31 dezembro, 2021

Desenho Digital - Designer Gráfico (Plínio Fabrício)


trabalho finalizado

Acompanhe o processo de criação de um desenho digital, realizado pelo artista/compositor Plínio Fabrício, com um dos maiores nomes da música custodiense: Zé Caboclo.



Processo de criação

Um Coronel sem patente - Ernesto Queiroz Júnior


Um dos livros mais antigos com a história de Custódia, de autoria de Ernesto Queiroz Júnior, mais conhecido como "Ernestinho", filho do ex-prefeito de mesmo nome. Um Coronel sem patente está atualmente fora de catalogo.

Trata-se de um registro histórico de Custódia, com bastante detalhes das gestões do Prefeito Ernesto Queiroz. O autor apresenta ainda um panorama político, social e cultural de Custódia dos anos 40 até o falecimento do seu pai.

Traços e Retraços - Família Pereira por José Carneiro

Acima: Zé Neto, Maria Eunice, José Burgos, Noêmia, Maria Lenilda, 
Pedro Pereira, Joany e Luizito (filhos, genros e noras)

Ao centro: Corina e Joaquim 

Agachados: Hiran, Marcelo, Flávia, Zé Venâncio, Valáeria, 
Luiz Claúdio, Luciano e Arnaldo. (Netos)


Joaquim Pereira, casado com Corina Pereira, proprietário da Farmácia Pereira, uma das maiores farmácias do interior do estado. Fundada em 15 de Julho de 1937. Falastrão, embora com uma certa dificuldade de expressão, por ser um pouco gago, era um tanto exibido, falando de literatura e, curiosamente, de mitologia grega, chegando ao ponto de fazer citações em latim.

Inteligente e empreendedor. Um bom farmacêutico. Único maçom da cidade e apaixonado pela maçonaria, e, de esquadro e compasso à mão, traçava as linhas ditadas pelo grande arquiteto do universo, com justiça e perfeição. 

Sérios filhos os seus: José Neto, Noêmia, Joany (minha bela namorada na juventude) e Pedro Pereira.

Joanita Leite Duarte de Mello

Clique na imagem para visualizar maior

Amigos e família, esta é parte da trajetória linda da minha saudosa e inesquecível irmã. Por onde andou deixou simplicidade, honestidade e amor por Deus e por todos. Ela será eterna em nossos corações. Só esqueceram de relatar um lugar que ela amou trabalhar, o cartório de Custódia, onde se realizava muito.

Joanita Leite Duarte de Mello - Ex-Presidente da Câmara de Vereadores de Arraial do Cabo entre 1991 a 15/11/1992

Por Josamira Duarte

30 dezembro, 2021

Livro Caminhos do Afeto - Sevy de Oliveira




Em Caminhos do Afeto, a custodiense Sevy de Oliveira, narra de forma carinhosa a fase infanto-juvenil de sua vida em Custódia, do carinho por seus amigos, das festas e personagens da época, citados com todos os detalhes. Cita também sua passagem por Samambaia, onde foi designada interinamente para substituir uma professora por tempo indeterminado na Vila de Betânia. Leitura obrigatória para todos os custodienses.

Edições Bagaço
Rua dos Arcos, 150 – Poço da Panela
CEP: 52061-180
Recife-PE
Tel: (81) 3441-0133 / 3441-0134

Padre Leão Pedro Verzeri



Padre Leão Pedro Verzeri, italiano, deixou na sua passagem, a construção da matriz de São José. A abóbada arqueada do seu altar-mor, onde fica o nicho de São José, decorada com anjos e flores em alto-relevo, empresta um estilo gótico àquela construção do século XX. Numa de suas paredes, ele colocou um botijão de barro com a assinatura dos custodienses que colaboraram ativamente nessa construção.




A sua residência, é outro belo exemplo de arquitetura, é uma das residências mais antigas da cidade, hoje moradia de Zezita Queiroz.


(*)Texto retirado do livro Caminhos do Afeto, de Sevy de Oliveira, pag.75, Autoridades Civis e Religiosas.



O Homem do Sertão - autor Joaquim Belo



Andando pelo nosso Sertão de Pernambuco e Bahia via o sofrimento do nosso povo com a seca e escrevi esse texto.



O Homem do Sertão.
(Joaquim Belo)

Quando Deus criou o homem
Para viver no sertão,
Mudou a essência da fórmula
Da primeira criação...
Não usou o barro mole
Com o qual moldou Adão
Fez de quartzo, feldspato e mica,
Extrato da rocha, granito
Para suportar o sol, a seca e o atrito...

Para sobreviver na região
Não basta oração e fé
Tem que ter o couro feito de jacaré
Agilidade felina, astúcia de leão,
Saber esquivar do perigo igual a camaleão.
Aprender a conviver com a morte,
Ás vezes, até invejar a sorte,
Daquele que já morreu...
Onde havia os campos verdes
No grande sertão de outrora,
Aurora do mais belo amanhecer,
Que descia planalto ao pé de serra...
E do baixio ao chapadão...
Hoje, nada mais é do que,
Um raio xis daquele chão...
restos de mata queimada,
Rastos que a chuva nunca apagou...
Fumaças negras que saem do chão,
Das cinzas carbonizadas,
Nas caieiras de carvão. 
São léguas e léguas 
de areias salinizadas,
Nascente de riachos que já não brotam,
Grota, vala, maçaroca e erosão...

Realidade dura que a natureza chora,
Morte prematura da fauna e da flora...
Mais um deserto em formação...
Uma tristeza emana das faces nordestinas...
Saudade do arvorar dos pássaros nas campinas...
A certeza das mortes que se espalham no chão...
Com os voos rasantes das aves de rapinas. 
Restos de seres se cruzam a todo instante
Seres de rostos e vozes dissonantes...
Que alguns chamam de peregrinos,
Outros de retirantes...
Ambulantes anônimos, sem nomes.
Sem sorte, sem rumo, sem norte...
Aqui, o nome que se conhece é da fome,
E o rumo que se conhece é da morte.
Era a chuva que fazia do sertão o paraíso.
Pois, do pouco que se colhia...
Se sustentava a família
E ainda sobrava dinheiro...
Para pagar o aluguel
Das terras dos fazendeiros...
Mas quando falta o inverno,
O sertão vira o inferno,
Que Dante não escreveu...

Rondonópolis/MT, 20/01/2013.

_______________________________________________________________________
Apoio Cultural



29 dezembro, 2021

Culto da Virada ao vivo - Igreja Betel Brasileiro Custódia

 


Nesta sexta, a partir das 22h00, será o nosso Culto da Virada!

Iniciaremos o ano de 2022 na casa do Senhor.

Você está convidado para vivenciar esse momento conosco.

🔸️Endereço: Avenida Inocêncio Lima, Centro, N° 622 (Ao lado da Dixe Q' Dixe)

Noêmia sinônimo de generosidade




Hoje seria seu aniversário,  pena que a senhora não esteja aqui conosco para comemorarmos este dia.

A lembrança do seu sorriso permanecerá em nossos corações, sempre a nos lembrar do quanto a senhora foi e é importante para todos nós.

A senhora significou muito para quem teve oportunidade de conviver de perto.

Seus  ensinamentos de servir ao próximo, dividir o pão, fazer o bem, acolher,  agregar, valorizar a família e  amar a vida,  são exemplos a ser seguidos.

Muito obrigada pelo exemplo de força,  de fé e de alegria (mesmo muitas passando por momentos turbulentos) que a senhora nos deu.

E hoje no dia de celebrar sua vida, só nos resta pedir a Deus luz e paz ao seu espírito.

Um beijo tia

Flávia Epaminondas
Custódia-PE
Dezembro/2021





 

História de uma mesa - Autor Jussara Burgos


Texto e Foto:

Jussara Burgos
Luziânia-GO
Dezembro/2021



Tive a honra e o privilégio de ter sido criada por minha tia-avó paterna, Anna Pereira de Sá, a dona Nita, esposa de Antônio Remígio da Silva. Eles tiveram cinco filhos: José, Maria Eunice, Claudionor, Maria Dulce e Murilo.

O senhor Antônio Remígio e dona Nita eram proprietários do sítio na Rua da Várzea. Depois da morte de Antônio, ficou conhecido como o Sítio de Dona Nita.

Antônio tinha problemas cardíacos. Sua filha Maria Eunice contava que seu pai, em sua fase terminal, se sentava debaixo de um juazeiro e comandava seus filhos na construção da casa que serviria de abrigo para sua família e para mim. Ele também fez uma bela mesa de madeira, de pés torneados. Essa mesa posteriormente ficou sob os cuidados de minha mãe, Noêmia Pereira Burgos, que repetia várias vezes: "A mesa de dona Nita é de Jussara!"

Fiquei anos a fio querendo trazê-la para minha casa, aqui em Goiás. Pedi auxílio às pessoas e contratei os serviços de um caminhoneiro que faz mudanças para o Nordeste, sem sucesso. Mas sabe aquele axioma que diz: "Quando você quer muito uma coisa, o Universo conspira a seu favor"? Pois é verdade...

Recebi a visita do meu ilustre primo Hugo Gonçalves. Enquanto tomávamos um café, despretensiosamente falei-lhe da mesa, e ele prontamente se ofereceu para me auxiliar, lembrando que, por coincidência, iria mandar caminhões para buscar tomate aqui próximo de onde moro.

E assim a mesa finalmente chegou às minhas mãos. Sou grata a Hugo, a meu sobrinho Rodrigo Burgos, que a embalou cuidadosamente, e ao amigo Wendell, que a trouxe sã e salva numa viagem de mais de dois mil quilômetros. Aqui chegando, a mesa centenária foi restaurada, e está em lugar de destaque na sala da minha casa.

"Glória a Deus nas alturas e paz na Terra aos homens de boa vontade"!

Ganhei o melhor presente do meu primeiro Natal sem minha querida mãe. Nessa mesa ela colocava seu oratório e fazia suas orações. Digo que nas suas gavetas estão guardadas todas as preces que ela fez. Por esse motivo, neste Natal coloquei parte da nossa ceia nessa mesa, para o alimento ser abençoado. E assim será nos próximos Natais. Não faltou nem mesmo uma toalha natalina com bico de crochê feito por ela — fui agraciada com esse presente.

Já não desfruto da presença física de minha mãe, mas ela estará sempre presente em meu coração e será lembrada com carinho, com respeito, com eterna gratidão.

Oferecimento:


Coluna "Baú do Zé Melo"


Ele é um dos mais lidos colaboradores do blog Custódia Terra Querida, seus textos são sempre elogiados, pela qualidade, pelos detalhes e pelo rico conhecimento à cerca de episódios vividos pelo redator em sua cidade natal. Seus relatos narram desde fatos políticos, passando por lugares, personagens locais entre outros assuntos. Isso lhe credencia como um dos mais importantes historiadores da atualidade de Custódia: 


José Soares de Melo, ou Zé Melo


Textos Publicados:

Bar o Ponto Certo
As festas de fim de ano
Foto da Rua Manoel Borba em 1970
Antonio do Junco
O bom de memória
Revolução tecnológica
São João em Custódia
Relembrando os Ardentes
Ainda mais sobre PC Farias em Custódia
Jornal Custodianas
A hora do Ângelus
Rios da Minha Vida
Eu e o Rei (Luiz Gonzaga)
Comentários
Letra de Só Lembrando de Custódia
O Rádio em Custódia
Zé Preto
Fanca e os Ardentes
O Milagre sem Santo
É mentira Terta?
Velhos Carnavais
Paulino Caititu
O Causidíco
O outro lado da moeda
Volta ao passado - Família Carneiro Farias de Souza
Perfil: José Pereira Burgos
Cacimba Nova
Alaíde do Bloco do Cariri
Pedro Maraváia
Doca
Perfil: Zé Biá
Carinhoso
Perfil: Adamastor Ferraz de Oliveira
Gerson Gonçalves – ícone do empreendedorismo
Posse de Luizito como Deputado Estadual 
Gafe de Zé Melo durante Jecana
Jogos nem tantos inocentes
Parabéns Para o Prefeito
Dia de Horror
Alma Pornográfica
Capitão
Comissão, Ataque e outros termos

Para acessar todos os textos do colaborador, selecione o link e cole em outra janela em seu navegador: 

Zé Nilton - por Ederaldo Lemos


Zé Nilton Soldado, Zé Nilton Vereador, Zé Nilton Pai, Zé Nilton Esposo, Zé Nilton Homem-Cidadão, deixou quatro JÓIAS em sua vida: a esposa e as três filhas, e uma JÓIA maior, que é toda a sua família, que sempre esteve com ele.

Eu tive o prazer de ter sido vereador juntamente com Zé Nilton, nos anos 2001 e 2004, ele foi, com certeza, o político mais próximo à minha pessoa, tivemos algumas lutas juntos. Nesta última eleição, Zé Nilton teve 321 votos, 321 votos livres e conscientes, sem a ajuda de nenhuma força que não tenha sido: Ele próprio, a família e os amigos, ele sim, foi uma grande liderança, foi um político prestigiado pelo povo e talvez não tão prestigiado pelos outros, como deveria ter sido.

Quantos abraços e beijos ele nos deu? Agora Zé Nilton, leva contigo nossos eternos abraços, beijos e nossas saudades. Nós não aceitamos a morte, mas nos acostumamos a ela, que é o caminho de todos nós.

Saber que, seja o que tivermos que enfrentar, é mais fácil com Deus habilitando em nossos corações. Deus nos deu Amigos, Zé Nilton foi um, um Amigo sem cobranças, um Amigo Amigo.

ZÉ NILTON! VOCÊ É QUE É NOSSA JOIA, vai com Deus.
Custódia(PE), 09 de Abril de 2009

Mensagem do Amigo EDERALDO LEMOS

Custódia de ângulos diferente por Jorge Remígio

 Várzea ou Rua da Várzea como chamavam a Rua João Veríssimo. Muito importante na minha infância.

 Foto clicada na Rua do Cemitério. Custódia tem um pôr de sol encantador. É muito fácil tirar belas fotos.

 Parte do bairro da Redenção, o que mais crescer na cidade. A direita da foto, a BR232 sentido Recife.


 Jardins da Praça Padre Leão


 Luar sobre Custódia, destaque para a casa de Zé de Isaías. Ainda preserva boa parte de sua arquitetura original. Morei alguns anos de minha infância na casa ao lado, onde hoje funciona a Loja das Noivas.


 Parte do bairro da Redenção. Prédio amarelo no centro da foto passa a rua da entrada da cidade, vindo pela BR232.

 Praça Padre Leão ao final de uma tarde. Ao fundo uma chuva.

 Bairro da Redenção que se estende no sentido ao Distrito de Quitimbu.


É impressionante a quantidade de chácaras no acesso para o distrito de Quitimbu.

Segundo Jorge Remígio, a intenção de seu registro fotográfico, é mostrar a cidade de ângulos diferentes do convencional. Mostrando a beleza da cidade e as transformações ocorridas nos últimos anos.

28 dezembro, 2021

Tela Colheita de Milho da custodiense Lourdes de Deus



Tela: Colheita de milho,
dimensões: 80cmx70cm,
ano de produção 2017,
tinta acrílica sobre tela.
(Disponível )

Filha de pais humildes, nascida na pequena cidade de Custódia, no estado do Pernambuco, Lourdes de Deus mudou-se para Osasco, Estado de São Paulo, com apenas 12 anos de idade. Aos 17 anos casou-se com o renomado artista plástico primitivista, Waldomiro de Deus. O casal teve seis filhos, e após 25 anos de casamento Lourdes descobriu o seu talento para a pintura.

As obras da artista plástica estão espalhadas pelo Brasil, Europa, e EUA, em centenas de lares. As editoras de livros didáticos publicaram e publicam várias obras de arte desta primitivista autêntica. Além da temática laboral, colheitas, florais, as festas populares interioranas, o regionalismo, a cultura popular brasileira, são as principais características no trabalho de Lourdes de Deus.

Facebook: Clique Aqui



 

Me Deixa Ir - Plínio Fabrício



Composição: Plínio Fabrício - @pliniofabricio_
Violinos: Mathes Cardoso @matyapumusica

Voz e Violão: Custódia-PE
Violinos: Paraná-PR
Canal: https://www.youtube.com/channel/UC-X00xsAwBZFa6y6kijGRCw

Auto de Natal - Grupo Rei dos Reis

 



PATROCÍNIO
Tambaú e Lameds

APOIO
Ultranet, Wagner Moura, Gorgonio, Jardel (Pizzaria Paulista), Dr Cícero Bento, Nen Farma, Barbalho Construção

FICHA TÉCNICA

Direção, edição e filmagens em Custódia:
Plinio Fabrício

Texto, preparação de elenco e filmagens em Passa Quatro: Pedro Donizetti

Narração: Aldo Negrão

Elenco de Custódia - PE:
Ana Rodrigues - Vizinha
Antenor Cavalcante - Hoteleiro
Claudia Lima - Povo
Clécia Ferreira - Parente
Edjane-Anjo Gabriel
Fátima Góis - Hoteleira
Graça Queiroz - Vizinha
Graça Rodrigues - Nobre
João Pedro - Escriba
Jorge Luccas - José
Josetânia Alves - Isabel
Josynalda Guerra - Pastora
Lourdes Maria - Maria
Luzi Honorato - Nobre
Nivaldo Silva - Pastor
Zeca Cavalcante - Zacarias
Vitinho - Figurante

Elenco de Passa Quatro:
Alexandre Steintemberger - Rei Gaspar
Carlos Ribeiro - Herodes
Lukinha Oliver- Rei Baltazar
Mara Castro - Nobre de Jerusalém
Pedro Donizetti - Profeta
Robson Castro - Rei Melchior

Figurinos: Graça Rodrigues e Angélica Batista

Agradecimentos: Sitio Recanto do Gavião Família Siqueira e Silva

Co-PRODUÇÃO
Cifrinha




24 dezembro, 2021

Conversa de amigos - autor Jorge Remígio

José Farias e Djalma Moisés(In Memorian)


No ano de 2017 fiz uma viagem para Custódia e levei o meu sogro, Djalma Moisés (1932-2021). Saímos de Recife com outros familiares no carro, mas as atenções eram para ele. Afinal, fazia anos que não retornava à sua cidade natal após ter ido residir em João Pessoa. A sua felicidade era difícil de disfarçar, estava explícita em seu rosto, e a ansiedade de chegar e ver os amigos ou mesmo pisar no solo do torrão querido lhe deixava contemplativo boa parte da viagem.

Após o desembarque na Rua Fraga Rocha, retirada das bagagens e pequenas arrumações, tratei logo em chamá-lo para fazer uma visita ao meu tio Zé Farias (1933), amigos desde a longínqua infância, o qual residia próximo. O reencontro deles foi carregado de uma alegria contagiante e após nos acomodarmos nas cadeiras, sugiram as primeiras conversas triviais, mas eu via ali uma boa oportunidade de puxar conversa onde eles relatassem fatos passados na juventude ou mesmo na remota infância daqueles dois amigos.

Era necessária a espontaneidade, mas uma sutil condução seria viável, eu tinha que estimular e mostrar curiosidade. Surgiu uma conversa e, pela idade que se enquadravam, deviam ter em torno de onze e doze anos, em 1943 ou 1944. Se referiam ao curral da Intendência. Não sabiam dizer o ano da construção desse curral, mas foram unânimes em dizer que, no início da década de quarenta, a cidade nos dias de feira tinha problemas com a quantidade de animais de montaria que aportavam nas ruas. Não havia árvores, cercas ou local suficiente para amarrá-los, como também, a quantidade de esterco produzido pelos animais era imensa, sujando toda a cidade e o curral da Intendência supria em parte essa demanda.


O interessante dessa história é que eles ganhavam uns tostões nos dias de feira, levando animais dos feirantes para o curral da Intendência que se localizava na parte alta da cidade, por trás de onde é hoje a Delegacia de Polícia e a Cadeia Pública. Cada animal tinha um número de referência para facilitar o resgate. No final da tarde a meninada ia até as bodegas, mercearias e pátio da feira, e abordava os feirantes oferecendo os serviços para pegar os animais estacionados no curral. No caso, eles eram “manobristas” de cavalos e jumentos, e as moedas eram certas, pois, subir a pé até a parte alta da cidade em um final de feira, não era interessante para ninguém, muito menos para quem já tivesse tomado algumas bicadas de cachaça.

Naquela época não havia construções no local, era ermo, com muito mato em volta. Despontavam algumas casinhas de taipa onde posteriormente batizaram de rua da remela. Eu perguntei para eles se sabiam o que era Intendência. Desconheciam. Então, falei que era uma administração, um governo. Intendência era equivalente a prefeitura. Falei que a partir do ano de 1905 até 1930, o prefeito tinha o nome de intendente e a prefeitura de intendência, vindo a mudar só após a Revolução. É motivo de pesquisa, mas, esse curral pode ter sido construído quando Custódia era ainda vila de Alagoa de Baixo, hoje Sertânia, ou mesmo na administração Nemésio Rodrigues (1929-1930).

Depois de um cafezinho, a conversa fluiu mais animadamente e as histórias foram surgindo sucessivamente. Claro que eu me colocava quase como um contemporâneo dos dois e botava combustível nos assuntos, norteando para meus interesses, que era a própria memória da cidade. Tudo que conversavam era parte da nossa história, portanto, eu tinha que escrever tudo aquilo posteriormente.

Puxando conversa, falei que em Custódia já tiveram uns delegados brabos, citando Sargento Deodato Pereira, Tenente Lero, e enquanto falava, o meu tio Zé Farias pegando o gancho, falou que nos anos quarenta, tinha um Delegado conhecido por Sargento Sé, que era muito bruto, e citou um fato ocorrido no carnaval de 1941, quando ele tinha oito anos de idade, envolvendo o irmão dele, no caso, o meu tio Erasmo.


Erasmo Farias


Os papangus eram o terror da criançada e eu sei muito bem desses medos, senti na pele nos primeiros anos da década de sessenta durante os carnavais. Jovens rapazes da cidade se vestiam com roupas pesadas, mascarados, mudavam a voz e com um relho, espécie de chicote, pregavam medo nas crianças, porque eles batiam mesmo. Tio Zé falou que o irmão Erasmo foi papangu naquele carnaval de 1941, e na segunda feira no final da tarde, nas imediações onde hoje é a sorveteria de Olímpio Marinho, um menino conhecido por João Boi de Caó, irmão de Louro, teve a infelicidade de ficar frente a frente com o papangu.

Tentando se livrar das chicotadas e aterrorizado, correu na direção da Farmácia Pereira sendo perseguido pelo mascarado que a qualquer momento iria lhe alcançar. João Boi de Caó avistou vários homens reunidos em frente onde hoje fica a Varandinha de Vavá, e vislumbrou a sua salvação justamente naquele espaço. Pessoas ao lado já desmontavam as bancas de feira e nesse movimento todo, João Boi de Caó quase esbarra no povo e o papangu que vinha no seu encalço, quase colado à vítima, desferiu o relho com todas as suas forças na direção do menino. Por azar do papangu, a chicotada atinge o quepe do Delegado Sargento Sé que é arremessado à distância. O delegado tomado de extrema raiva, arranca a máscara do papangu, desvendando a sua identidade e manda de imediato recolhê-lo à Cadeia Pública que ficava na época, na lateral do atual prédio da Câmara dos Vereadores, de frente para Praça Ernesto Queiroz.

Meu tio Zé Farias falou que foi um alvoroço medonho, a mãe chorando devido a prisão do filho, então, procuraram o tio Apolônio Carneiro, o qual já tinha uma certa projeção econômica na cidade, para interceder junto ao delegado e demovê-lo daquela posição. Enfim, Erasmo foi liberado. Porém, ficou muito revoltado e com vergonha, disse que iria embora para o Recife, entraria na briosa e só retornaria à Custódia, no mínimo, como Capitão. Ele pensava em uma revanche com o Sargento Sé.

Não foi fácil o seu ingresso na Polícia Militar, pois só tinha 17 anos, mas, com a ajuda do Sargento Pompeu Florêncio, conhecido da família, conseguiu entrar na PM. A documentação na época não era tão rígida como nos tempos atuais e providenciou-se outro registro de nascimento. Tio Erasmo passou quarenta anos na Polícia Militar como soldado, aposentou-se como sargento porque durante a Segunda Guerra Mundial trabalhou na costa, em zona praieira. Não cumpriu a promessa, como também nunca soube do paradeiro do Sargento Sé.



Genésia Mariano de Rezende. 101 anos e 6 meses.


Lembrei de um fato bem interessante que dona Genésia Rezende (1920) havia me falado na casa de Elzir Valeriano. Interessante, até porque se enquadrava nessa mesma época em que os assuntos se desenrolavam. Falei para os dois amigos que Genésia Rezende, prima legítima de Djalma, tinha me dito que no ano de 1944 ou 1945, estava sentada em uma cadeira na calçada da sua casa, quando o Capitão Manoel Neto (1901-1979), dirigiu-se a ela pedindo um copo com água. Ela trouxe a água e ofereceu uma cadeira, ele aceitou a gentileza, mas não deu as costas para rua e a todo instante olhava para os lados. Ela observou esse detalhe curioso e depois soube que ele tinha feito muitos inimigos no cangaço.



Capitão Mané Neto em campanha contra o Cangaço eem Recife, provavelmente em 1947

Os dois conversaram bastante, dizendo ela que Manoel Neto era galante, educado, fino e elegante. Um professor do amor, pois dava muitas explicações sobre namoro e o casamento.

Nesse momento em que conversavam, passou a sua sobrinha Livanise, apelidada de Lili, filha de sua irmã Carmélia e Manoel Moura e pediu a sua bênção. Manoel Neto perguntou quem era a menina, respondendo ela que era sua sobrinha. Então, ele perguntou se a garota podia levar um bilhete até o serviço de alto falante, que se chamava difusora, pois, queria oferecer-lhe uma música. Ela aceitou e minutos depois ouviram a música “Samaritana”, oferecida com muito carinho e admiração. Ainda lembrava da canção e cantarolou uma estrofe para mim.



Coronel Mané Neto já envelhecido durante a década de setenta, dando entrevista para um jornalista, na cidade de Ibimirim-PE, onde residia.


“Samaritana eu vou beber água em sua fonte, guardarei esse amor se Deus quiser, desde o dia em que te vi nunca mais senti outra mulher”. Eu falei que o Mané Neto estava paquerando-a, e ela respondeu que naquele tempo falavam conquistando ou “tirando uma linha”. Achei engraçado esse termo. Falar em Mané Neto pareceu até um mote, porque o meu tio Zé Farias lembrou de um fato inusitado ocorrido com o famoso militar nessa mesma época, entre 1944 e 1945. Disse que as festas dançantes ocorriam no Bar Fênix, de propriedade de Alfredinho, filho do primeiro casamento de Dona Olindina Queiroz, e geralmente era aos domingos no período da tarde, findando no início da noite. Que em uma dessas festas, Eurico Queiroz, irmão de dona Olindina e dona Elisa Queiroz, o qual era casado com Iraci, irmã de Luiz Epaminondas de Barros, chamou Consuelo Aleixo para dançar, a qual recusou o convite. Era o famoso “corte”.

Porém, no mesmo instante, o Capitão Mané Neto fez o convite para aquela dança, e ela levantou-se tão rápido que Eurico ainda estava ao lado. Claro que este não gostou nada daquela atitude e de imediato passou a questionar aquele procedimento discriminatório. Quem não gostou também foi o Capitão Mané Neto que se sentiu afrontado e ferido em seu ego. Houve bate-boca entre os dois e em seguida, voz de prisão por parte do Capitão.

No meio do tumulto, Eurico correu para sua casa que ficava onde é hoje o consultório da Dra. Olga Gois. Após muitos pedidos de pessoas da cidade para o Capitão Mané Neto, o qual era Delegado de Sertânia, alegando que Eurico pertencia a uma família influente politicamente na cidade, inclusive, era parente do Prefeito Ernesto Queiroz, a questão foi encerrada ali mesmo e os ânimos serenaram. Nesse momento da conversa o meu celular tocou. Atendi já imaginando do que se tratava. Realmente, a mesa já estava posta. Disseram que o bode fumegava e a cerveja estava estupidamente gelada. Era uma pena, mas a conversa teria que ser interrompida naquele momento, porém, com a promessa de prosseguir em outro momento.



Consuelo Aleixo de Souza.

Nos despedimos, e ao entrar no carro com seu Djalma de volta à Fraga Rocha, fui pensando durante o trajeto. “A minha prima Consuelo foi o pivô de um conflito envolvendo o maior perseguidor de Lampião. O dito cujo o apelidou de “Mané Fumaça” e reconhecia ele como seu inimigo mais contumaz dentre todos os Cabras de Nazaré. Mané Neto dedicou toda sua juventude à perseguição aos bandos de cangaceiros, principalmente ao bando de Lampião. Foi ferido várias vezes nos embates ferrenhos, chegando a combatê-lo, além do Estado de Pernambuco, nos Estados da Bahia e Sergipe por um certo tempo”.

Posteriormente eu falei para seu Djalma e para meu tio Zé Farias, toda a saga de Mané Neto durante o período do cangaceirismo nos anos vinte e trinta e sua participação durante a Revolução de Trinta. Eles ficaram sabendo, mas com certeza a prima Consuelo faleceu desconhecendo todos esses detalhes.



Recife, 21 de dezembro de 2021
Jorge Remígio

23 dezembro, 2021

Municípios do sertão correm contra o tempo para substituir lixões por aterros sanitários


Crédito: Géssica Amorim/MZ Conteúdo

por Géssica Amorim (Marco Zero Conteúdo)

Um estudo publicado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE) mostra que, atualmente, dos 184 municípios pernambucanos, 138 (75%) utilizam aterros sanitários para o depósito dos seus resíduos sólidos e outros 46 (25%) ainda continuam fazendo uso de lixões a céu aberto. Em 2014, quando o TCE começou a buscar as informações sobre o assunto, apenas 29 (16%) municípios do estado davam ao seu lixo o destino correto.

Esta semana, eu estive em Betânia e Custódia, duas cidades do Sertão do Moxotó, para saber em que ritmo está o processo de adequação dos dois municípios à Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Promulgada em 2010, a PNRS previa o fim da utilização dos lixões a céu aberto no país até 2014. No entanto, o problema persistiu e, em julho de 2020, o Senado reforçou a medida, aprovando o Novo Marco do Saneamento Básico, pretendendo acabar com os lixões até 2024.

As capitais e regiões metropolitanas tinham até agosto de 2021 para extinguir os seus lixões, e cidades com mais de 100 mil habitantes contavam com prazo até agosto de 2022. Os municípios com menos de 100 mil habitantes, como é o caso de Betânia e Custódia (uma com menos de 13 mil habitantes e outra com pouco mais de 36 mil), têm até 2024 para encerrar as atividades dos lixões a céu aberto.

Acontece que, em 2020, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), em parceria com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), a Agência Pernambucana de Meio Ambiente (CPRH) e o TCE-PE, firmou acordos de não persecução penal com municípios pernambucanos para que prefeitas e prefeitos garantissem acabar com os lixões dentro dos prazos estipulados, que variam de cidade para cidade. Alguns municípios se comprometeram a encerrar os lixões até 31 de dezembro de 2021, outros devem fazê-lo de março a junho de 2022.

Betânia tinha até o último dia 7 de novembro para encerrar a atividade do seu lixão, mas não conseguiu cumprir o prazo, que foi prorrogado até o dia 1º de janeiro de 2022. Segundo o prefeito Mário Flor (Republicanos), a partir dessa data o lixo do município será encaminhado para uma estação de transbordo localizada em Triunfo, a 84 quilômetros de distância ao norte, onde receberá o primeiro tratamento, e, em seguida, será encaminhado para o aterro sanitário da cidade de Ibimirim, no sertão do Moxotó, distante 178 quilômetros ao sul do local de transbordo.

Para os catadores de Betânia, que complementam a renda familiar com a venda de materiais recicláveis retirados do lixão da cidade, a Câmara de Vereadores do Município aprovou um auxílio de R$ 600,00, durante seis meses.

Em Custódia, o prazo para o fim da utilização do lixão do município, firmado no acordo com o MPPE, era de até 24 de novembro de 2021. Em um primeiro contato, o secretário de governo da prefeitura, Jobson Góis, afirmou que Custódia enfrentava problemas para conseguir um aterro sanitário para onde pudesse destinar os seus resíduos sólidos. Segundo ele, os municípios das redondezas que dispõem de aterros não estavam aceitando as solicitações para receber o lixo de Custódia.

Pouco tempo antes da conclusão deste texto, o secretário Jobson Gois informou que o aterro sanitário da cidade de Arcoverde, a 81 quilômetros de Custódia, sinalizou positivamente para um acordo de cooperação técnica, viabilizando uma parceria entre os municípios, para que, ainda durante esta semana, o município tenha para onde enviar os seus resíduos sólidos.



Sem emprego há dois anos, Ferreira cata recicláveis no lixão em Custódia
(crédito: Géssica Amorim/MZ Conteúdo)

Todos os dias, cerca de 20 pessoas buscam no lixão de Custódia objetos recicláveis para vender e complementar a renda familiar. José Ferreira, de 57 anos, é uma delas. Há dois anos, ele costuma ir até o lixão para coletar restos de comida que sirvam para a alimentação dos seus porcos e para procurar latinhas, fios de cobre e garrafas PET. Por mês, ele chega a garantir entre R $300,00 e R $400,00 para ajudar nas despesas de casa. “Eu venho aqui de domingo a domingo. Levo latinha, garrafa. Quando dou sorte, acho um quilo de cobre. Mas o que ganho aqui não é muito dinheiro. A minha sorte é que a minha mulher trabalha em uma loja de roupa lá no centro e nós vamos levando a vida com os dois filhos. Pela minha família, eu não estaria aqui. Mas não consigo arranjar emprego em outra coisa, então continuo”.

Apesar de informar que o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do município iniciou o cadastro dos catadores, a prefeitura de Custódia não tem nenhum plano de ação para auxiliá-los após a desativação do lixão. O secretário Góis, garantiu informou que, frequentemente, são distribuídos pacotes de leite, caldeirões de sopa e cestas básicas para os catadores. “Essa questão do auxílio não está prevista em lei. Nem estadual, nem federal”, declara Jobson. A prefeitura de Custódia começou a cercar a área do lixão e informou ter enviado para a CPRH o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) do município.

Segundo a procuradora de Justiça e coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente, Christiane Santos, o apoio aos catadores e elaboração de projetos para a recuperação das áreas degradadas são elementos de extrema importância nos acordos firmados entre os municípios e o MPPE. “Nos acordos, a cláusula de suporte aos catadores e do plano de recuperação das áreas antecede a do prazo de encerramento dos lixões. Isso, para que os municípios tenham tempo para organizar cooperativas e associações que garantam o tratamento adequado do lixo e o trabalho dos catadores de forma segura e remunerada.  Após o encerramento dos lixões, os catadores precisam de suporte durante todo esse processo”, advertiu”.

Dentro dos acordos, os valores e ações para auxiliar os catadores varia de município para município. Depois do encerramento dos lixões, os gestores têm um prazo de 60 dias para pôr em prática o que está no PRAD e iniciar a recuperação da área degradada pelo lixo.

Publicado originalmente: CLIQUE AQUI