não vai ser mais presença e aquele pedaço ocupado por esse amigo não aceita tamanha distância...

Só sei meu amigo André Campos que em algum momento ele vai se aquietar para lhe guardar pelo restos das vidas que irão permanecer aqui, nossas vidas.

Vai faltar o abraço tão amigo na hora do encontro, as boas risadas compartilhadas, a sua simplicidade de simplesmente ser do bem e saber ser amigo e saber viver com dignidade, respeito e responsabilidade.

Contudo, todas as lembranças vão ficar e você permanecerá presente!

Eu particularmente tenho uma lembrança muito especial e tá gravada: Missa do Vaqueiro em Betânia em homenagem ao meu pai, Você era presença marcante e até recebeu troféu por ser o vaqueiro mais novo, bem trajado (com as vestes de vaqueiro, perneira, chapéu, guarda-peito e gibão) representando Custódia.

Poucos sabem o valor que é ser Vaqueiro, e mesmo não sendo, poucos sabem também o que é gostar e valorizar a vida de gado e representar o Vaqueiro do nosso Sertão Navieiro. Como você gostava.

Lembro: quantas vezes você disse: Binha eu tenho todas as toadas da Missa, vamos botar num cd. Eita toadas bonitas num me canso de escutar.

E eu sempre dizia: Esse é meu Vaqueiro!

Mas, a vida impondo caminhos diferentes e uma coisa tão simples não tivemos tempo de fazer.

E o menino tornou-se homem assumindo suas responsabilidades, policial, quase Dr. Advogado, bom neto, bom filho, bom irmão, bom amigo, assim era você um ser do bem!

Só posso dizer agora tomada por uma tristeza tamanha: Eu não queria a vida desse jeito. Vai com Deus segue esse novo caminho de luz!

Vamos nos sentir mais sozinhos, porém com a certeza que estás bem guardado na casa do Pai.

E o bem que semeastes aqui muito mais receberás nesse novo caminho pelas mãos de Deus! Descansa em Paz! Saudades...

Custódia: Guardiã de mente e da Arte


Em maio de 1988 o Jornal do Bandepe (Banco do Estado de Pernambuco), trouxe uma matéria sobre nossa querida Custódia, com o singelo título “Custódia Guardiã de gente e da Arte“. Nessa época, a cidade ainda tinha uma agência do Bandepe, situada a Praça Padre Leão, onde atualmente, funciona o prédio da Fortunato Tecidos. A tiragem deste informativo foi de 17.000 exemplares.





Transcrição do texto:

“Para se chegar ao triunfo, tem que se ficar sob custódia e passar pelo caminho das flores“. Mais que um exercício poético, a frase do dentista, advogado, professor e etcetera (é um Leonardo da Vinci da profissão liberal) Pedro Pereira Sobrinho, é um traçado verbal de conhecido roteiro do sertão pernambucano. Em ordem geográfica e no sentido do litoral para o coração do semi-árido, alinha as cidades de Custódia, Flores e Triunfo. Particularizando Custódia, cidade natal (São João e carnaval) de Pedro Pereira, um estudioso das manifestações culturais, principalmente das populares, pode-se dizer que a frase também expressa o traço predominante do espírito da localidade: a tendência de bem guardar os visitantes, a conhecida hospitalidade. O próprio nome do lugar, segundo lendas, está ligado a esta característica de seu povo.

Conta a tradição que, séculos atrás, um grupo de religiosos, provavelmente da Ordem Ibiapina, for parar naquela área do Vale do Moxotó, a 340km do Recife. Perseguidos pelas labaredas da Inquisição, só conseguiram escapar devido à proteção (“custódia”) da população, em cumplicidade com os esconderijos naturais. Outra versão diz que em meados do século passado, uma preta velha, de nome Custódia, instalou uma barraquinha à beira do riacho que – como a cidade – hoje tem seu nome, e durante muito tempo atendeu viajantes oriundos das hoje Serra Talhada, Princesa Isabel e outras localidades pernambucanas e paraibanas. Fabricantes de pão de ló (também conhecido como chapéu de couro e bolo de coco), tornou-se figura querida, com o nome a percorrer estradas do sertão na garupa das conversas dos viajantes: “Vamos pra Custódia?“.

A cultura popular também encontro custódia no município atualmente administrado por Djalma Bezerra de Souza. Prestigiada por estudiosos e leigos de várias latitudes, a Semana do Folclore – desde 1970 realizada no mês de agosto, com apoio da Prefeitura e ativa participação dos colégios – é considerada espécie de apoteose das manifestações artísticas locais. Organiza no estilo das feirinhas típicas, oferece o que existe de mais autêntico em termos de artesanato e culinária. Mas pode-se dizer, considerado o volume da produção artesanal, que em Custódia todo dia é dia de folclore. Centenas de artesãos espalham-se pela área urbana e sítios, pontificando a figura de Osminda Carneiro, uma senhora que, no melhor dos sentidos, pinta e borda pra valer.

Tintas e linhas de vários matizes e texturas são utilizadas na confecção do folclore custodiense, cuja riqueza despertou o interesse de técnicos da Organização dos Estados Americanos (OEA). A banda de Pífanos de Quimtibu faz parte desde patrimônio folclórico. Há dez anos, em concurso estadual promovido pela TV Universitária, foi classificada em primeiro lugar. Extraindo de seus instrumentos um som menos harmonioso que os “pifeiros“, os bacamarteiros de Custódia, também perfilam entre os mais famosos de Pernambuco. Além de ser um robusto conjuntos – 63 componentes – o grupo tem como atração especial uma bacamarteira, uma das poucas pernambucanas a dar toques femininos ao marcial esporte/arte.

O aboio (toada de gado), o coco (ainda cultivado na zona urbana), a “Dança do Toré“(desenvolvida por uma comunidade de mamelucos de origem desconhecida, habitantes da Serra do Sabá, de onde se extrai uma água mineral que, pela quantidade, foi citada em livro de especialistas europeus) e o Cariri (manisfestação carnavalesca exclusiva do município) complementam o tesouro folclórico de Custódia – cidade do cerca de 45mil habitantes, a maior parte ligada a atividades agropecuárias, detentora de um menos que vale mais: é a localidade pernambucana onde se registra o menor índice de evasões escolares. No caso, Custódia, por seus méritos, é roteiro obrigatório para pesquisa sobre esse drama nacional.

Pela peculiaridade, o Cariri merece desfilar com relevo numa reportagem, da mesma forma que já muitos anos desfila pelas ruas de Custódia, nos primeiros segundos do domingo de carnaval, sem que ninguém saiba como tudo começou. O que todo custodiense sabe é que – como as diversas classes sociais, que se confundem na folia – instrumentos tipicamente carnavalescos e juninos convivem harmoniosamente, enquanto balões, lágrimas e outros tipos de fogos buscam transformar o céu num colorido espelho do que vai pela terra…

25 outubro, 2020

[Causo] Joaquim Tenório Sobrinho "Pernambuco, o homem que tinha o coração do tamanho do mundo"

 


Foto Cassilândia Urgente
Texto Cassilandia Noticias
Todos Direitos Reservados

Joaquim Tenório Sobrinho, o Pernambuco, era considerado o prefeito dos pobres. Em Cassilândia, exerceu o cargo por duas vezes e saiu da Prefeitura mais pobre do que entrou.

E Pernambuco chegou a ser um homem rico, dono de avião, seis fazendas, 18 carroças e tantos outros bens. Mas o seu coração não tinha artérias, tinha emoções. Era um cabra nordestino bom demais da conta. O que aparentemente era seu, na verdade, era dos pobres.

Fazia o bem sem perguntar a quem.

Ele foi prefeito nos anos de 1963 e 1973, depois de ter sido vereador e presidente da Câmara Municipal.

Nem o acidente de avião que sofreu, em que ficou com a face deformada, mexeu com os batimentos de seu coração. Mudou a voz, que ficou anasalada, mas seu coração permaneceu o mesmo, amigo e dócil como poucos.

Esta rápida história sobre Pernambuco só não foi parar nas páginas do livro A História de Cassilândia porque, infelizmente, eu só tomei conhecimento dela alguns meses depois. Infelizmente.

Soube por meio de uma interlocutora para lá de confiável.

Contou-me ela que, lá pelos anos 60, Pernambuco estava viajando no ônibus que fazia a linha Cassilândia a Paranaíba, que, naquela época, tinha uma estrada tão rudimentar, tão cheia de buracos, atoleiros e atalhos, que para se percorrer os 100 quilômetros perdia-se praticamente o dia inteiro. Ou mais.

E foi nessa viagem que entrou no ônibus um homem embriagado. E aí que o motorista parou o ônibus e obrigou o homem a descer.

Quando viu aquilo, Pernambuco também desceu.

O motorista disse:

Não! O senhor pode subir! Quem é para ficar aqui é só este bêbado porque está dando trabalho e poderá fazer sujeira, vomitar no ônibus.

Pernambuco olhou no relógio e respondeu:

- Senhor, já são 7h da noite, está muito tarde, já está escuro. O senhor não pode deixar este pobre homem aqui no meio do mato, onde tem muita onça e outros animais. Ele vai ser devorado por algum animal. Vai morrer.

O motorista mostrou-se irredutível. Deu com os ombros como dizendo “e daí?”

Então Pernambuco disse:

- Se não tem jeito, eu fico aqui com este homem. Não vou deixá-lo à própria sorte.

- Tudo bem. Se quer ficar aqui com o bêbado, que fique! Eu vou tocar o ônibus!

Quando o motorista subiu no ônibus, uma pessoa perguntou ao motorista:

- O senhor sabe quem é este homem aí?

O motorista respondeu:

- Não! Eu não sei!

- Este é o prefeito de Cassilândia! O senhor vai deixá-lo aqui no meio do mato?

Aí o motorista viu que não tinha jeito e deixou os dois subirem no ônibus – o Pernambuco, dono de um coração do tamanho do mundo, e o pobre bêbado.

Joaquim Tenório Sobrinho, o eterno Pernambuco, era capaz de gestos humanos como este. Pernambuco era conhecido, afinal de contas, como o prefeito dos pobres. 

Joaquim Tenório Sobrinho, que empresta seu nome ao prédio da Prefeitura de Cassilândia, era a doação em pessoa.

Ele e Dona Maria deixaram filhos, netos e bisnetos que estão aí para semear o bem e confirmar a generosidade dos Tenório Sobrinho.

CORINO RODRIGUES DE ALVARENGA

Joaquim Tenório Sobrinho, o Pernambuco, mais conhecido como o prefeito dos pobres, nasceu na cidade de Custódia, Estado do Pernambuco, sob o sol inclemente do sertão nordestino, no dia 23 de dezembro de 1922.

Cinquentenário de Custódia em matéria no Diário de Pernambuco (1978)


Fotos: Diário de Pernambuco

(*) Matéria publicada no Diário de Pernambuco, de 24 de Setembro de 1978.
Todos os Direitos Reservados

Com uma programação que se estendeu de 1º a 11º de Setembro, a Prefeitura Municipal de Custódia festejou com inúmeras atrações o Cinquentenário de emancipação política do município, que até 11 de Setembro de 1928 figurava como Distrito pertencente a cidade de Lagoa de Baixo, hoje intitulada Sertânia. O município conta atualmente com 40 mil habitantes, sendo mais de 9 mil residentes na sede.

A produção baseia-se no plantio de milho, feijão e algodão. Embora enfrentando os problemas naturais do seu crescimento inusitado, Custódia estruturou-se devida no setor da pecuária com excelente criação de bovinos, destacando-se entre outros o empresário e fazendeiro Armando da Fonte, dono do maior rebanho daquela localidade.

O progresso do município deve-se também (a excelente administração do atual prefeito Luiz Epaminondas Filho, que, recebendo o devido apoio da Câmara Municipal, tem procurado na medida do possível proporcionar melhores condições de vida à população de Custódia.



MOTOCAS E I FÓRMULA JEGUE

O ponto alto dos festejos do Cinquentenário de Custódia, foi sem dúvida o desfile de mais de 80 motoqueiros pelas principais ruas da cidade, uma promoção da concessionária “Honda” – Armando da Fonte Comércio S/A – Afonte, e da II Corrida de Fórmula Jegue”, inédita maratona que mostra a coragem e habilidade dos vaqueiros daquelas redondezas, promoção que contou com o apoio da concessionária Mercedez Bens “Norasa”, que a exemplo de “Afonte” fez distribuir bonés e camisas com o público.

A chegada dos 80 motoqueiros à cidade de Custódia conduzidos pelo empresário Toinho da Fonte foi algo de monumental, atraindo mais da metade da população do município as principais ruas, culminando com uma concentração na Praça Padre Leão, onde uma Banda da Polícia Militar de Caruaru tocava músicas folclóricas. Houve ensaios de frevo e de samba, graças à colaboração do governador Moura Cavalcanti, que conseguiu a participação da Banda.

A festa prosseguiu por toda a tarde do sábado, tendo os motoqueiros promovidos desfile pelas ruas da cidade. Já no encerramento dos festejos, o Prefeito Luiz Epaminondas Filho fez uma saudação aos visitantes dizendo que “o povo de Custódia sentia-se orgulhoso em receber as presenças de figuras ilustres da sociedade pernambucana aos festejos da cinquentenária Custódia, município que afirma-se pelo esforço e trabalho do seu povo e que está devidamente integrado ao processo de desenvolvimento da região, com um risonho futuro e um presente cheio de trabalho e confiança”.

Em seguida o empresário Armando da Fonte enalteceu a administração do prefeito Epaminondas afirmando que se orgulhava de colaborar para o crescente progresso de Custódia e que a vinda dos motoqueiros “Honda” representava acima de tudo um esforço muito grande dos jovens recifenses que cobriram o percurso superior a 800km, ida e volta, para prestigiar a grande festa do Cinquentenário de Custódia”.

Outra atração do Cinquentenário de Custódia foi a celebração de uma missa campal oficiada pelo bispo Francisco de Floresta, reunindo mais de 5 mil pessoas dedicado ao “Dia do Vaqueiro”. Ao evento compareceu o empresário Marinaldo Almeida, diretor da NORASA; os deputados da arena João Falcão Ferraz e Argemiro Ferreira; empresário Hélio Meira Lins; industrial René Soares (Bandeiras Pneus); engenheiro Wilson Cavalcanti de Brito, integrante do projeto Sertanejo e Irrigado de Custódia (sua esposa Maria de Lourdes; socióloga e membro da Assistência Social). Entrega de títulos a algumas personalidades pela Câmara Municipal também foi outra parte do programa do Cinquentenário de Custódia. Assim é que o secretário de Transportes, Luiz Siqueira, e os srs. Natalicio Vieira (DNOCS) e Otacilio José Rodrigues, comerciante, receberam títulos de “Cidadão de Custódia’. Outra foi a do empresário Plínio da Cunha Cavalcanti.

Dessa maneira, as concessionárias NORASA e AFONTE colaboraram diretamente para o sucesso dos festejos do “Cinquentenário de Custódia” e para a empolgação do povo progressista município. O publico compareceu em massa a promoção, desde o hasteamento das bandeiras, no Edifício da Municipalidade. Representações dos educandários locais, com um atleta conduzindo a Pira, encerraram as comemorações que constaram de um magnífico Baile do Cinquentenário, no CLRC 

(*) Leia também relato de José Melo sobre o Cinquentenário de Custódia, acessando o link: 

http://custodia-pe.blogspot.com/2013/12/cinquentenario-de-custodia-autor-jose.html

24 outubro, 2020

Zé Melo o locutor de voz inconfundível

Zé Melo durante inauguração na gestão de Luiz Epaminondas Filho.



Não lembro exatamente da data que conheci o meu irmão de coração Zé Melo... 

Acho que tinha uns 8 ou 10 anos quando fui convidada a participar o seu programa de calouros. 

Pronto... Daí por diante ele passou a ser o meu "Chacrinha", meu "Jorge Xau", daí por diante fui apresentada a música popular brasileira de qualidade por J. Melo e por Célia Feitosa onde atrevidamente interpretei Paulinho da Viola.

Tempos depois tive o grato prazer de conhecer o Zé Melo locutor de voz inconfundível, memória e inteligência privilegiadas... amigo fiel e raro.

Queria ter palavras pra agradecer a esse ser humano incrível, tudo que ele é e representa pra mim e minha família.

Só posso ser grata Zé!

Que Deus te abençoe sempre.

Flávia Epaminondas

23 outubro, 2020

Documentário "Alumia" filmado em Custódia-PE



Os momentos que antecedem o pôr do sol tinham um significado especial para os personagens do documentário Alumia. Sem energia elétrica em suas casas, eles mantinham uma convivência diferente com a noite. Para captar esse sentimento, as diretoras do filme, Carol Vergolino e Andréa Ferraz, procuraram filmar tudo sem o uso de luzes artificiais. O resultado da experiência cinematográfica pode ser visto neste documentário.

Alumia foi filmado em 2005 no Sítio de São Francisco, no município de Custódia, Sertão de Pernambuco. Na época, a comunidade ainda não recebia energia elétrica, que só alcançou o local um ano depois. A água encanada também havia acabado de começar a chegar. As cineastas queriam mostrar como esse tipo de situação ainda era real em pleno século 21, apesar de parecer historicamente absurda.

A intenção do documentário, entretanto, não é a denúncia. O filme é um retrato do cotidiano e da visão de mundo de seres humanos que possuem uma situação de vida peculiar, que se relacionavam mais com as estrelas do céu do que com aparelhos de TV ou geladeiras.

Feito pelo Ateliê Produções, Alumia foi filmado apenas à noite, entre as 18h e as 21h, com direção de fotografia do cearense Roberto Iuri e trilha sonora de Rafael Agra. O objetivo inicial era produzir um curta, mas a edição final ficou com 55 minutos.

A moça da Janela - Por José Carneiro


A MOÇA DA JANELA
   J.Carneiro

Moça, que moça tão bela!
Tão meiga e cheia de graça
Debruçada na janela
Vendo quem na rua passa.

Eu não sei quem é aquela
Moça tão cheia de graça
Debruçada na janela
Vendo quem na rua passa
E os que passam por lá
Gostam do sorriso dela
E do seu sereno olhar.

Do belo sorriso dela
Como os demais eu gostei
E apaixonado por ela
Desde que a vi eu fiquei
Como o príncipe ficou
Quando viu a cinderela
E dela se apaixonou.

Moça, que moça tão bela!
Tão meiga e cheia de graça
Debruçada na janela
Vendo quem na rua passa.

Não me sai do pensamento
A imagem daquela moça
Por isso espero o momento
Que da janela ela ouça
Esta dolente canção
E sinta o fundo lamento
Do meu triste coração.

Quero muito conhecer
Aquela linda donzela
Para sentir o prazer
De dizer que gostei dela
E que eu quero por fim
Que ela venha me dizer
Que também gostou de mim.

Moça, que moça tão bela!
Tão meiga e cheia de graça
Debruçada na janela
Vendo quem na rua passa.

           Recife, 20.11.2011 

Decepção (Reminiscências) - por Jorge Remígio



Sentei à mesa para jantar. Não estava com muita fome, porque o meu mal era outro. Pressa, muita pressa mesmo. Estava num pé e noutro, como se diz no meu sertão. Queria mesmo era estar na rua. 

- Estou atrasado e minha mãe que não traz logo essa sopa! Enquanto esperava com toda aquela ansiedade, olhei despretensiosamente para o calendário pregado na parede logo a minha frente, e coincidentemente, a data estampada na folhinha, causou-me certa expectativa. 25 de agosto de 1961. 

– Eita! Daqui a exatos dois meses, estarei fazendo aniversário, vou completar sete anos.

- Os meninos já devem estar todos lá na praça. A praça a que me refiro, era a Ernesto Queiroz, que ficava ao lado esquerdo da Matriz de São José, palco de inúmeras brincadeiras da garotada, com destaque para o coreto e um obelisco, que chamávamos de pirulito. 

- Acho que os prados já começaram. Era comum aos meninos dos anos 60 e décadas anteriores, reproduzirem em brincadeiras, o que os adultos faziam. Então, como as corridas de cavalos ou prados, estavam em voga naquele momento na minha pequena Custódia, a criançada se reunia à noite, ao lado da sede do PTB, onde hoje fica a Câmara de Vereadores, para as disputas de corridas. Ali era justamente o início da pista, a qual estendia-se no sentido da Rua Manoel Borba, com final nas imediações da residência de seu Pedro Mariano. Era uma corrida de velocidade, equivalente aos 100 metros rasos das disputas oficiais.

Os prados estavam no auge. Quase todos os domingos era aquela festa. Lembro que saí da Rua da Bomba. Estava colado no meu pai. Então, entramos na marinete com carroceria de madeira que pertencia a Deusinho que lotou rapidamente. Então, seguimos para o campo de aviação, que era o local onde se realizavam as corridas de cavalos. Ao chegarmos, fui surpreendido. A metade da população de minha cidade estava ali. Que animação, muita expectativa, gente circulando de um lado para outro, apostando aos gritos nos cavalos, comércio informal favorecido. 

– Olha o rolete de cana! Sem falar no alfinim, japonês, raspa–raspa, pipoca, algodão-doce, cocada, pirulito e quebra-queixo. Sem contar as quatro festas do ano, aquilo tudo só se comparava ao futebol, quando o Esporte de Custódia jogava com equipes de cidades vizinhas, naquele campo de terra batida e cercado de aveloz. Como era gratificante ver a categoria de Osmar no meio de campo e a aflição dos goleiros adversários, com Toreba rondando a grande área. O cara era mais perigoso que ferrão de “lacráia”. 

. Aquela corrida já era esperada há algum tempo. Bola Doida era a sensação do momento. Mas, o páreo seria duro. Disseram que o cavalo dos Germano, iria desbancá-la. Nem cogitei, achei impossível isso se concretizar. Bola Doida era-me familiar. Seu dono era Zé Burgos. Mais um bom motivo para eu apostar nela, que era tratada e muito bem, juntamente com mais dois cavalos no sítio de minha avó Anita, debaixo de duas mangueiras de troncos grossos e copas frondosas que lembravam a empanada de um circo. Foi feito um cercado para construção de um estábulo, que ficava bem próximo da casinha do mestre pifeiro Zé Biá. Não confundir, com as mangueiras que ficavam nas proximidades da cerca contígua ao quintal das casas da Rua do Rio, onde a meninada travessa, vindo pelo beco de Gabiru, violava o cercado para roubar mangas. Confesso hoje, que tinha todas aquelas frutas aos meus pés, mas, sempre desconfiei que as roubadas, eram mais saborosas. Era muita adrenalina gasta para consegui-las. O tiro de sal era real e sempre esperado. 

- Opa! A corrida parece que vai começar. Zé Burgos, que nesse tempo já era o meu ídolo, passa segurando as rédeas de Bola Doida, num caminhar acelerado, em direção à largada. O jóquei afamado veio de Betânia. - Não tem como perder essa corrida. Corri rapidamente para comprar pipoca e mesmo com toda aquela ansiedade do momento, prestei atenção a um comentário feito pelo pipoqueiro a outro freguês. 

– Dizem que domingo que vem, a disputa vai ser de uma camioneta dirigida por Luizito, contra um cavalo. Saí pensando comigo. 

– Será que vai dar certo isso? Corri de volta para melhor me posicionar. 

– Acho que é agora. Cavalos emparelhados, Bola Doida toda agitada como o próprio nome, plateia em alvoroço a espera do sinal de largada, pediram silêncio.

-Já! Foi aquela gritaria, Bola Doida sai na frente, mas, é logo alcançada pelo cavalo dos Germano. Correm quase todo o prado, cabeça com cabeça, ou seja, emparelhados. Há poucos metros do final, acontece o que eu recusava nem imaginar. O cavalo dos Germano toma a dianteira e ganha a corrida, frustrando assim, meu desejo de comemorar com alegria, aquela disputa tão acirrada.

-Ufa! Até que enfim chegou a sopa! Mesmo fumegando de quente, não esperei esfriar e com rápidas colheradas, avistei o fundo do prato. Ainda no interior de minha casa, inicio uma corrida na direção da Praça Ernesto Queiróz, e em poucos segundos, chego ao destino tão almejado. Porém, senti que havia algo de estranho no ar. Pois, os meninos estavam lá. Mas, sentados na calçada, quietos, o que contrastava do habitual. Notei também, que havia pequenos agrupamentos de adultos, em burburinho e gestos enfáticos. Na minha cabeça, quando os adultos se reuniam daquela maneira, algo importante aconteceu ou estava prestes a ocorrer. Fui direto ao grupo de amigos e perguntei curioso. 

– O que foi que aconteceu? Aí, falaram quase todos ao mesmo tempo. 

– O presidente renunciou! – O que? Apesar da pouca idade, sabia que o governo mal começara. Fiquei boquiaberto com notícia tão retumbante. 

– Mas por que? 

- O que houve? 

- Como foi isso? Enquanto me enchia de interrogações, vem um estalo na minha mente. Lembrei-me instantaneamente do meu pai. 

– Como ele vai reagir a isso. Fiquei muito mais preocupado com ele do que com o destino do país. O meu pai sempre foi um correligionário fiel, que beirava o fanatismo. A campanha nem bem começara, e ele já batiza o filho homenageando o futuro presidente. A disputa foi fervorosa naquele ano de 1960. Eu ia aos comícios e carreatas e ficava em êxtase, com aquele povo todo gritando em cima da carroceria do caminhão do meu pai. Quase todos com vassouras estendidas ao ar. Elas simbolizavam a moralidade, a limpeza. Iam varrer a corrupção que assolava a nação. Eu até que simpatizava com aquele broche em forma de espada que usavam na lapela e gola de camisas, símbolo da campanha do General Lott. Mas, a vassourinha era demais. Que euforia, quanta esperança e expectativa, para acabar assim, como éter jogado ao vento. Esse Jânio Quadros não podia ter feito isso com o meu pai. Fiquei triste, já pensando na tristeza que ele sentiria com tão estúpida notícia. Bola Doida não tinha a menor obrigação de ganhar do cavalo dos Germano, mas Jânio Quadros, não poderia nunca ter renunciado ao governo do Brasil. 

Que DECEPÇÃO! 

Jorge Remígio