30 agosto, 2021

“Há empresas interessadas no trajeto Custódia-Suape da Transnordestina.”

 

Foto: Andrea Rego Barros/PCR
Revista Algo Mais

Publicado em 30/08/2021 por Revista algomais às 7:30

A novela da construção da Transnordestina – que já dura inacreditáveis 16 anos – apresentou semanas atrás um capítulo que provocou indignação em Pernambuco: foi quando o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, anunciou que a TLSA, concessionária da ferrovia, desistira de construir o trajeto até Suape. A saída de criar uma nova concessão para concluir a obra é encarada pelo secretário de Desenvolvimento Econômico, Geraldo Julio, como uma maneira de viabilizar o trajeto, sem ter que envolver o Estado no enredo da concessão da TLSA. Uma concessão que, entre outros imbróglios, enfrenta a recomendação da caducidade do seu contrato pelo Tribunal de Contas da União e pela ANTT (Agência Nacional de TransportesTerrestres). Nesta entrevista a Cláudia Santos, o secretário aborda detalhes dessa nova concessão e fala também sobre como está sendo executado o Plano de Retomada para que a economia pernambucana volte a crescer.

Após a reunião do governador Paulo Câmara com o ministro Tarcísio Freitas, como ficou o destravamento para a conclusão das obras da Transnordestina?

A Transnordestina, como a concessão, tem três desafios grandes para o Governo Federal. Primeiro, é uma obra que tem um contrato assinado há muitos anos – a autorização para essa obra ser realizada foi feita em 2005, portanto há um contrato de 16 anos com a obra autorizada para acontecer e não aconteceu. Segundo, há uma série de apontamentos do TCU (Tribunal de Contas da União) e uma decisão colegiada da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) pela caducidade do contrato atual. Terceiro, o empreendedor pede R$ 11,9 bilhões de orçamento geral da obra e a ANTT só aprova R$ 8,9 bilhões, são R$ 3 bilhões de diferença. São três problemas principais de execução.

O ministro apresentou a possibilidade de tentar superar essas questões para fazer o ramal que liga a ferrovia ao outro porto e viabilizar o ramal que liga Suape por meio de uma nova concessão. O que me parece vantajoso para Pernambuco porque o contrato atual tem desafios que podem não ser vencidos durante o tempo. Em Pernambuco só precisamos dos 300 km de Custódia até Suape. Espero que os próximos passos para essa nova concessão aconteçam o mais cedo possível para que possamos ver a Transnordestina chegando logo no Porto de Suape. Acho que isso tem uma chance muito grande de ser viabilizado, antes mesmo de resolver os problemas tão graves que o contrato atual tem.

O trajeto de Eliseu Martins, no Piauí, até Custódia ficaria com a concessionária atual. O fato do novo concessionário da Transnordestina (do trecho Custódia a Suape) ter que pagar uma taxa para trafegar de Eliseu Martins até Custódia, não aumenta os custos do transporte até Suape?

O trajeto até Custódia já está pronto. Ferrovia é uma atividade concessionada e, portanto, regulada. Se alguém tem uma carga que tem a necessidade de usar aquela ferrovia, a tarifa é definida por meio do contrato de concessão e da regulação da ANTT. O proprietário da ferrovia, na realidade é um concessionário e, portanto, submetido a regras que são do marco regulatório nacional sobre a questão das ferrovias. É uma infraestrutura pública concedida a um privado.

O senhor acredita que esta solução seja favorável a Suape?

Veja, a situação atual da Transnordestina é de muito desconforto para todos: para os estados envolvidos, para os empreendedores que pretendem usá-la para transportar suas cargas, além de ser uma situação complexa para o Governo Federal, como concedente, e para a empresa concessionária porque são 16 anos de obra autorizada, contratada. Existem projetos que duram até mais do que 16 anos, mas esses não são 16 anos de projeto, de ideia, esses são 16 anos de contrato assinado para a obra acontecer, com a diferença de R$ 3 bilhões sendo discutida entre o concessionário e o Governo Federal e uma série de questionamentos do TCU que recomendou a caducidade e a ANTT, numa decisão colegiada, também recomendou a caducidade. Em vez de ficarmos numa confusão dessa, é muito melhor partirmos para uma concessão nova que não tenha nenhum obstáculo e que se consegue até fazer a obra mais rapidamente. Essa é a expectativa que temos. Porque, se fizermos essa concessão curta, não precisamos que o contrato anterior seja resolvido porque a ferrovia está pronta.

Existem empresas interessadas nesse trajeto Custódia/Suape?

Certamente, há mais de uma interessada, porque é um empreendimento que abrange um trecho muito importante de integração do Nordeste, que já está pronto, faltando apenas a concessão menor para fazer a ligação com um porto importante, como Suape. Vários investidores, seja de operação logística, de ferrovia ou mesmo de quem tem carga, terão interesse em fazer esse empreendimento. Não tenho dúvida nenhuma, ainda mais sendo uma construção nova que inicia sem nenhum obstáculo.

Como está a implantação do Plano de Retomada?

O que tem nos animado é a projeção de que este é um momento de retomada: os números na pandemia continuam controlados, a vacina avança cada vez mais, criamos o anúncio da terceira dose, feita pelo Ministério da Saúde, para pessoas acima de 70 anos e imunodeprimidos. Isso mostra que a pandemia está com os números controlados e a vacina tem um papel importante nisso e que realmente este é o momento da retomada. Outros estados lançaram, em março e abril, seus planos de retomada que foram totalmente “engolidos”.

Estamos acompanhando o desempenho da economia nacional. O consumo em junho não foi tão bom quanto era esperado. Agora, vamos esperar os números de julho, quando forem divulgados. Mas estamos muito confiantes de que vai ter, sim, essa retomada, que que os empregos vão acontecer. O Governo do Estado tem um conjunto de obras importantes que, inclusive, estão sendo lançadas em agendas do governador pelo interior. Ocorreram anúncios de empreendimentos privados e há fábricas com obras sendo concluídas. Estamos com a expectativa de que realmente o Plano de Retomada tenha sido uma conjunção de esforços da sociedade como um todo para que Pernambuco aproveite melhor essa oportunidade do crescimento do consumo que está ocorrendo e que deve permanecer pelo menos até o final do ano.

CONFIRA A ENTREVISTA COMPLETA NA EDIÇÃO 185.4: assine.aglomais.com

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O Dr. José Wilson Figueiredo - por Jorge Remígio



Zé Wilson na Custocada (1978)


Conheci Zé Wilson em Recife no ano de 1973, quando tinha dezoito anos e estávamos no ensino médio. O seu primo, Rui Rezende, me levou certa noite até o apartamento onde os primos, vindos da cidade de Ouricuri para estudar, residiam. Não me recordo bem, mas, provavelmente na Ilha do Leite.

Conheci alguns de seus familiares, e o irmão Luiz Figueiredo que já cursava medicina. Luiz
tinha um apelido de casa de estudante que posteriormente tive a intimidade também de chamá-lo “Luiz Vaqueiro”.

Zé Wilson aos poucos foi se entrosando com a turma de Custódia, que residia principalmente em casas de estudante, e passou a frequentar festas, carnavais e dedicar alguns dias das suas férias colegiais a sua cidade natal, a nossa querida Custódia. A TURMA, era assim que nos denominávamos como grupo de amigos, fiéis, principalmente aos encontros etílicos.

Zé Wilson tinha muitos familiares, tanto do lado paterno quanto materno na nossa cidade, mas, devido ao êxodo da família, ainda pequeno criou raízes junto com os irmãos na cidade de Ouricuri no alto sertão pernambucano. Nascemos no mesmo ano de 1954, sendo ele de fevereiro e eu do mês de outubro.


Custocada durante Carnaval de 1978, em frente ao antigo Cazarão,
na Rua Luiz Epaminondas, registro de Quinca Fotografo.

 
Claro que isso é um mero detalhe, o mais importante é que ele sempre teve muita empatia com todos, já revelando um caráter de pessoa de boa índole. Zé Wilson não esqueceu a cidade de Ouricuri que acolheu tão bem a sua família, mas passou a dividir esse amor com a sua cidade natal. É como se tivesse agora duas “pátrias”. Tanto que, quando concluiu o curso de medicina no ano de 1980, veio fixar moradia e exercer a sua profissão em nossa cidade, no caso, dele também. Logo se destacou como um excelente profissional e uma pessoa de valores humanitários inquestionáveis, fidedigno ao juramento de Hipócrates, o que elevou ainda mais a estima que sempre tive por ele.



Acolheu muitas pessoas humildes em momentos de aflição e desespero com a sua humildade e abnegação espontânea, foi sem dúvida um médico do povo. Quando foi acometido por esse vírus letal, com um quadro que inspirava cuidados, momentos antes de ser entubado não esqueceu os seus pacientes, recomendando para familiares da área médica que o acompanhavam, procedimentos que deveriam tomar junto a eles.

O seu irmão Luiz Figueiredo, também foi infectado pelo covid 19. Não sucumbiu a doença, porém, perdeu um filho, uma enteada e a esposa para esse famigerado vírus.


Foto: Internet
Um retrato fiel de Zé Wilson, como ser humano e profissional;

No início da noite do dia 21 de agosto, em um sábado chuvoso, tomei conhecimento da indesejada notícia, o amigo Zé Wilson não resistiu, havia falecido. Foi um momento de consternação.

Perdi um amigo, familiares perderam um ente querido, e Custódia perdeu um grande médico. Porém, fiquei a meditar: as pessoas boas, humanistas, que fazem o bem, iluminadas, que servem ao próximo, elas não morrem, elas se encantam. O meu amigo fez da profissão um sacerdócio.

Então, o Dr. José Wilson Figueiredo não morreu, ele encantou-se.


Jorge Remígio
Recife, agosto de 2021.



Canhoto da Paraíba com boné da Tambaú


Foto enviada por Eduardo Melo Simões, com o falecido Canhoto da Paraíba, usando boné com a logomarca da Tambaú. Francisco Soares de Araújo (Princesa Isabel, 19 de março de 1926 — Paulista, 24 de abril de 2008) foi um violonista e músico brasileiro. Era mais conhecido como Canhoto da Paraíba (e também por Chico Soares).

Por ser canhoto, tocava com o violão invertido, mas sem inverter as cordas, pois precisava compartilhar o mesmo violão com seus irmãos, destros. Embora fosse filho de pai violonista, não teve a oportunidade de aprender com ele exatamente por ser canhoto. Canhoto aprendeu a tocar sozinho.

Antes de falecer, foi agraciado com o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco.





Amigos de Bar - de Marcos Silva

 

AMIGOS DE BAR.

Muitas vezes eu fiquei
Sobre uma mesa de bar
Dizendo traga mais uma:
Pro meu copo não secar
Era abrindo e derramando
O dono do bar gostando
Pois eu tinha que pagar.

Depois de tantas cervejas
Até a barriga inchar
Dizia amanhã eu pago:
Mandava o barmem marcar
Com marcações ilegais
Ficava três vezes mais
A tal conta pra pagar.

Mas no bar eu tinha amigos
Quantos amigos de bar!
E quando eles me avistavam
Lá no boteco chegar
Eita chegou nosso amigo!
Eles bebiam comigo
Só não falavam, pagar.

Um dia eu falei pra mim:
Eu vou sair desse bar
Paguei a conta e saí
Para nunca mais voltar
E depois daquela hora
Amigos foram embora
Quando eu parei de pagar.


Marcos Silva.

 


 

28 agosto, 2021

O milagre sem o santo - por José Melo



Meu pai era caminhoneiro, e por várias vezes eu o acompanhava nas longas viagens que eram, naquela época, o percurso de Custódia-Petrolina e de Petrolina a Caruaru. O Velho transportava gado, e naqueles tempos existia uma verdadeira irmandade entre os motoristas, que faziam o percurso em comboios, não para fugir da violência, inexistente naquela época, mas em função das longas distâncias entre uma cidade e outra, e a estrada deserta, com pouco movimento e praticamente desabitada, o que representava um sério problema no caso de acidente ou mesmo avaria nos veículos.

Tínhamos os pontos previamente definidos para o café da manhã, o almoço, o jantar e o pernoite. Não se pode esquecer os tipos de restaurantes existentes ao longo da rodovia de terra batida, a BR 25, atual BR 232: choupanas cobertas de palha de coqueiro, um vasto terreiro que servia de estacionamento, algumas latadas, tipo de galpão improvisado para proteger os veículos do sol inclemente do sertão. Era muito apreciado pelos caminhoneiros o café da manhã, tipicamente sertanejo: cuscuz com leite, carne de bode assada na brasa, queijo de coalho, ovos fritos em banha de porco, bolo de milho etc.

Em um desses pontos de parada obrigatória, certa feita nosso grupo parou para o café da manha. Um dos motoristas, cujo nome omito por razões óbvias, ao se preparar pra polvilhar a farinha sobre os ovos fritos, inadvertidamente pegou o açucareiro, pensando se tratar do farinheiro. Chico Donzelo, gozador de marca maior, observou e cutucou os companheiros ao lado, apontando a “melada” que ia acontecer, enquanto o desatento despejava o açúcar sobre os ovos. Quando viu a turma se esbaldando de rir com a mancada, o descuidado motorista tentou se esquivar do fora, dando uma desculpa não muito inteligente:

– “Lá em casa, quando eu peço ovos fritos, “Dona Fulana” (sua esposa) trás logo o açucareiro, pois ela sabe que gosto muito de ovos com açúcar!”

Por: José Soares de Melo



Pai e Filho - Por José Maxsuel

"Manoel Paulino e o filho na porteira do curral do Riacho Novo" 
(cavalos Pombo Roxo e Novidade)

O curioso nesse ambiente de vaqueiros era que, de alguma forma, montar a cavalo e curtir essa vida estava virando moda na cidade. Talvez porque era a época dos grandes sucessos musicais, de Delmiro Barros, Sirano & Sirino, entre outros. Os shows de forró abriam com imagens de vaquejada no telão. Embora nem todos gostassem dessas coisas, muitos tinham alguma ligação com o gado – como os filhos de marchantes. Quem não se lembra de Cajueiro e do grupo de amigos “desmantêlo”? (Ainda na ativa?)

Cidade pequena, a gente sempre se esbarrava, fosse em algum rodeio que visitava Custódia, havendo destaque para uma turma da cidade (Tercinho, Corró...), fosse no curral de Neto, onde era comum a gente disputar os cavalos, fosse montando algum jegue pela rua, fosse armando situações nos terrenos de Liar e Dr. Humberto, ou ainda aprontando alguma no matadouro. Tudo contribuía para nos tornarmos mais íntimos.

O reencontro


José Maxsuel de Moura Siqueira



Tambaú Futebol Clube - Campeão Custodiense de 1978


Em pé: Goleiro reserva (Arcoverde), Chico de Antusa, Luciano Góis, Celso de Moacir, Bel de Pedro Mariano, Edmilson(Pestana Branca), Zé Esdras e Eli de Manoel Constantino.

Agachado: Rio da Barra, Brasilia, Jorge Remígio de Claudionor, Reginaldo do Projeto Sertanejo, Serra Talhada e Evaldo Simões.

Arquivo Pessoal: Jorge Remígio



26 agosto, 2021

[Gandavos] A história de vida de Bonny Guimarães

 

Entrevista realizada em 25 de agosto de 2021, com o cantor Bonny Guimarães, nascido em Custódia e radicalizado em São Paulo. Bonny desde cedo tinha o sonho de ser cantor profissional, saiu do interior pernambucano e foi em busca da realização na cidade de São Paulo, onde gravou o seu primeiro CD: Estou Te Amando.

Produção: Canal Gandavos
Siga no Youtube: 
https://www.youtube.com/channel/UC2nnd-LWtGiXB5za_q9XrYg


Meu amigo Rubervaldo Abílio Duarte de Souza - por Daniel Feitosa


O que falar de um amigo, compadre e Irmão?
 
Muita coisa vem na memória, coisas boas sempre! Mais de 30 anos de amizade, uma irmandade na verdade. Parceiro, boas conversas, várias orientações e cumplicidade. 

Criado num ambiente familiar comercial, filho do Sr Nivaldo Aleixo e D. Dorinha(in memoriam) de família tradicional, desenvolveu rápido a aptidão, o conhecido tino comercial! Iniciou sua caminhada laborativa com seu irmão Ruy Carlos e sempre auxiliado e apoiado por sua irmã Glaucia onde trabalharam juntos. 

Um filho, esposo e pai dedicado, se tornou um homem família! Esportista, amava o futebol, vascaíno e Rubro Negro pernambucano-Sport Recife, clube esse que ele falava que eu tinha sido o incentivador para ele torcer, saímos daqui para Recife assistir Sport x Vasco em 2008, ele se encantou com a torcida do Sport, dali ele olhou e falou: hoje eu sou Sport também! 

Mesmo com problema no joelho, onde passou por cirurgia, não abandonou as competições futebolísticas e peladas de finais de semana. Eu falava para ele parar o futebol por causa da lesão e chamava ele de “veão” (velho) ele olhava e esbravejava: veão “tá tu”(rsrs). 

Um apaixonado por festas, empreendeu também na área do entretenimento, com a construção da Estação da Farra, clube de Festas e Eventos, organizou vários eventos festivos como exemplo: Ciel Rodrigues; Luan Estilizado e também vários eventos de Som Automotivo nesse Clube. Ajudou seu irmão Ruy na organização de um Bloco de Carnaval o UGA UGA com estrutura de Trio Elétrico nas nossas principais avenidas. 

Praticava o pedal, membro ativo do Grupo Pedala do AA. Sempre cercado de boas pessoas, um ciclo de amizade perfeito. 

Um empreendedor nato, muito admirava sua jornada evolutiva, muitos parceiros comerciais do ramo automotivo de nossa cidade passou por “suas mãos”, pelos seus ensinamentos.

Sabia comprar(negociador espetacular), sabia vender como ninguém! Paciente, sempre alegre, sorriso no rosto assim encantava seus clientes. Sempre com a ajuda de sua aguerrida esposa Daline Azevedo - onde sempre acatava sem titubear suas decisões - e agora com seu filho Guilherme encararam a pouco tempo mais um novo desafio na arte do empreender. Mudaram de endereço  inaugurarando uma nova estrutura bem mais ampla do empreendimento - Rubervaldo Equipadora - às margens da BR 232. Prédio com estrutura moderna, equipamentos de alta tecnologia, inúmeros serviços automotivos, tais como: 

Equipamentos de Sons, Pneus, Rodas, Películas Estética, Troca de Óleo, Balanceamento, Alinhamentos, Ar-condicionado, entre outros. Enfim, uma mega estrutura típica do seu bom gosto.

É meu amigo, ficam aqui várias lembranças e excelentes momentos compartilhados com um cara ímpar, “UM HOMEM” como “gritou” seu filho Guilherme no momento do sepultamento! 

Não somos eternos, sabemos, mas sua partida foi precoce, estúpida e absurdamente covarde. Hoje está em companhia de sua mãe Dorinha ao lado de Nosso Senhor!

Senhor Nivaldo, Daline, Guilherme, Livia, Glaucia, Karyne, Ruy, Carlinhos e ao amigo Ribeiro que tenho total respeito e consideração que através de Rubervaldo tive a honra de conhecer e zelar pela nossa amizade.

E todos os demais familiares das Famílias Abílio Duarte e Aleixo Souza, fica aqui minha homenagem e lembranças eternas do meu Brother Rubervaldo Equipadora!!!

Daniel Júlio Simões Feitosa.



25 agosto, 2021

Retratando Jovino Costa Leão - por José Carneiro


   
Seu Jovino era um homem singular. Não sei de onde veio e quando chegou em Custódia. Uma pessoa verdadeiramente divertida. De estatura mediana, gorducho, barrigudo, rosto arredondado, feioso mas simpático, usava suspensório e óculos de lentes redondas. Era maneta, dizendo que perdeu a mão e parte do braço numa prensa na padaria onde trabalhava. Vangloriava-se de ser descendente de português. Bem casado com Dona Izoíla, também gorducha e barriguda, tinha duas filhas, Luisinha e Maria Luíza, às quais dedicava muito carinho. Comerciante do ramo de padaria, negociando também com secos e molhados, além de compra de algodão, mamona e peles. 

Era rábula, exercendo a função pública de defensor dos presos pobres, desempenhando sempre um papel nos agradáveis dramas do Padre Duarte. Era impagável! Nunca decorava a parte, mas se saia bem, dado o grande poder de improvisação. Engraçado por obra e graça da natureza, tudo quanto dizia tinha humor e provoca risos. O maior contador de causos que conheci, foi quem fez Custódia mais rir. Onde quer que se encontrasse, estava cercado de gente para ouvir suas gostosas histórias e hilariantes causos. Um verdadeiro tônico para os custodienses, pois, como se sabe, rir é o melhor remédio. 

Gostava de jogar sinuca e quando o fazia o salão se enchia de gente para ouvir suas tiradas filosóficas. Todos os domingos, invariavelmente, quer chovesse quer fizesse sol, ao entardecer, ia ao cemitério e passava horas junto ao túmulo do filho falecido ainda criancinha. De uma comicidade inata, no Tribunal do Júri  Popular, como advogado dativo, e nos dramas, como participante, era o centro das atenções, dadas as suas espirituosas improvisações. Era querido por todos. Gostava de seu Jovino e o tenho como uma personalidade marcante da história de Custódia.

Era a alegria em pessoa. O nosso Chico Anísio!

Texto: JCarneiro
 

 

[Causos] Parabéns Para o Prefeito - Por José Melo




Por José Soares de Melo

Como disse na anteriormente, o caso do assalto em Custódia gerou um fato no mínimo curioso, do qual fui participante. Naquela época o Prefeito era João Miro, conhecido por suas tiradas irônicas, de quem fui Secretário. Foi no dia 02 de fevereiro, data de seu aniversário, se não me engano. Desde a ocorrência do assalto, o Prefeito vinha tentando a todo custo, conseguir com que o então Governador Eraldo Gueiros – que era seu amigo do tempo em que o mesmo residira em uma Fazenda de Custódia, lá para as bandas de Várzea Velha. Tentou, mas não conseguiu. Até que no seu aniversário ele deu o troco a Eraldo Gueiros. O Governador, como de praxe, passou um telegrama apresentando os parabéns pelo aniversário de João Miro. Li o telegrama para ele: 

“ Receba caro amigo e Prefeito João Miro, sinceros parabéns pelo seu aniversário.” 

Ao final ele falou entre sério e brabo: 

- “Sêo Zé Melo, eu quero que você faça um telegrama para o Doutor Eraldo. Eu seu que você gosta de escrever bonito, mas esse telegrama eu quero que você faça exatamente como eu disser, letra por letra.” 

Como manda quem pode e obedece quem tem juízo, apenas anotei todas as palavras que o Sr. Prefeito mandou e remeti para o Campo das Princesas. O telegrama passou de mão entre o Secretariado, por sua redação, digamos, pouco usual. Estava assim redigido, letra por letra, conforme exigência do Sr Prefeito João Miro: 

“Doutor Eraldo. Agradeço os parabéns, mas o que eu queria mesmo, era que o senhor trocasse o Delegado de Polícia, pois o que tem aqui não serve nem para botar o penico de um homem no Mato. Assinado João Miro da Silva”. 
 

 

23 agosto, 2021

[Biografia] Gratidão ao Doutor José Wilson pela digna missão de curar e salvar o povo sofrido de Custódia.




José Wilson Figueiredo, natural do Povoado do Ingá, Custódia-PE, nascido em 11/02/1954, é filho do ilustre casal Joaquim Alves Figueiredo e Laura Rodrigues. Católico, Profissão: médico. Grau de instrução: superior completo. Casado por duas vezes com as senhoras Russana Melo e Denise Araújo. Cinco filhos: Augusto Juliano(primogênito), Caio Figueiredo, Taísa Figueiredo, Joaquim Neto e Pedro Henrique Figueiredo.




Doutor José Wilson vem de uma numerosa família. Teve nove irmãos: Luiz Figueiredo, Carlos Figueiredo, Sebastião Figueiredo (falecido), Marinalva, Maria de Lourdes, Zélia, Adalva, Márcia e Maura. Seus pais são provenientes de família tradicional do município, que moravam no Povoado do Ingá. Seus genitores logo perceberam que era premente vir morar em Custódia para suprir as necessidades educacionais dos filhos. Anos depois, a família mudou-se para Ouricuri, instalando-se naquela cidade, onde criaram raízes: os filhos cresceram e queriam deixar o “ninho”. Queriam voar alto. E nesse vôo, Doutor José Wilson embarcou para a Capital, Recife. Realizar seu sonho era seu objetivo maior: ser médico. Concluído o curso de medicina, volta para Custódia na década de 1980. Com diploma em mãos, instala seu primeiro consultório na Rua Doutor Manoel Borba, vizinho ao seu tio, Pedro Mariano. E aí começa a clinicar. “Ser médico é trilhar um caminho sem volta… envolto de arte, tecnologia, sentimento e amor em direção à Luz Divina”.
 
O homem, o pai, o esposo, o médico, o empreendedor e o político uniam-se em uma mesma pessoa: José Wilson. Humano, de uma empatia grandiosa, inteligente e de um amor incondicional por Custódia. A aquisição da Casa de Saúde para Custódia foi o seu grande investimento. Sua família, pela unidade e pelo amor, foi a grande incentivadora desse investimento. Funções que suas irmãs assumiram na Casa de Saúde: Maura: enfermeira; Zélia: nutricionista e Adalva: parte administrativa. Contou com a disposição, boa vontade e capacidade da sua ex-esposa Russana Melo na organização das atribuições da Casa de Saúde. Seu segundo casamento foi com uma pessoa da sua área: Denise Araújo: enfermeira que se doou com o mesmo objetivo de seu esposo. Nesta biografia, não poderia esquecer o nome da Doutora Anne, que pela perseverança, coragem, foi parceira fiel do seu grande amigo José Wilson. Cuidou da Casa de Saúde, que veio a se tornar Mater Clínica, como se fosse propriedade sua. 


Coisa que muita gente não sabia que ele fazia: era um artesão de mão cheia, talhava e esculpia muito bem. Era um colecionador de antiguidades.

As cidades de Arcoverde, Tupanatinga e Afogados da Ingazeira foram privilegiadas com os plantões do Doutor José Wilson.

O anjo de jaleco branco partiu, deixando uma população órfã e carente de cuidados médicos. O Doutor José Wilson lutou pela vida bravamente, como um bom soldado em busca da vitória. Porém, a luta foi desigual! Do outro lado, um inimigo invisível e mortal. O vírus da COVID-19 que a ciência ainda não conhece suficientemente e que já arrebatou 574.574 vidas e, “impiedosamente”, vem deixando um rastro de problemas de saúde.



Na política, buscou estender o seu objetivo de melhorar a vida do povo de Custódia. Esteve vice-prefeito do ex-prefeito Belchior Ferreira Nunes em 01/01/1989 a 31/01/1992, compatibilizando horários para dar atenção aos seus pacientes.

Ocupou uma cadeira na Câmara de Vereadores - Casa João Miro da Silva. Foi vice-prefeito do também ex-prefeito Nemias Gonçalves de Lima (2005-2009). Em 2016, esteve candidato a vice-prefeito na chapa do então candidato a reeleição Luiz Carlos Gaudêncio. A chapa não conseguiu se eleger.




A Mater Clínica hoje será marcada pelos traços do seu dono. Nos corredores, com passos firmes, se dirigia para a sala de parto, onde a vida surgia e a criança anunciava que estava chegando. E ele num gesto rápido, divulgava o sexo para a mãe. Foram centenas de meninos e meninas, hoje homens e mulheres, dentre os quais meu filho João Paulo, que vieram ao mundo pelas mãos do grande doutor! Na sala de cirurgia há histórias dos dois lados da vida. Quando o paciente estava em perigo, ele era o instrumento para que acontecesse o milagre da vida. E assim viveu para o povo de Custódia: José Wilson, foi amigo dos seus colegas de profissão e de cada um dos seus funcionários. Como pai, cumpriu sua responsabilidade. Mais do que bens materiais, ele deixou exemplos de cidadania, de humildade e os estudos para seus filhos. Caio seguiu o seu exemplo na medicina.



Para a efetivação desta biografia, contei com a colaboração dos dois grandes conhecedores da história de Custódia: Rogéria Marília Campos e Paulo Peterson.

Custódia, 23 de agosto de 2021.

Nenê.


Créditos das imagens:

Facebook de José Wilson e Alvany Lima. 



Frente a Frente com Ernesto Queiroz e José Pires Ferreira (Zuzu Pires) - por José Carneiro

Ernesto Queiroz

Zuzu Pires


Com o fim da 2ª. Guerra Mundial em 1945 veio a redemocratização do país, com eleições para Constituinte de 1946, tendo como candidatos a Presidente da República o Marechal Eurico Gaspar Dutra pelo Partido Social Democrático (PSD) e o Brigadeiro Eduardo Gomes pela União Democrática Nacional (UDN).

Em Custódia, a partir de então, passaram a figurar como chefes políticos Ernesto Queiroz pela UDN e Zuzu Pires pelo PSD, numa luta renhida e constante em busca do poder. A política partidária era uma verdadeira guerra. As famílias se dividiram e boa parte dos seus membros sequer se cumprimentava. Havia completa desarmonia social, que se refletia em todos os movimentos comunitários. Foi um tempo de incerteza, incompreensão e violência.

Ernesto Queiroz e Zuzu Pires, dois extremos, mas homens de bem e pessoas exemplares. Ou dois homens semelhantes mas desiguais. Ou duas pessoas que caminharam lado a lado a vida inteira e nunca estiveram juntos em momento algum. Ou duas almas e um destino, aquelas estranhas e este misterioso. Ou dois pensamentos comuns e dois universos distintos, convivendo no mesmo lugar com a mesma gente mas trilhando caminhos opostos. Enfim, duas personalidades que marcaram época. Assim foram eles durante a longa jornada nas águas do Sabá e nas terras de Quitimbu.

Ernesto Queiroz era um homem alto, corpulento, alegre e risonho, calmo e tranquilo, de fala mansa e pausada, conversa agradável e de modos cavalheirescos. Do casamento com Dona Maria Josefina Gomes de Sá houve quatro filhos, Ernesto Queiroz Júnior (Ernestinho), José Elídio de Queiroz (Zito), Maria José (Zita) e Maria das Graças (Gracinha), todos eles com marcante atuação no seio da sociedade, notadamente Ernestinho, que se sobressaia como orador e escritor. Ernesto Queiroz era um líder a toda prova. Sabia fazer amigos e conservar as amizades. Sua casa era a casa de todos, de portas abertas, sempre estava cheia de gente. Uma de suas características era apadrinhar crianças, contando com um universo de compadres, que faziam a diferença na hora da medição de forças partidárias . A política partidária corria nas suas veias. Nela nasceu e viveu com toda intensidade. Era popular e sabia fazer política, com o povo sempre ao seu lado. Foi Prefeito do Município por várias legislaturas. Quando a lei eleitoral impedia que fosse candidato, apresentava um correligionário de sua inteira confiança e que não tivesse apetite político, um pau mandado como se dizia, e permanecia mandando nos destinos da municipalidade. Desta forma dominou o município politicamente por cerca de cinquenta anos ininterruptos, numa oligarquia sem precedente na história de Custódia. Todavia, nunca esteve de cima no âmbito estadual, por que a UDN (União Democrática Nacional), partido de oposição ao governo, do qual fazia parte, não conseguia vencer uma eleição no Estado, apesar das memoráveis campanhas, todas com perspectivas de vitória, tendo como líder o senhor de engenho João Cleofas de Oliveira, que morreu sem se conformar com as derrotas eleitorais. As más línguas comentavam na época que o partido contrário, o PSD (Partido Social Democrático), que tinha como líder Agamenon Magalhães, dispunha de mais de cinquenta mil títulos eleitorais falsos. Além disso, contava com o poderio do governo, com as classes econômicas do estado e, sobretudo, com a força prepotente da polícia.

Ernesto Queiroz foi um homem rico, mas a política lhe dava de um lado e tirava do outro. Tanto é assim que se desfez de sua propriedade rural Várzea Limpa e da Bolandeira da cidade para gastar na política. Nunca se pôs em dúvida sua honestidade na administração da coisa pública. Era tido como um cidadão de bem e de respeito, figurando como um dos capítulos mais importantes da história política de Custódia. Desfrutou a vida inteira de grande prestígio no seio da comunidade. Um líder simples e generoso, dando lugar a se dizer que se não apoiava, no mínimo, tolerava os desmandos dos seus correligionários. Daí, como enxergam alguns, ter sido vítima de uma enorme injustiça, pagando um preço muito alto por uma dívida contraído por terceiros.

Ernesto Queiroz teve uma vida sóbria e morreu pobre. Assim é a vida, cheia de mistérios e incertezas, muitas vezes nos levando a não entender o efêmero e a duvidar da eternidade. 



Zuzu Pires era um homem alto, magro, rosto afilado, maneiroso, de pouca conversa, sisudo, sempre trajado de paletó e gravata, tinha ares aristocráticos. Casado com Dona Filomena Pires, havendo do casamento Teófilo, Antenor, Anísio e Maria do Carmo Pires. Comerciante do ramo de tecidos e considerado economicamente rico. Político, mas ao contrário do seu opositor Ernesto Queiroz não era nem líder nem popular. Na sua casa o povo não tinha vez e seus filhos, arredios, não faziam parte ativa da sociedade, com exceção de Anísio Pires que, além de médico conceituado, era um intelectual, de palestra fluente e agradável, se mostrava um homem de leituras, com amplos conhecimentos gerais, especialmente de história e geografia. Zuzu Pires, partidário do PSD (Partido Social Democrático), nunca ganhou uma eleição no âmbito municipal de Custódia. Em compensação nunca perdeu uma eleição na esfera estadual, razão pela qual sempre esteve de cima no Governo do Estado. Mas, por conta do seu pouco traquejo político, ou ausência de interesse social, pouco fez em favor da comunidade. Preocupava-se mais com o comando policial, cuidando de nomeação de delegados e o mais que dizia respeito às lides policiais. Mas, era um homem pacífico e probo, desconhecendo-se qualquer ato que venha desmerecer sua personalidade política e social.

A parte mais triste, mais dolorosa e de maior repercussão na história de Custódia foi a expulsão sumária das famílias Pires e Florêncio, que revoltou quase toda população da cidade, pois boa parte dos integrantes da facção responsável pelo ignóbil acontecimento dele não fez parte nem concordou.

Ernesto Queiroz e Zuzu Pires foram, sem a menor sombra de dúvida, os dois maiores políticos de Custódia de todos os tempos, figurando como o capítulo mais expressivo de nossa terra e sua gente.

No final de contas, Ernesto Queiroz e Zuzu Pires, hoje unidos pelos laços inquebrantáveis da eternidade, são ilustres personalidades de um tempo, merecendo o respeito silencioso dos custodienses de bem. Descansam na paz do Senhor. 

Por JCarneiro
 

 

Coisas de quem não tem o que fazer - por Carlos Lopes

Foto e texto: Carlos Lopes

No final da década de setenta com Antônio Remígio tínhamos algo em comum, além de bons amigos, gostar de caminhar pelas ruas da cidade. Sempre que o sol dava sinal de cansaço, percorríamos longos trechos, seja pelas ruas ou nos arredores de Custódia. Não havia nenhum motivo específico, apenas uma rotina tipo comer doce de leite no Posto de Seu Nivaldo, exceder-se no vai-e-vem nas ruas das paqueras e beber cajuina numa bodega na rua da bomba. Era andar pelo prazer de bater perna, tão somente e, simplesmente isso. Durante o trajeto a conversa girava em torno dos nossos sonhos futuros além dos limites municipais. Antônio falava de Cárceres no Mato Grosso e eu de prosperar em Americanas, SP. Foi não foi, surgia de espanto: ¨Epa! Já passamos por aqui.¨ Sabe que fazíamos? Atirávamos um chinelo ao céu e aonde apontasse ao cair seria o nosso norte, mesmo que já tivéssemos passado naquela rua.

Muitos anos se passaram e, nessa sexta-feira santa passada, ao percorrer a Rua José Thomás, esbarrei na curiosidade de rever ¨o curral de Luizito¨, como assim é conhecido. Não me contive e tirei algumas fotos. Aquela porteira bem ali a minha frente me conduziu a uma outra Custódia que carregava o estigma de encalhada por ficar localizada entre cidades maiores. Lembrei de Dona Terezinha e minha mãe preparando lanches e tudo mais para com Jefferson caçar de arco e flecha naquela verdadeira floresta que surgia logo depois da casa de Seu Belchior, chamada ¨As Baraúnas¨. Não foi sem propósito a permanência de uma baraúna em frente ao Colégio Polivalente. Pra encurtar a história, resolvi percorrer as ¨outroras pontas de ruas¨ da cidade, só pra ter certeza de como estava cada local da meia-volta em nossas andanças.

As fotos que se seguem a essas lembranças é o resultado da surpresa dessa semana santa de 2011: A maior parte das pontas de ruas de outrora ainda permanecem lá, intactas. É evidente que a cidade cresceu em dobro e no melhor e mais bonito estilo possível. Mas, parece que por pirraça ou coisas da vida, em alguns casos sequer há indícios de que algo foi alterado. No caso onde residia Dona Áurea, mãe de Luciana, até parece que o tempo parou, a não ser pelo visual de um condensador de split que nos remete aos novos tempos. A Custódia que parava ali, dali mesmo nunca saiu. Outros casos, só de olhos bem arregalados pra perceber que ainda existe, no caso o curral de Zé Nazaro, próximo ao cemitério. Não sou vaqueiro nem criador mas fiquei feliz pela permanência das tantas cancelas e do odor causado pelas fezes animais dos tantos currais. Aqueles que passam pelos ¨cantos¨ citados, nem devem me entender, mas se forem bem atentos perceberão que falo a verdade. Lá estão, um ¨caminhão¨ de cancelas em meio a uma cidade moderna. A bem da verdade, o custodiense de um modo geral não costuma poupar seus monumentos históricos. A secular calçada da igreja foi recentemente desfigurada, sepultando parte de um projeto arquitetônico e também as milhares de lembranças das gerações que se sucederam ao longo dos anos.



Visita do Governador Dr. Manoel Borba à Custódia (1925)

Foto cedida por Noêmia Pereira

Visita do Governador do Estado de Pernambuco, Doutor Manoel Antonio Pereira Borba ao município de Custódia em 1925. A partir da esquerda: Coronel José Estrela, Tenente Antonio de Moura, Governador Doutor Manoel Borba, Doutor Fraga Rocha e Padre Raimundo Pitta. 

Há registro ainda de outra visita do Governador à Custódia, conforme cita o site Afogados da Ingazeira Ontem e Hoje, em 1917, quando viajou de carro à cidade de Sertania, descansou no povoado de Quitimbu, seguindo para Afogados da Ingazeira, onde foi recebido com festividades pelo prefeito Elpidio do Amaral Padilha.

Paulo Peterson
 

 

18 agosto, 2021

Quixote e Sancho - por José Carneiro


TRAÇOS E RETRAÇOS narrando uma história inacreditável! Tida como verídica, não se sabe até onde vai a verdade, em face da ausência de provas. Conto como a ouvi, através de fartos comentários da cidade. Até hoje, ninguém de sã consciência, pode apontar os nomes dos dois personagens. Os boatos, todavia, assim os identificavam: o primeiro, comerciante, homem alto, magro, empertigado, inteligente, empreendedor e espirituoso. Lembrava o fidalgo cavaleiro Dom Quixote, como a partir de agora será tratado. O segundo, ao contrário, era baixo, barrigudo, cabeça chata, rala cabeleira, desengonçado e com ar de bobo. Agricultor e fazendeiro, era a cara de Sancho Pança, como será chamado.

Sancho, apesar de possuir uma grande propriedade agrícola e muitas cabeças de gado, era considerado o rico mais avarento da face da terra. Comentava-se que escondia dinheiro em botija e nos ocos das catingueiras de sua fazenda. Nos dias de feira arranchava-se na mercearia de Quixote, onde comprava os mantimentos da semana. Com o passar do tempo se tornaram amigos.

Quixote, certo dia, valendo-se da confiança e da esperteza que Deus lhe deu, mostrou a Sancho o cofre que havia no meio do salão da venda, dizendo que se tratava de um cofre forte, isto é, um móvel de total segurança, fabricado em aço puro, com uma fechadura reforçada e que, além da chave, necessitava de um segredo para abri-lo, que só ele e mais ninguém sabia, salientando que, pesado e resistente, o que nele se guarda deixa o dono certo de sua inteira segurança.

Com efeito, estes e outros argumentos convenceram Sancho e atingiram os objetivos. Tanto é assim que, como num passe de mágica, Quixote do dia para a noite surge como o novo rico. Amplia consideravelmente a mercearia, diversifica o comércio e se torna agricultor e pecuarista.

Conta-se que, noutro certo dia, Quixote chama Sancho novamente em particular e, constrangido, confessa que, forçado pela fiscalização do governo, foi obrigado a abrir o cofre e todo o dinheiro nele guardado foi apreendido, alegando-se sonegação de imposto e advertido que ficasse calado sob pena de prisão.

Há quem diga que não foi pequena a quantia depositada, muitos contos de réis.

Sancho teria dito a um amigo que foi roubado por Quixote, vangloriando-se de não ser tão besta quanto ela pensa, por não ter confiado todo seu dinheiro.

Depois disso, Sancho não cruzou mais os batentes da mercearia de Quixote.

Os moinhos do Quixote custodiense, ao contrário dos moinhos do Quixote De La Mancha, são por demais verdadeiros. 

Texto por - JCarneiro [In memorian]




Entrevistas para Monografia: Coronelismo e Cordialismo



A Monografia Coronelismo e Cordialismo na contemporaneidade: um olhar a partir de um recorte história em Custódia, de autoria de André D’ Cezaris Queiroz Remígio, tem em suas páginas, entrevistas realizadas com José Cícero Virgulino, Adauto Pereira de Souza, Terezinha de Queiroz Amaral e José Soares de Melo.

José Cícero Virgulino, 86 anos, reside na Rua João Veríssimo em Custódia.

1º) Como era o trabalho de Luiz Epaminondas “Luizito”, frente à Prefeitura Municipal de Custódia? 

R- Ele tinha ordem. Todos os finais de semana visitava as obras realizadas no município, sob os cuidados dos seus secretários. Seus funcionários tinham que trabalhar corretamente, pois os que não o faziam eram severamente punidos. Ele também examinava todos os contratos antes de serem assinados.

2º) Como era o tratamento que Luizito destinava a população da zona rural? 

R- Ele sempre participava de almoços em residências da zona rural. Quando as pessoas dessa área precisavam de alguma assistência, ele os atendia em sua própria casa. Ele trabalhava muito para essa parte da população, inclusive com a construção de barragens e escolas. Algumas pessoas falavam que ele não gostava de pobre, o que não é verdade, pois ele os tratava muito bem. 

3º) Como Luizito tratava a educação no município de Custódia? 

R- Ele foi o prefeito que mais trabalhou neste aspecto. Construiu muitas escola na zona rural e urbana, com destaque especial para a Escola Estadual José Pereira Burgos. Para esta construção ele foi falar com o governador da época, Moura Cavalcante, para que este autorizasse o início das obras. Com isso, o então deputado Antônio Airton disse que essa construção não poderia ser efetuada, pois o terreno se enquadrava dentro de uma lagoa, fazendo com que o governador sustasse as obras.

A pedido de Luizito, o governador Moura Cavalcante mandou uma comitiva para avaliar se o terreno era dentro de uma lagoa. Após a comprovação que não era, o deputado exigiu do governador que as obras só fossem iniciadas após as eleições. Então, Luizito foi até a casa de João Santos, industrial que morava no Recife, exigindo que este falasse com o governador. João Santos disse que não poderia falar, pois o governador iria encasquetar nele, mas tratou de ligar para Brasília, falando com o ministro Eurico Dutra, o qual foi até o governador de Pernambuco solicitando a imediata construção da escola. Só assim as obras saíram dos papéis. 

4º) Quais as principais obras realizadas por Luizito durante o seu mandato? 

R- Luizito construiu obras que até então não tínhamos em nosso município, como: o mercado público municipal, cadeia pública, matadouro, rodoviária e os degraus do cruzeiro.

5º) Quais os principais contatos políticos de Luizito? 

R- Marco Maciel, Roberto Magalhães, João Figueiredo, a nível estadual. A nível municipal, eram Raimundo Germano, Osório Batista e Chico Reduzido, todos vereadores.



Adauto Pereira de Souza (in memorian)

1º) Como era escolhido o corpo de funcionários do município na gestão de Luiz Epaminondas Filho (Luizito)? 

R- Através de amizades e correligionários. 

2º) Como era seu relacionamento com o povo? 

R- Na parte da saúde ele era muito prestativo, tanto para os seus aliados quanto para os seus adversários.

3º) Quanto aos apoios locais, como aconteciam? 

R- Quando Luizito assumiu, ele mostrou que queria o bem para a cidade. Ao observar isso, alguns custodienses que partilhavam dessa mesma idéia, mesmo sendo opositor, passavam a apoiá-lo em prol do bem comum. O modo como Luizito agia fez com que até adversários mudassem para o seu lado para o melhorar a cidade de Custódia.

4º) O prefeito Luizito, pelas relações políticas, atitudes e realizações em Custódia, pode ser considerado uma espécie de coronel? 

R- Ele amava Custódia, era muito seguro para soltar alguma coisa, menos para o caso de saúde, não importava a quem ele ajudava. Pelas suas influências que ele tinha, ele pode ser considerado uma espécie de coronel e também na maneira de servir as pessoas. De quem ele era amigo, era amigo mesmo. 

5º) Quais as principais obras e apoios de Luizito? 

R- Terminal rodoviário, vila da cohab, asfalto na cidade, construção da prefeitura e fórum. Trouxe um relógio de ponto para marcar a hora de trabalho dos servidores da prefeitura. Uma das tantas obras de Luizito foi a construção da estrada de Maravilha. Inclusive, na construção de outra estrada, a de Quitimbu, as obras foram interrompidas pelo então governador Miguel Arraes. Então, Luizito foi a capital Recife, deu uma entrevista para o jornal dizendo que “governava Custódia com ou sem o apoio de Arraes”. Um grande apoio político de Luizito foi Marco Maciel.



Terezinha Queiroz de Amaral, 76 anos

1º) Como era escolhido o corpo de funcionários do município na gestão de Luiz Epaminondas Filho (Luizito)? 

R- O sr. Luizito foi um político de muito tino administrativo. A sua equipe de trabalho era escolhida visando a capacidade, responsabilidade e compromisso pelo desenvolvimento do município, para um governo voltado para o povo.

2º) Como era seu relacionamento com o povo?

R- Era uma pessoa muito dedicada. Possuidor de uma qualidade imprescindível ao ser humano, muito prestativo e servidor, principalmente para os pobres. Na angústia da dor, não importava a facção política, só pensava em ajudar. 

3º) Quanto aos apoios locais, como aconteciam?

R- O prefeito Luizito entrou para o cenário político com o objetivo de pulsionar o crescimento e o desenvolvimento de sua terra que tanto amou. Os seus conterrâneos eram seus irmãos de coração. Após ser eleito, a sua atuação chamou a atenção de todos e assim conquistou os adversários que queriam o bem de Custódia e seu povo. Tornou-se o maior líder político da nossa história. 

4º) O prefeito Luizito, pelas relações políticas, atitudes e realizações em Custódia, pode ser considerado uma espécie de coronel? 

R- O prefeito Luizito, pelo seu dinamismo e atitudes tornou-se o grande líder custodiense. Ainda hoje é lembrado com amor e orgulho pelos munícipes. Muito prestimoso, lutava com garra pelo município. Estendia a sua mão amiga a quem o procurava. Do meu ponto de vista, ele não era considerado coronel, e sim, um homem enérgico quando se fazia necessário, pois a sensibilidade era sua maior qualidade. 

5º) Quais as principais obras e apoios de Luizito? 

R- O Luizito tinha um grande círculo de amizade, o que facilitava garrear o progresso para Custódia. No que diz respeito as ações e obras, construiu colégios de grande porte, reformas para melhor funcionamento da educação, ampliações do hospital e em todos os quadrantes do município deixou postos de saúde, escolas, cisternas e vias de acesso para que os agricultores tivessem condição de transportar os seus produtos, assim proporcionando a sua sobrevivência. O prefeito Luizitão, como era chamado pela maioria, tinha bom relacionamento com grandes políticos como: Marco Maciel, José Jorge, Roberto Magalhães, José Múcio, Dr. Krause, deputados e prefeitos, o que o fez membro da Associação dos Prefeitos. Com Luizito Custódia saiu do anonimato e ficou conhecida no cenário nacional. Para o nosso município crescer, era necessário que Luizito voltasse.


José Soares de Melo, 63 anos

1º) A gestão do prefeito Luiz Epaminondas (Luizito) foi considerada uma época de significativas realizações para a cidade de Custódia. De acordo com essa afirmativa, comente três grandes obras de destaque nesse período. 

R- É praticamente impossível resumir as realizações de Luizito com apenas 03 obras. Diria que a eletrificação Rural, a Construção das rodovias de Quitimbu, Maravilha, Samambaia e Serra da Torre poderiam ser consideradas importantes, no entanto considero as 03 mais importantes realizações a seguir: 

1 – O grande salto dado na educação, com a construção de dezenas de escolas de primeiro grau, implantação do 1º Grau completo em Quitimbu e Maravilha, a implantação do transporte escolar bem antes de o Governo Federal criar esse serviço;

2 – A Urbanização da cidade e distritos, com calçamento, asfalto, praças, redes de esgoto, abastecimento de água, telefonia, repetição de TV etc.;

3 – A valorização do homem do campo, com a construção de centenas de barragens, perfuração de dezenas de poços tubulares, abastecimento de água nas grandes secas, distribuição de sementes, oferta de trabalho nas estiagens etc; 

2º) O prefeito Luiz Epaminondas (Luizito) era considerado um político persistente e não poupava esforços para conseguir trazer para a cidade de Custódia projetos que a beneficiasse de modo social e econômico. De que forma ele conseguia obter estes benefícios?

R- Primeiro, ele tinha uma imensa rede de relacionamento tanto dentro como fora da política, o que facilitava muito o acesso aos gestores públicos. E depois, ele era bastante inteligente: sabia que a persistência fazia com que conseguisse obter praticamente tudo que tentasse conseguir. Quando ele escolhia uma meta, ia até as últimas conseqüências. Jamais se anunciava em Gabinete: abria a porta e entrava sem autorização, e caso não fosse atendido, ficava o tempo todo, ocupando o seu interlocutor. Tanto que tinham alguns que ele entrava, brincavam:

- Diga logo o que queres, porque eu tenho que fazer, não posso ficar fazendo sala a você! 

E invariavelmente ele era atendido.

Outro fator que ajudava muito, eram as alianças políticas, sem falar na grande amizade dele com o então Governador Marco Maciel. Quando algum Secretário colocava alguma dificuldade nas reivindicações, Luizito ameaça ir falar com Marco Maciel e era atendido na hora.

3º) Para se ter êxito na administração de um município, o político de alguns apoios. No âmbito local, quais os apoios que o prefeito Luizito contava e de que forma eles aconteciam? 

R- Luizito, em sua trajetória política sempre contou a amizade sincera de Marco Maciel. Para se ter uma idéia, quando fez uma cirurgia em São Paulo, Marco Maciel estava no exercício do cargo de Presidente da República, e saiu de Brasília exclusivamente para visitá-lo. Além dele, fez alianças com vários políticos: João Carlos Dé Carli, Inocêncio oliviera, Ricardo Fiúza etc. Além disso, mantinha relacionamentos com muitos políticos mesmo sem alianças.

4º) Quais os políticos de âmbito nacional que fazia parte do círculo de amizades do prefeito Luizito? 

R- Podemos citar Marco Maciel, Inocêncio Oliveira, Ricardo Fiúza, Gustavo Krause, José Jorge, José Múcio entre outros.

5º) O prefeito Luizito, pelas suas relações políticas, atitudes e realizações em Custódia, pode ser considerado uma espécie de coronel? 

R- Não. Talvez o que ocorreu foi uma espécie de coronelismo mais light, leve, de forma abrandada. 

6º) A máxima “aos adversários, pão e água, e aos amigos, tudo” foi utilizada durante a gestão de Luiz Epaminondas Filho, o Luizito? 

R- Não. Isso porque esse “tudo” tinha limitações. Vi Luizito perder vários eleitores – desses fortes mesmo -, pediu para substituir uma filha, que tinha sofrido um acidente, por sua irmã gêmea, para receber atendimento, e ele não concordou. Outro pedia a interferência para um filho envolvido em atividades criminosas e também não atendido. Por isso digo que esse “tudo” era restrito ao que era legal ou moral.


Estas entrevistas fazem parte da Monografia – Coronelismo e Cordialismo na Contemporaneidade: Um olhar a partir de um recorte histórico em Custódia,  cedida gentilmente para o Blog CUSTÓDIA TERRA QUERIDA por André D'Cezaris.