31 dezembro, 2020


História
Custódia Pernambuco - PE

Histórico

É da tradição local, referência a indígena de uma tribo de nome desconhecido, que formariam aglomerado numa aldeia de Serra Negra, no território do atual município.

A formação do município teve início na área onde está localizado o distrito de Quitimbu. Ali chegou no século XVIII o coronel Luiz Tenório de Melo Dodô, o pioneiro, que atraindo outras pessoas viu estender-se o povoamento. Como primeiro núcleo da atual cidade de Custódia, mencionam-se a fazenda de Manoel Alves de Siqueira, que tinha a denominação de Santa Cruz.

O topônimo do município foi dado por dois padres jesuitas, que fugindo a perseguições demoram-se alguns meses no lugarejo e ergueram uma capela dedicada a São José. De comum acordo com os habitantes, prestavam, assim homenagem a Dona Custódia, uma senhora que também se instalara no local.
Gentílico: custodiense

Formação Administrativa

Distrito criado com a denominação de Custódia, pela lei municipal de 15-10-1909, ou melhor criado com sede na povoação de quitimbú e transferido para de Custódia, subordinado ao município de Alagoa de Baixo.

Elevado à categoria de vila com a denominação de Custódia, pela lei estadual nº 991, de 01-07-1909.

Em divisão administrativa do Brasil referente ao ano de 1911, o distrito de Custódia figura no município de Alagoa de Baixo.

Elevado à categoria de município com a denominação de Custódia, pela lei estadual nº 1931, de 11-12-1928, desmembrado de Alagoa de Baixo, Flores e Floresta. Sede no antigo distrito de Custódia. Constituído do distrito sede. Instalado em 01-01-1929.

Pela lei municipal nº 2, de 06-12-1928, é criado o distrito de Betânia e anexado ao município de Custódia.

Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o município é constituído de 2 distritos: Custódia e Betânia.

Pela lei estadual nº 3340, de 31-12-1958, desmembra do município de Custódia o distrito de Betânia. Elevado à categoria de município.

Pela lei municipal nº 30, de 28-05-1963, é criado o distrito de Quitimbu e anexado ao município de Custódia.

Pela lei municipal nº 31, de 28-05-1963, é criado o distrito de Maravilha e anexado ao município de Custódia.

Em divisão territorial datada de 31-XII-1963, o município é constituído de 3 distritos: Custódia, Maravilha e Quitimbu.

Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2005.

Fonte
IBGE

Reminiscências de um fim de ano - José Melo

 

REMINISCÊNCIAS DE UM FIM DE ANO
Recife, 31/12/2020
J.Melo



Neste último dia do ano, acionamos o replay da vida e revivemos todos os acontecimentos do ano que se finda. Mais que isso, voltamos aos primeiros tempos que a memória gravou, para que rememorar tudo como num filme. E nessa volta no tempo, vejo um cenário inesquecível: a Majestosa Matriz de São José, sentinela vigilante da cidade, contempla as poucas ruas do lugar; a frente, a modesta Praça, que chamávmos de Quadro, a qual se resumia a dois quadrados circundados de calçadas cimentadas, divisões da área em formas geométricas diversas, bancos sem encosto e só; a seu lado esquerdo, a pracinha, com seu Coreto, seus bancos toscos, o obelisco - que chamávamos de Pirulito, e a direita uma vista fabulosa do síitio que dava um aspecto rural àquela paisagem: altos coqueiros, mangueiras, bananeiras, goiabeiras e todos os tipos de frutas adaptadas à região. 

O quartel general da criançada da época era o Coreto. Alí, iam chegando aos poucos, até formar um bando barulhento de meninos que discutiam as regras das brincadeiras da hora: Bola de gude, mas para nós apenas “jogo de bila”; futebol jogado com uma bola de meia, o “toca”, “Mandrake”, pião, jogo de castanhas, e muitas outras opções, por vezes inventadas na hora. Os jogos geralmente eram apostados, usando-se como dinheiro cédulas feitas com maços de cigarros vazios cujos valores variavam de acordo com a marca do cigarro. Ou as próprias castanhas utilizados nas diversas modalidades de jogo de castanha. Lembro do “Encosto”, onde ganhava que jogasse uma castanha e essa ficasse mais próximo da parede. Uma outra consistia em jogar uma castanha a uma certa distância e o parceiro tentar acerta aque com outra castanha, para ficar comas duas. Outro tipo era o “Pitelo”, que consistia em tentar derrubar, jogando castanhas, uma castanha maior equilibrada sobre um montinho de areia. 

O Coreto, como disse, era o quartel general, da criançada. Uma das brincadeiras mais comuns que eram iniciadas no Coreto, era a do Mocinho e Bandido, que chamávaos de “brincar de render”. 

Mas o Coreto tinha uma função mais nobre: era reservado para os grandes momentos da vida social da pequena cidade. Ali apresentavam-se bandas de música, nas principais festas do ano, especialmente a Festa do Padroeiro São José. A retreta ocorria sempre no finalzinho da tarde e reunia muita gente para apreciar a boa música. Já em outras ocasiões, era a banda de Pífano de Zé Biá, ou os ensaios do Pastorial, cuja apresentação oficial ocorria na calçada da igreja. 

São cenas que ficaram gravadas na mente de centenas de crianças da época, alguns deles hoje rememorando tais cenas no descanso da idade. Muitos deles revoltados porque não se preservou tais cenários como eles os guardam na memória. Mas, convenhamos, o tempo passa, nós passamos, e o hoje pertence a quem o vive. O progresso tem a fama de vilão destruidor do passado, mas é ao mesmo tempo o construtor do futuro. O presente será no futuro apenas uma lembrança para os personagens do hoje. E estes lamentarão a transfiguração das paisagens, exatamente como a nossa geração o faz agora. E assim o ciclo da vida vai moldando as memórias das gerações. Devemos dar graças por termos muito de bom a lembrar. E isso nenhum progresso conseguirá apagar. Nossa memória sempre nos dará momentos de devaneios, de sonhos, de lembranças saudáveis e inesquecíveis. 

Biografia Antônio Benício de Queiroz

 Foto: acervo familiar
Contribuição Daniela Queiroz

Circulando pelas ruas de Custódia, poucas pessoas sabem que as principais obras públicas municipais passaram pelas mãos do sr. Antonio Benicio Queiroz. 

Nascido em Custódia, dia 18 de Março de 1918, era filho do casal Ozório Benicio de Queiroz e Tertulina Maria de Jesus. 

Irmão de João Benicio de Queiroz (Joãozinho Benício), Quitéria Benicio de Queiroz e Maria Benicio Siqueira e Diocleciano Benício de Queiroz (Doca). 

Ainda jovem ao lado do pai participou da construção da Matriz de São José, também pedreiro. 

Casou com Anália Bezerra Queiroz

Desse casamento tiveram 05 (cinco) filhos: Severino Bezerra Queiroz (Severino do Rádio), Maria José Bezerra Queiroz, Almir Bezerra Queiroz, Almira Bezerra Queiroz e Maria José Bezerra de Queiroz Melo

Continuou trabalhando como pedreiro, responsável, honesto e dedicado foi promovido a mestre de obras. Deixando o seu legado em suas obras, destacando-se: Unidade Mista Elizabeth Barbosa, Colégio Ernesto Queiroz, Cadeia Pública, o antigo matadouro (atual Fórum), Prefeitura e Câmara de Vereadores, além do Mercado Público, Assembléia de Deus, Ponte da Inocêncio Lima, Praça Padre Leão, Cemitério, ponte antes de Sítio dos Nunes, e a primeira residência de dois pavimentos na cidade, o prédio da Farmácia Pereira. Sempre pioneiro com seu pai. 

Trabalhou na gestão dos prefeitos: Zé Florêncio, Ernesto Queiroz, João Miro, Luizito, Djalma, Belchior, Zé Esdras e Nemias Gonçalves. 

Deixou seu legado para a população Custodiense com importantes construções. 

Foi um ótimo filho, pai, avô e irmão, querido por todos que chegaram a conviver com ele. 

Deixando uma grande riqueza honestidade para seus filhos e netos. 

Netos: Maria do Socorro Queiroz, Francisco Cavalcante de Queiroz, Aruza Cavalcante Queiroz, Airon Cavalcante, André Cavalcante de Queiroz, Valmira Queroz, Valdoilson Queiroz, Valquirio Queiroz, Vanuza Queiroz, Valdenia Queiroz, Rosangela Queiroz, Ana Maria Bezerra Queiroz, Jozelito Bezerra Queiroz (falecido). Dario José Queiroz de Melo, Davi Queiroz de Melo e Daniela Queiroz de Melo. (Gêmeos)

Bisnetos Jonatha Marcílio Queiroz Caldas, Jessica Queiroz Caldas, Thaise Queiroz Bitencourt, Daiene Melo, Driely Melo, Jefferson Rhiddan Freire, Rebeca Freire, Ana Luíza, Adarcia Cavalcante e Azafi Cavalcante. 

Tataranetos: Gabriele, Gabriel, e os demais que estão morando em outro estado.

Faleceu em 04 de Agosto de 1997, aos 79 anos de idade.

Foi homenageado com um nome de uma rua, no Bairro da Redenção. 

R. Antônio Benício de Queiroz
Custódia - PE, 56640-000


Um homem que literalmente participou das principais construções de Custódia.

30 dezembro, 2020

Amanhã tem AUTO DE NATAL

 


Amanhã às 20h, exibiremos a mais conhecida e recontada história de amor que mudou a contagem do tempo e a vida de milhares de pessoas: 

O Nascimento de Jesus Cristo, O Rei dos Reis.

Links para assistir:

https://www.facebook.com/cifrinha.fb/
https://www.facebook.com/plinio.fabricio.79


28 dezembro, 2020

Custódia vive em mim! Jussara Burgos

Texto: 
Jussara Burgos
Luziânia-GO
Dezembro/2020

Só existe uma palavra que define essa foto: HARMONIA! 

A beleza arquitetônica da praça e da matriz se completam. Em cima da casa paroquial havia um galo marcando os pontos cardeais . 

Eu fazia uma longa caminhada para  ir a escola, andava do sítio de Dona Nita até o Grupo Escolar General Joaquim Inácio e passava atrás da casa paroquial que era o meio do trajeto. Ali estava o galo apontando rumos. Eu gostava tanto de ver aquele galo que comprei um para por comieira  de minha casa. Continuo andando em busca dos saberes e um galo me mostrando caminhos para ser feliz.

Batinha querida (Auta Lins) me contou que nasci na Farmácia Pereira. Ela, Mãe Corina e uma parteira chamada Maria Bigode estavam presente. Na hora que nasci os sinos da matriz tocaram chamando os fiéis para a missa do Dia de Todos os Santos. Era um domingo primaveril, dia primeiro de novembro do ano da graça de Nosso Senhor de 1953 ás oito horas.

Nessa igreja fui batizada, fiz minha primeira comunhão, casei pela primeira vez, também minha filha foi batizada. Embora não seja católica mas não posso negar que esse templo de Deus faz parte de minha história .

Agradeço ao Pai Celestial  por  ter nascido nesse lugar que amo e agradeço minha família por ter sido e continuar sendo meu porto seguro.

Custódia vive em mim!

27 dezembro, 2020

Dia 31 tem AUTO DE NATAL no CIFRINHA.


Dia 31 de Dezembro às 20h, o CIFRINHA exibirá a mais conhecida e recontada história de amor que mudou a contagem do tempo e a vida de milhares de pessoas: 

O Nascimento de Jesus Cristo, O Rei dos Reis.

Links para assistir:
https://www.facebook.com/cifrinha.fb/
https://www.facebook.com/plinio.fabricio.79

Biografia Chico dos Correios

Foto e Biografia: Acervo Familia
Francilene Pereira
Custódia-PE
Dezembro/2020

Quem de Custódia não recorda de Chico dos Correios?

Nascido em 17 de Setembro de 1958, Francisco de Assis Chagas Pereira, filho do casal Sebastião Pereira da Silva e Maria Luiza da Silva.

Seus pais tiveram 21 filhos, onde apenas oito criaram-se, foram eles: Zezito Pereira, Reginaldo, Genedite, Rivaldo, Jeanete, Maria de Lourdes, Francisco e Socorro. O casal era servidores públicos.

Desde cedo, Chico começou a trabalhar, foi funcionário em mercearia de Dezinário Rezende (clique no nome para ler a biografia).

Estudou no Colégio Técnico Joaquim Pereira, curso de Contabilidade. Casou em 1984 com Rosilene (Lena). Desta união vieram 3 filhos: a primogênita Francilene, Kelly Jayanne e Pablo Neruda. Por sinal, o nome do filho caçula foi uma sugestão do se amigo e professor, Dr. Pedro Pereira, na época Diretor.

Tornou-se uma pessoa bastante popular na cidade pelo seu trabalho como Carteiro, na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Daí o apelido carinhoso de “Chico dos Correios”. Empresa que trabalhou durante 26 anos, até o seu último dia de vida.

Morou boa parte da juventude na rua 11 de Setembro, centro da cidade, depois que casou fixou residência no bairro Polivalente, na rua José Gorgonho da Nóbrega

Gostava muito de futebol, não escondia sua paixão pelo Santa Cruz de Recife.

Era apelidado na juventude de Carcará. Um de seu passatempo predileto era ouvir música, os cantores prediletos eram Nelson Gonçalves e Amado Batista.

Faleceu dia 04 de Janeiro de 2006. Foi homenageado com nome de rua, no bairro que residiu seus últimos dias de vida. 

26 dezembro, 2020

Sou saudosista sim - Flávia Epaminondas

Foto: Prefeitura Municipal de Custódia
Texto: Flávia Epaminondas
Custódia
Dezembro/2020

Sou saudosista sim, e gosto de ser, pois sempre achei que quem não tem passado, não tem futuro.

Ontem passando pela praça Padre Leão senti um aperto e um vazio na imenso no meu coração... 

A praça estava impecavelmente decorada, mas vazia de gente. 

Senti um aperto no peito cheio de saudades, saudades das barraquinhas vendendo beira seca com "ki-suco" em garrafas de refrigerante, do amigo Jove (Joventino) e do sorriso doce de dona Anaurelina, da barraca de Zé de Arnoud tocando Roberto Carlos e Fevers na vitrola, das canoas, do Juju de Téa, da Onda com Louro empurrando e pegando carona, de "seu" Domingos Góis vendendo balão 🎈 de gás, da missa do Galo na calçada da igreja, do re-encontro com amigos que moravam fora, dos paqueras, das paixões platônicas, dos abraços apertados e despretensiosos. 

Meu Deus como era bom...

Mas tudo passa, tudo muda e tem mesmo que mudar, para vivermos novos tempos.

Flávia Epaminondas
Publicado em sua página do Facebook


19 dezembro, 2020

Origem dos Tenórios do Sul do País - Luizinho Tenório

Foto: Acervo Familiar


Recentemente foi levantado por um colaborador deste blog um questionamento sobre qual seria a ligação de minha família com Henrique Tenório de Melo, vulto da história de Custódia, dado o lugar de destaque que o amigo Paulo Peterson tem generosamente nos dado, estreitando, assim, nossos vínculos com nossa saudosa terra natal. 

Pois bem, meu nome, Luiz Tenório de Melo, foi escolhido por minha avó paterna, em homenagem ao velho coronel Luiz Tenório de Melo (Dodô). Quando estive visitando Custódia em meados dos anos 90 conheci, somente em Quitimbú, outros seis Luiz Tenório de Melo, todos batizados com esse nome pelo mesmo motivo. 

O Coronel Luiz Tenório de Melo, Dodô, era tio de minha avó paterna Maria Tenório de Melo. Foram criados na região de Mimoso-PE, ela era prima em primeiro grau de Henrique Tenório de Melo, filho de Luiz, tendo herdado até mesmo o apelido do pai. 

Luiz Tenório de Melo fundou o Distrito de Quitimbú e juntamente com padres jesuítas fundaram Custódia, que recebeu essa denominação porque existia no lugar, que era um ponto de boiada e uma pensão, uma senhora de nome Custódia, entretanto existe uma outra versão de que tal nome se deu para homenagear os padres que estavam custodiados, porque estavam fugindo da inquisição. 

Como se pode verificar, Quitimbú é mais antigo que Custódia, tendo sido sede da Lagoa de Baixo, hoje Sertânia. 

O filho mais velho do coronel Dodô, Henrique, tinha seis irmãos, se não me falha a memória, entre homens e mulheres. Foi casado, mas não teve filhos biológicos, adotou alguns, que para ele eram mais que filhos ... assim dizia! 

Maria Tenório de Melo, minha avó, conforme citei acima, casou-se com Gabriel Ferreira Arcanjo. Deste matrimônio nasceram nove filhos, sendo cinco mulheres e quatro homens. As mulheres são: Maria Tenório Veras (apelidada de Mocinha, apelido que a acompanhou até sua morte em avançada idade!); Solidade Ferreira Cirilo; Rita Tenório da Silva, Antonia Tenório da Silva, já falecida; e Francisca Tenório de Melo, que vive em Afogados da Ingazeira. Os homens são: José Tenório de Melo, foi delegado de polícia em Custódia na década de 40 e comerciante próspero de secos e molhados em Novo Cravinho-SP, distrito de Pompéia, onde faleceu; Antonio Tenório Sobrinho, foi vereador em Custódia na década de 40 e comerciante em Quitimbú, Rosalia-SP e em Cassilândia, sempre no ramo de secos e molhados, assinava sobrinho em homenagem a um tio do mesmo nome; Sebastião Tenório de Melo, falecido em Rondonópolis-MT, onde morava; e Joaquim Tenório Sobrinho, que também assinava sobrinho em homenagem a um tio. 

Deter-me-ei com maior acuidade ao último rebento por uma questão óbvia, trata-se de meu saudoso pai. Joaquim foi o primeiro da família a migrar para o sul, embora nunca tivesse deixado de proclamar sua paixão por sua terra. A circunstância, porém, assim o exigia, não chovia naquela região há algum tempo e desta forma tornou-se ele mais um retirante da seca. Foi vaqueiro, agricultor, comprador e vendedor de caprino e suíno, além de marchante (açougueiro) em Quitimbú; trabalhou em lavouras da região de Novo Cravinho, distrito de Pompéia-SP e no município de Marília. Mudou-se para Mato Grosso uno no ano de 1955, seu destino desde que saiu de sua terra natal, o que não aconteceu no primeiro momento porque o dinheiro findou-se por completo em São Paulo-capital, tendo sido obrigado a procurar na Estação da Luz o serviço de migração e de lá, acompanhado da esposa grávida e dos filhos Luizinho e Marizalve, tomar outro rumo e não o que projetara inicialmente. 

Chegou a Cassilândia tempos depois, no dia 12 de abril de 1955. Sua família havia proliferado (coisas do sangue nordestino) haviam nascido mais três filhos: Lourdes, Cícera e Francisco de Assis, nascidos no interior do Estado de São Paulo. Deu uma volta na cidade, quando pode verificar não existir nenhuma carroça para fazer frete, sem pensar muito voltou ao interior de São Paulo, mais precisamente na cidade de Rubiácea, adquiriu uma com animal e tralha e rumou de volta a Cassilândia. Lá se foram 10 dias de viagem, dormindo ora embaixo da carroça ora em galpões ou paióis de fazendas. 

Assim que retornou, iniciou o trabalho duro juntamente com seu filho mais velho, Luizinho; poucos dias depois estava de volta a Rubiácea para comprar outra carroça, o que foi feito sucessivamente durante 18 meses, período em que comercializou algo em torno de 40 destes veículos, tendo adquirido recurso suficiente para comprar um sítio, loteá-lo e homenagear seu estado de origem dando o nome do novo bairro de VILA PERNAMBUCO - o maior da cidade. Comprou fazendas, chácaras, sítios, gado, jipes, caminhonetes, caminhões e até aviões. Também foi o primeiro corretor de fazendas de Cassilândia. 

Foi vítima de um acidente de avião quase fatal, no dia 02 de julho de 1968, no aeroporto de Ribeirão Preto-SP. Inexplicavelmente a aeronave caiu logo após decolar. Passou meses na UTI, teve seu rosto completamente deformado, o que não pôde ser corrigido a contento por cirurgias plásticas, dada a gravidade do acidente. Ainda assim não se deixou abater, dado seu carisma e coração devotado ao bem de seu próximo, tornou-se político por imposição do povo. 

É, até hoje em dia, proporcionalmente o vereador mais votado da história de Cassilândia, obteve 35% dos votos válidos em sua primeira eleição. Para que tal votação seja superada, hoje, são necessários algo em torno de 4.500 votos! Foi Presidente da Câmara Municipal, uma vez vice-prefeito e duas vezes prefeito. 

Maria Tenório de Melo, minha avó, a prima de Dodô, faleceu aos 77 anos, no dia 15 de abril de 1962, em Volta Redonda-RJ, vítima de um acidente, quando retornava ao estado de Pernambuco, depois de uma visita aos filhos em São Paulo e Mato Grosso, respectivamente. Ela pretendia fazer uma visita ao seu primo Tenório Cavalcante, o lendário “Homem da Capa Preta”, em Duque de Caxias, para onde seguia antes de voltar para sua terra, vez que na adolescência residira por aproximadamente 4 anos na pequena propriedade rural de seu tio, pai de Tenório, de quem a mesma cuidou. 

Acalentava o sonho de conhecer um avião, achava, conforme ela mesma dizia: interessante ver aquelas máquinas voando como pássaros. Seu filho, Joaquim, sabendo disso a esperou em Jales-SP, no final de 1961, com um avião de sua propriedade. Lembro-me, como se fosse hoje, de lhe perguntar se havia gostado da viagem, ela respondeu que adorara, mas que havia ficado mouca (surda). Este foi o primeiro e único reencontro de Maria Tenório com Joaquim e sua família, dado o desfecho no Rio de Janeiro. 

Os contatos anteriores a esse reencontro eram apenas por correspondência, via cartas, que demoravam de 30 a 60 dias para chegarem ao seu destino. O sistema de telefonia (interurbano) praticamente não existia, quando muito se falava de uma capital para outra ou de uma cidade grande para outra também grande, com demora nunca inferior a 10 horas. 

O interurbano chegou a Cassilândia somente nos idos de 1976, com Pernambuco na prefeitura, quando fez questão que o então Pároco da cidade, Pe. Jhon Pace, fizesse a primeira ligação internacional para um parente residente em Washington, capital dos EUA. Na sequência, ele próprio ligou para o último governador de Mato Grosso uno, o sergipano José Garcia Neto, em Cuiabá. 

Dois dos filhos de Joaquim Pernambuco enveredaram na política, eu, Luizinho Tenório, em Mato Grosso do Sul; e o caçula, Francisco de Assis Tenório, no Mato Grosso. As filhas são educadoras e também moram em Cassilândia. Concomitantemente a política, fui Fiscal de Rendas até me aposentar e hoje, enquanto economista, presto consultoria a diversas empresas, câmaras e prefeituras. Assis é empresário do setor madeireiro com atividades em diversos Estados do país. 

Espero ter sido o mais esclarecedor possível, é muito bom, mesmo que a distância, sentir-me com um pé em minha terra, em meu berço! Aos conterrâneos custodienses um abraço fraterno do sempre sertanejo.

Luizinho Tenório 

Prêmio Melhores do Ano 2020 de Custódia

 

Confira como foi a cerimônia do Prêmio Melhores do Ano 2020 de Custódia, organizado pela Realiza.

Acompanhe o Instagram da Realiza:
https://www.instagram.com/melhoresdoanocustodia


15 dezembro, 2020

Um pouco sobre Edmar Sales




Um pouco sobre Edmar Sales:

Sales é pintor paisagista, pernambucano, sua arte é interpretada como impressionista, alternando o abstrato e concreto em vários temas. Mais de vinte anos de experiência profissional, com algumas exposições realizadas no Brasil e no exterior. Sua obra é interpretada com grande sensibilidade e maturidade: as paisagens tipicamente brasileiras, natureza morta, retratos, interiores e outros temas, trazendo o valor merecido a cada motivo, com qualidade em todos os detalhes, na combinação da luz e das sombras, nas cores e nos contrastes. É também, desenhista, ilustrador, artesão e músico.

Estudante do IFPB - (Instituto Federal de Educação,Ciências e Tecnologia do estado da Paraíba), cursando Edificações - (Projetos Arquitetônicos, Extruturais e Complementares).

Contato:


Telefones: (87) 3848-1780 e 8807-2566

14 dezembro, 2020

Banda da Escola General Joaquim Inácio é Campeã em Afogados da Ingazeira


Foi encerrado ontem a XII COPA PERNAMBUCANA DE BANDAS E FANFARRAS, 6ª Etapa na cidade de Afogados da Ingazeira. 

Na categoria Percussão Rudimental, a Campeã foi a banda da Escola Estadual General Joaquim Inácio de Custódia. A condução da banda ficou a cargo do  Maestro Antônio Galdino.

Mais fotos




(Clique na foto para ampliar)



 

13 dezembro, 2020

Retórica Sentimental - Fernando José (Atualizado)

 

Capa do Livro
Gandavos - Últimas Histórias

Texto: Fernando José
Custódia-PE
Dezembro/2020

                                         Retórica sentimental

 

Corria o ano da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1974 quando da origem de Os Gândavos, que se deu no final do referido ano com a peça  “Loucuras em um São João”. Uma obra adaptada pelos alunos da 4ª série do Ginásio Municipal Padre Leão, tendo como finalidade coroar com êxito o término do curso ginasial. Conclusão obtida com muito esforço, pois, naquela época, ensino era coisa séria. Essa peça veio do cordel Coco verde e melancia, que sofreu sérias modificações feitas por nós. Cada um dava uma ideia, transmudando-a em uma nova engraçada comédia. A peça foi um retumbante sucesso, leve-se em conta que na época inexistia em Custódia a máquina de fazer doido ( televisão) e muito menos os “whatsapps” da vida.

Naquele tempo os meios de comunicação eram limitados, entretenimento mais ainda. Qualquer atração artística fazia enorme sucesso (circo, cinema de 16 mm de Zé das Máquinas, shows de auditório de Zé Melo no C.L.R.C). Tudo isso atraía muitos expectadores.

Insuflados por esse êxito momentâneo, resolvemos dar continuidade à atividade teatral. Aí surgindo como por acaso e de formação espontânea Os gândavos, termo descoberto por Domingos em uma de suas muitas viagens psicodélicas pelas páginas do “pai dos burros”, como se dizia na época (o dicionário).  As pequenas letras do dicionário fizeram Domingos ler gângavos em vez de gândavos, na realidade gandavos. Posteriormente prevaleceu a palavra gândavos por sua eufonia em relação ao hino do grupo teatral, como acertadamente relata Celêdian em seu texto.

No lusco-fusco de um fim de tarde, inspirado pelo ocaso, Domingos compôs, em parceria com Tonho Remígio, o hino de Os gândavos, cantado antes das apresentações por todo elenco do grupo teatral. Em seguida, o pano se abria e começava o primeiro ato.

Entre os muitos talentos que compunham a trupe, o que mais admirava era Domingos, por sua  capacidade criativa e de improvisação, como se tivesse vivido uma formação circense. Fraco nos ensaios e um gigante nas apresentações (que Deus o tenha!). Lembro-me de um fato surreal na cidade de Iguaraci: teatro completamente lotado, o ator principal tem um coma alcoólico devido a um pileque homérico, chega carregado nos braços dos colegas minutos antes da apresentação causando pânico geral em todos. Domingos salvou a situação substituindo-o em atos divinos de improviso (até hoje não sei onde ele foi buscar tanta criatividade). Com essa façanha cai o pano.

Fim do primeiro ato.

Tudo começou como uma simples brincadeira. Fazíamos mais para nosso deleite. Tínhamos como referência primeira o teatro dos circos mambembes que em suas peregrinações, quase messiânicas, percorriam vilas, povoados, aldeias e pequenas cidades deixando uma forte impressão de suas apresentações. Mesmo depois de ir  embora, os bordões usados pelos palhaços no coroamento das piadas eram repetidos pela população, como hoje se repetem os bordões deixados pelas novelas.

            Os pequenos circos que povoavam nosso imaginário dividiam o espetáculo em duas partes: palco e picadeiro. Começava no picadeiro com apresentação de equilibristas, malabaristas, contorcionistas, rumbeiras, mágicos, números de trapézio (sem rede de proteção!), palhaços engraçados que destilavam piadas picantes fazendo enrubescer o mais sisudo expectador. A máxima conhecida era: quanto menor o circo, mais “escrotos” eram os palhaços.

A segunda parte era uma peça teatral. Geralmente comédias escrachadas ou românticos dramalhões. As comédias humorísticas protagonizadas pelo palhaço principal tinham começo, mas às vezes não tinham fim. Então eles usavam um artifício bem conhecido da plateia que era terminar a peça com fogo. Consistia num artista correr atrás dos atores com um archote aceso. Todos saíam em debandada  enquanto o pano caía.

Existiam números que se repetiam em quase todas as trupes que chegavam. O “piano” era um caso clássico. Quando começava o quadro, a plateia, pressentindo o que vinha, gritava em uníssono: “o piano, o piano, o piano” e eles às vezes pegos de surpresa, embaralhados, encaixavam um novo tema em cima. Algumas companhias sem essa habilidade simplesmente concluíam o quadro do piano, que era engraçado, porém muito repetido.

Pressentíamos o final da temporada quando era anunciada a peça “O casamento do palhaço”. Sabíamos que logo, logo  o circo ia embora.

Anos depois, conversando com o palhaço Chumbrega, indaguei sobre a repetição dos números em todos os circos. Disse ele: “Os números são iguais, a diferença é a fascinante habilidade de cada palhaço.”

A arte primária, bem representada pelo circo do palhaço  Pinicolino, foi uma grande síntese dessa atmosfera mágica que não  existe mais. Essa foi uma das nossas inspirações.

Apesar de ter nascido de forma ingênua e espontânea, Os gândavos  posteriormente foi influenciado pelo grupo teatral "Disparada" da vizinha cidade de Sertânia ( um grupo mais cabeça, formado por jovens idealistas universitários). Além do teatro, do qual meus dois primos fizeram parte, o "Disparada" possuía um jornal próprio, crítico e irônico, nos moldes de "O pasquim". Afinal, era época da ditadura.

Os alunos da quarta série ginasial constituíam o grupo central da formação original de Os gândavos. Além de alunos de outras séries e de professores como Jussara, que fez parte da direção e do núcleo criativo do grupo, que eu lembre, faziam parte meus primos - os irmãos Tonho e Jorge - Paulo de Zezinho Batista, Jéfferson, Gílson Pereira, Pedro de Dona Pura, Carlos A. Lopes, Janete, Fátima, Soneide, Evanúzia, figurantes das demais séries e outros dos quais não me vêm à memória.

Após mais de  quatro décadas, para meu espanto, quem sabe o destino proporcionou um inusitado encontro: nós que fizemos parte do grupo original! Esse momento parece mágico, tão emocionante quanto estar em atuação num palco iluminado. Além das pessoas do grupo original (tão distantes), autores desse imenso país (distante também) se unem sob o nome Gândavos num encontro para mim antes impensável.

Lembro-me de uma apresentação no colégio de Dr. Pedro. Que belas recordações!

Enquanto a peça rolava, tinha-se o fundo musical Rosamunde” de Franz Schubert que dava um ar de atemporalidade ao momento. Em seguida vieram outras peças: Rua do lixo, 24, de Vital Santos; Morre um gato na China ou Uma janela para o céu (Pedro Bloch) e outras que adaptamos de esquetes e de outras obras, dentre as quais, o drama familiar que começava com a frase de Leon Tolstoi “Todas as famílias felizes se parecem entre si, as infelizes são infelizes cada uma a sua maneira” cujo título não consigo lembrar, pois parte dessas recordações se perdeu nas noites do tempo, nos recônditos mais sombrios das sinapses cerebrais. Porém algo ficou para sempre. Uma lembrança doce daqueles tempos ingênuos que jamais poderei esquecer.

Enquanto o pano cai.

            Fim do último ato.



(*) Texto já publicado anteriormente, devido a várias modificações, o autor resolveu como forma de divulgação do livro, apresentar a última versão publicada Gandavos - Últimas Histórias.

Para conhecer mais sobre Gandavos, acessar seu blog: Blog Gandavos.

A barraca de Zé de Arnô (anos 70)


Paródia 1 : À la recherche du temps perdu

Cena 1: A barraca de Zé de Arnô (anos 70)

Menino lá das bandas do Umbuzeiro, perto do Soares se não me engano. Depois de ter “sido dado pra criar” retornava da roça para a rua.

A primeira morada foi ali na Rua do Rio, perto do prédio da rádio comandada por “ZÉ MELO” e do Centro Lítero Recreativo de Custódia “CLRC” na Rua da Várzea. Mas isso foi antes da mudança para a Fraga Rocha ali nas cercanias da bodega de “SEU NEZINHO” e mercearia de “CHICO”, homem de baixa estatura, mas gigante de coração.

Nessa época o politicamente incorreto reinava às escâncaras sem, no entanto, trazer consigo a marca da crueldade própria do atual bullying na linguagem estrangeirada. 

Apenas uma limitação vocabular dos habitantes para definir de forma literal o que a vista alcançava.

Era o primeiro Natal já de menino que ainda não vestia calça, porque isso só pra gente grande. Mas mesmo assim, ganhou de presente um sapato cavalo de aço e uma calça boca de sino acompanhado com uma faixa para colocar à cabeça com as cores americanas “do norte”, of course, pois era o auge de influência estadunindense sobre um regime que hoje insistem dizer que não foi ditadura. Mas para uma criança isso em nada desbotava o novo mundo que descobria, pois vivia longe dos efeitos dessas pantominas políticas. Acho até que a maior parte dos adultos. Por medo claro.

O que mais encantou àquela criança naquele natal foi o movimento instalado na praça principal, coalhada de pés de algaroba e banco de cimento rodeados de canteiros sem flores ou vegetação. Terra batida mesmo e uma calçada que se usava para “arrodear” à noite depois da missa e os mais velhos paquerar muito.

Tergiverso. É o período de Natal que importa.

Movimento parecido com praça de alimentação de shopping, agora eu vejo, com as barracas para os homens da cidade poderem ouvir música e encherem a cara durante o dia e à noite, sob a eterna vigilância de um “SABAZINHO” que àquela altura era uma referência dos jovens enquanto para ele, criança, era um mimoso quadrado menos um bar e tornado uma mercearia sob a administração do maior intérprete de Nelson Gonçalves da cidade: João Amaral.

E sob essa a eterna vigilância do “SABAZINHO”, não havia barraca melhor para ouvir as músicas de sucesso da época do que a de “ZÉ DE ARNÔ” (assim mesmo ARNÔ e não ARNOUD, sem afrancesamento, porque quem vencia a guerra cultural de então era a gloriosa américa do norte e sua aliança para o progresso. Apesar que desconfio que o ARNÔ fosse uma corruptela de ARNÓBIO).

Ah que dias eternos aqueles!!!!!. Menino curioso a olhar os jovens e homens inteligentes de Custódia sentados na barraca de “ZÉ DE ARNÔ” a se empanturrar de cachaça e cerveja, esperando o tempo passar para depois das festas poderem voltar a beber no “PONTO CERTO”, outro bar memorável sob a gestão de “DETA”. 

Mas isso só tinha graça depois de passado o Natal, porque naquela semana o reinado absoluto era de “ZÉ DE ARNÔ”.

Por Um Custodiense....

 

12 dezembro, 2020

Governador Manoel Borba em Custódia (1917)


Na edição do dia 04 de Janeiro de 1917 do jornal Diário de Pernambuco, trazia a seguinte manchete:

"A Excursão do governador a Triunfo. O regresso. As impressões de sua excelência". 

De regresso de sua excursão a Triunfo, onde fora inaugurar a estrada carroçável recentemente construída entre Rio Branco, ponto terminal da estrada central e aquela importante cidade sertaneja, chegou ontem ao Recife o sr. dr. Manoel Borba, governador do Estado, em companhia das pessoas que até ali o acompanharam.

Daqui haviam partido no dia 28, em trem especial até Rio Branco. No dia 29, conforme noticiamos telegraficamente, s. exe. dirigiu-se a Buíque, tendo feito à cavalo o trecho do percurso ainda não servido pela estrada federal em construção. Acompanharam-no até ali e no regresso, que se fez no mesmo dia, 153 cavalheiros, proprietários e fazendeiros residentes naquela zona.

Partiram de Rio Branco (Arcoverde), em automóvel, s. exe. e a comitiva, pela nova estrada, com estações em Custódia, a 82 quilômetros, a Flores, a 134 quilômetros. Ai pernoitaram.

No dia imediato partiram para Triunfo, galgando a Serra da Baixa Verde, num percurso de 24 quilômetros. 

Sobre Custódia falou "“Em Custódia não encontrei escola estadual. Vou providenciar quanto esta falta."

Link da matéria: Clique Aqui

A passagem de Agamenon Magalhães por Custódia (1940)

Fonte:
Biblioteca Nacional Digital
Fundação Biblioteca Nacional


Em 03 de Agosto de 1940, o Jornal Pequeno(jornal de grande circulação no Recife, Pernambuco, nascido no final do século XIX e de grande circulação durante a primeira metade do século XX.), divulgou em suas páginas, a visita do Interventor Federal Agamenon Magalhães ao Sertão do Estado. 

Viajaram em sua companhia, dos Secretários de Viação, Obras Públicas e Agricultura. Motivo dessa visitas as principais cidade do sertão do Estado foi, inspecionar melhoramentos de vultos e inaugurações. 

Primeira parada foi em Pesqueira, onde foi 
recebido pelo industrial Manoel Britto & Cia e autoridades locais. Depois seguiram para Rio Branco (Arcoverde) onde fizeram inspeção de algumas construções. Pernoitou na Fazenda de criação do Estado, naquele município. 

Após inspecionar as instalações da Fazenda de Criação pela manhã do dia seguinte, foi para Custódia, onde almoçou com Dr. Aurelio Limeira, na Fazenda São Gonçalo, localidade que tinha fábrica de caroá. À convite do proprietário da localidade, pernoitou nesta propriedade.

Encerrando o giro pelo sertão do Estado. No outro dia foi a Serra Talhada, sua cidade natal.  Cidade que não visitava a bastante tempo, seus conterrâneos prepararam um festa para sua chegada. 

Depois das comemorações, e homenagens por parte da classe conservadora local, inaugurou Usina de Beneficiamento de Algodão, Seção de Fomento Agrícola Federal. A Usina levou o nome do Ministro da Agricultura. Ainda foi inaugurada a Escola Braz Magalhães na zona rural daquela cidade. 

09 dezembro, 2020

[Jornal do Comércio] Aos heróis da Polícia Militar

 

Publicado no Jornal do Comércio em 05 de Maio de 2008, 
escrito por Jorge Luiz de Moura.


No km 345, da BR-232, entre Custódia e o Sítio dos Nunes, existe um monumento branco, com a seguinte placa: “Homenagem da Polícia Militar de Pernambuco à memória dos seus heróis que, em 14/02/1926, aqui tombaram no cumprimento do dever, combatendo a Coluna Prestes”.

Mas, que combate foi aquele ocorrido há mais de 81 anos?

O combate em si, foi uma grande armadilha urdida pelos oficiais da Coluna Miguel Costa-Prestes, seu nome correto, tenentes-coronéis Djalma Dutra e João Alberto. (Livros: A coluna prestes, de Neill Macaulay, página 205, e o Cavaleiro da esperança, de Jorge Amado, página 149). Assim, os rebeldes dessa Coluna (que estavam na área esperando uma ligação com o tenente Cleto Campelo, que acabou falecendo em Gravatá), haviam interceptado nos fios do telégrafo, uma mensagem sobre o deslocamento de Custódia para Vila Bela (Serra Talhada) de uma tropa da Força Pública de Pernambuco, de 137 homens, transportada em cinco caminhões dos efetivos dos 1º, 2º, 3º Batalhões, Regimento da Cavalaria e Companhia de Bombeiros, (Boletim Geral da Força Pública, de 12 de fevereiro de 1926), sob o comando do coronel João Nunes, comandante Geral. No terceiro caminhão, vinham o tenente da PM José Coutinho da Costa Pereira, no quinto, o tenente da PM Olímpio Augusto de Oliveira e o capitão Luiz Sabino de Azevedo e, na retaguarda, o comandante João Nunes, em automóvel.

Na localidade Umburanas ou Imburanas, os rebeldes arquitetam uma emboscada, colocando na estrada um chapéu de tipo engenheiro, de cortiça, como isca! Por volta das 9h de 14/02/1926, (domingo de Carnaval), um soldado mandou parar o veículo para apanhá-lo. Em seguida, todo o comboio parou. O coronel João Nunes, vinha à retaguarda, em companhia, do seu secretário, tenente Sidrak de Oliveira Correia e outros oficiais. Imediatamente, dos serrotes laterais, surgiram os fogos cruzados das metralhadoras inimigas, ceifando a vida de inúmeros soldados.

Após seis horas de combate, o coronel João Nunes, ao escurecer, conseguiu romper o cerco dos rebeldes, (em número quase cinco vezes superior, e entocados) rumo à Custódia, perdendo quatro dos cinco caminhões, que foram queimados. No dia seguinte, em Custódia, a tropa, reorganizou-se e partiu ao encalce da força rebelde (História da PMPE – major da PM Roberto Monteiro, página 78, e revista APMP 1985 – página 10). A munição que se achava no quinto caminhão, que regressou a Custódia com o capitão Luiz Sabino de Azevedo, não foi perdida (Jornal A Província, de 27/02/1926, e Diário de Pernambuco de 27/02/1926).

De acordo com o Boletim Geral da Força Pública, de 12 de março de 1926, morreram oito soldados: Isídio José de Oliveira, (2º Batalhão), Castor Pereira da Costa, Ercias Petronillo Fonseca e Manoel Bernardino Fonseca (Regimento de Cavalaria), José Sebastião Bezerra, Pedro Cosme Alexandrino, Antônio Cassemiro Ferreira e Luiz José Lima Mendes, (Companhia de Bombeiros). (Livro: Epopéia de bravos guerreiros – Jorge Luiz de Moura e Carlos Bezerra Cavalcanti). Os feridos foram três soldados, Amaro do Espírito Santo e Benevenuto Cardoso Silva, (do 2º Batalhão) e Severino Lino dos Santos, (do Regimento de Cavalaria). No mencionado Boletim, o comandante João Nunes enaltece suas bravuras e sacrifícios no campo de luta, em defesa da legalidade.

Aqueles soldados foram sepultados no local, numa cova única, à beira da estrada, de acordo com o major da PM João Rodrigues da Silva, em artigo publicado na Revista Guararapes, em janeiro de 1950, – Os mortos do Riacho do Mulungu, onde assinala que pela voz do povo, o número de mortos se eleva a mais de 40 praças. Esse monumento foi construído durante o Comando Geral do Coronel Manoel Expedito Sampaio, em 1961 (Informação do coronel Cícero Laurindo de Sá).

Na fria placa de mármore, ficou o registro da reação daqueles heróis, que precisam ser lembrados e nominados todos os anos, àquele 14 de fevereiro de 1926, pois, transpuseram os umbrais da glória e precisam ser inseridos nos anais da grande história da PM e de Pernambuco.


» Jorge Luiz de Moura é coronel e ex-comandante-geral da PMPE.

Matéria enviada por José Soares de Melo 

FOTOS DO LOCAL