31 agosto, 2020

Livro Poetas Reunidos tem participação custodiense



O poeta cearense e diplomata Márcio Catunda foi o autor do projeto que reúne poemas de 20 autores. 

Livro "Poetas Reunidos" será lançado pela Nova Loja UDV com apoio dos canais de comunicação independentes Rádio Cipó e Canal do Bem. 

A custodiense radicada em Brasília, Jussara Burgos foi uma das convidadas. Ao todo foram publicados quatoze poemas da escritora. 

A venda do livro será para beneficiar duas famílias: uma de Brasília e a outra de Manaus. 

O livro será vendido em Portugal, Espanha, Itália, Suíça, na América do Norte nos Estados Unidos, no Canadá e na Austrália 

Ontem dia 30/8 foi o lançamento, através de uma Live, devido a pandemia.

Para adquirir o livro, acesse o site Nossa Loja UDV: Clique AQUI

Conheça os poetas que integram a obra:

Antonia Torreão Herrera
Assis Lima
Edson Lodi
Fernando Cavalcanti
Henrique Boechat
James Allen
João Bosco Bezerra Bonfim
João Santana
José Inácio Vieira de Melo
Jussara Burgos
Klaus Paranayba
Márcio Catunda
Marisa Mendes Machado
Paulo Afonso Condé
Paulo Matricó
Raul de Taunay
Ricardo Alcântara
Roberto Evangelista
Tiago Araripe



29 agosto, 2020

Aulas de Violão Cifrinha na Playstore


Hoje a Playstore disponibilizou o App - Aulas de Violão Cifrinha. 

Compartilharem com seus amigos.

Link abaixo 

Desde já obg e boas aulas! 🎼🙌🍀 Siga o Insta: @cifrinha


28 agosto, 2020

Baixe Aplicativo: A Bíblia (Equipe Cifrinha)


Baixe e compartilhe com seus amigos. 
Aplicativo - A Bíblia. 
Já disponível na Playstore. 
Equipe Cifrinha 

O Circo - Jorge Remígio


  
Texto:
Jorge Remígio
João Pessoa - PB
Agosto 2020

O CIRCO 

“Hoje tem espetáculo? Tem sim, sinhô” Era o jargão iniciado pelo palhaço para fazer a propaganda do circo pelas ruas da cidade, munido de um grande megafone e as características pernas de pau, onde a molecada replicava gritando em um coro entoado e unissonante que ainda hoje soa aos meus ouvidos. “Chegou um circo”. Isso era uma informação valiosa, uma notícia retumbante para pequenina Custódia que tinha à época menos de quatro mil habitantes nos meados da década de sessenta. Quando o circo chegava era uma transformação radical, contagiava crianças e adultos ficando todos radiantes, com exceção do dono do pequeno cinema que funcionava aos finais de semana.

Era realmente uma concorrência desleal, até porque o circo era uma novidade, como também, diferente do cinema, a platéia interagia com os artistas. Lembro bem que os palhaços procuravam saber nomes de rapazes da cidade, geralmente muito conhecidos e com algum destaque, para incluí-los no rol de suas piadas e gracejos, levando a plateia ao delírio com sonoras gargalhadas. Até a Rumba, ritmo cubano, ficou muito popular nessa época justamente devido as dançarinas, as rumbeiras como eram chamadas. Era uma cópia do teatro de revista, muito comum nos grandes centros nas décadas de quarenta e cinquenta. 

 Após se exibirem, saiam entre os espectadores e escolhiam alguns para jogar o lenço sobre o ombro do felizardo que diante daquela situação de exposição, ficava feio não contribuir com algum dinheiro. Mesmo considerando a exiguidade do tempo de permanência do circo na cidade, existia uma grande simbiose da população com o núcleo mambembe. Não foi raro o surgimento de amizades e afetividades também. Os circos ficavam geralmente de quinze a vinte dias, mas, teve caso de a própria população apelar para o circo prolongar sua permanência por uma semana ou mais. 

A parte final do espetáculo era chamada de O Drama. Era um teatro, e teve muitos atores e atrizes nos circos de fazer inveja aos globais de hoje em dia. O ótimo circo Arte Palácio, precisou de umas poltronas para compor uma sala onde ocorreriam várias cenas do Drama. A minha tia Maria Eunice emprestou as poltronas da sua casa, e a noite quando fui para o circo, fiquei da plateia observando aquelas cadeiras que me eram tão familiares. Me senti próximo, muito íntimo do circo naquela ocasião. Nós não tínhamos dinheiro para ir todos os dias, mas o desejo prevalecia. 



Então, todas as noites a frente do circo fervilhava de meninos travessos. Sim, no interior naquela época, os meninos não moravam na rua, mas boa parte do dia e também da noite, tinham as ruas como palco de suas brincadeiras. Eram os “Capitães da Areia”. Lembro que na frente do circo, tínhamos que ficar bem atentos, pois qualquer descuido era fatal, você poderia ser vítima da queda da cebola. Era uma bundacanastra. E eu pensei que não tivesse essa palavra no dicionário. 

Eu explico: um menino em situação de descuido, então, vinha outro e ficava de quatro por trás do mesmo. Vinha um terceiro e empurrava o descuidado que caia dando uma cambalhota no ar. Pois suas penas batiam nas costas do que estava agachado. Eram muitas peraltices. Alguns tinham, mas eu não tinha a coragem de ultrapassar a cerca de arame farpado que circundava a empanada do circo e entrar de maneira irregular, burlando inclusive os vigias que ficavam circulando. Era muito perigoso. 

Eu fiz toda essa introdução para narrar um fato muito marcante para mim em relação ao circo da minha infância. Existia um desejo muito grande, acredito que comum a todos os meus amigos, que era “gritar palhaço”. Ah! sair atrás do palhaço pelas ruas da cidade respondendo aos gritos os seus jargões. 

-Hoje tem espetáculo? 

-Tem sim, sinhô! 

-Às oito horas da noite 

-Tem sim, sinhô 

Esse desejo era vetado, censurado mesmo aos meninos que moravam no centro da cidade. As mães achavam que essa atitude era para os meninos que moravam no alto. Termo dado a umas ruas periféricas da cidade. Certo dia eu arrisquei. Tinha mesmo consciência do meu ato transgressor. 

Às duas da tarde estava eu na frente do circo junto a molecada que me olhava enviesada, como se eu fosse um estranho no ninho. Chega o palhaço com uma lata de tinta preta e em seguida fez um breve ensaio para que nós decorássemos as repostas aos seus bordões. 

Terminado, mandou que fizéssemos uma fila indiana e passou a marcar o antebraço de cada criança com um número, e em seguida saímos todos da frente do circo que estava armado nas gramas, local que hoje seria por trás do CLRC, parte baixa da cidade. Ao subir pelo beco da Difusora, já fiquei na retaguarda. 

Fui administrando estrategicamente as áreas minadas, pois as pessoas amigas dos meus pais poderiam me denunciar Todo o percurso no centro eu fiquei meio que afastado e não gritava. Tinha que me desdobrar, pois o palhaço sempre dava uma olhada para sua plêiade mirim, querendo empenho dos mesmos. Quando saiu do quadro, como chamávamos o centro, me engajei de corpo e alma aquela maravilha. 

-Ô raio o sol suspende a lua 

-Olha o palhaço no meio da rua 

No retorno, usei dá mesma estratégia. Ufa! Foi difícil administrar tudo isso, mas felizmente deu tudo certo e a noite já estava garantida a entrada no circo. Fui para minha casa correndo, pois já passava da hora do banho. Me dirigi para o banheiro e os irmãos já estavam lá. Nesse tempo a água era muito escassa, a caixa era enchida lata por lata na cabeça, vinda do chafariz público, então, eu e os irmãos tomávamos banho juntos. Levei uma bronca da minha mãe pelo atraso, a qual ficava inspecionando o nosso banho. Verificava depois orelhas, cotovelos, calcanhar e as costas. Se deixasse por nossa conta, imaginas o resultado. Quando minha mãe pegou no meu braço, instantaneamente eu o revirei. Ela insistiu e eu tentava de toda maneira esconder a marca censurada. Ela pegou com força já desconfiada de alguma coisa errada e viu. Estava lá o número cinco em tinta preta. Eu já sabendo qual seria a sua reação, pensei em milímetros de segundos. “Tudo em vão”. Ela transformou-se na hora. “você gritou palhaço”. Eu tomei uma pisa ali mesmo e ainda fiquei de castigo. Não iria para o circo no final de semana. Realmente foi desesperador. Mas, depois de um certo tempo, vi que tinha valido a pena, eu tinha realizado um desejo, um sonho, e as coisas boas não se consegue tão facilmente na vida, portanto, valeu a pena “GRITAR PALHAÇO” 



27 agosto, 2020

Cacimba Nova - por José Melo

Por José Melo
Recife-PE
17.05.2011 

O título não tem nada a ver com a excelente música de Zé Marcolino, eternizada na voz do também eterno Luiz Lua Gonzaga. É apenas um rasgo de lembranças de um passado distante, sepultado que foi pelas águas do Açude Marrecas. Cacimba Nova era o sítio em que vivi memoráveis dias de felicidade na minha infância, dias que conseguiram gravar imagens indeléveis daquela paisagem, que começava na Fazenda Guarani, hoje transformada pela invasão urbana da cidade em ruas que compõem o Bairro da Redenção. Quantas vezes não fiz o percurso de nossa casa, nos fundos da mercearia de minha família, na esquina da Avenida Manoel Borba, com a Avenida Onze de Setembro! Cruzava a Rua deserta, cedinho, sob a névoa que dominava as manhãs da cidade, pegava a calçada do velho Grupo Escolar General Joaquim Inácio, e no final do seu muro cruzava o antigo campo de futebol, onde hoje funciona o Posto Tamboril.

A partir daí, um sombreado corredor composto por cercas de avelozes, com a estradinha macia, coberta de uma areia branca, muito fina, levava até a velha casa de meus avós, distante cerca de três quilômetros da cidade. Poucas casas no trajeto. A primeira, de um senhor, cujo nome era algo como Manoel Conceição; a seguir, uma pequena seqüência de casebres de taipa, onde moravam a família de “Seu” Porfírio, e de uma senhora já centenária, cujo nome minha memória teima em não lembrar. Depois, já chegando ao Guarani, após uma curva, um pequeno quarto, onde funcionava a Bodega de João de Zumba. Mais a frente, a Fazenda que dava nome ao lugar, Guarani, com seu bangalô moderno, e um imponente Eucalipto ao lado. Agora a estrada já era mais estreita, com a vegetação quase que a recobrindo. Ao final daquele corredor, um velho umbuzeiro era parada obrigatória, quando em safra, para a colheita de umbus. A Casa de Henrique, meu parente, como quase todos que residiam naquelas bandas. Pertinho, o casarão de Tio Anízio Batista, que na verdade era tio de meu pai. Outras casinhas mais adiante, sempre de parentes. Os Raimundo, a “Tia Miné”, Minervina, outra tia do meu pai, a enorme Casa de “Tio Zé Batista”, que anualmente promovia o mais animado São João da região. 

Cruzando o Rio da Marreca, logo após um pequeno trajeto, chegava à casa dos meus avós. Velho casarão cujas paredes mais pareciam as de uma igreja: cerca de cinqüenta centímetros de espessura. Porta larga e muitas janelas na frente. Um verdadeiro salão era na verdade a parte mais movimentada da casa: modestamente mobiliada – apenas um imenso e pesado banco de baraúna, algumas cadeiras, uma mesinha com o oratório, alguns quadros com gravuras de santos e fotografias da família e mais nada, além dos indispensáveis “armadores de rede”, feitos em madeira e encravados na largas paredes, servia como sala de visitas, capelas para as novenas, dormitório de redes estendidas quando a família se reunia, área de diversão da criançada quando o sol estava muito forte ou chovia, sem falar nos verdadeiros saraus literários que eram realizados nos finais de semana, com a família reunida para ouvir a leitura obrigatória do mais autêntico meio de propagação da cultura da época, e que era conhecido por “Romance”, como era chamado o hoje famoso Cordel. Um corredor escuro separava aquele salão da Sala de jantar, e dividia a casa em duas alas com suas “camarinhas”, duas de cada lado, que era como chamavam os quartos. Na sala de jantar, uma comprida e pesada mesa, com duas cadeiras nas testadas e dois bancos nas laterais era o local das várias refeições diárias: o café da manhã, sempre às seis horas, o almoço, às dez horas, a ceia, às quinze horas e o jantar às dezessete horas, além dos lanches das crianças. 

Nada me agrava mais do que após as primeiras travessuras do dia, ir para o “Reveso”, como chamavam um pequeno pomar que ficava em frente a casa, as margens do Rio.Colhia Goiaba, manga, banana, Graviola – que conhecíamos como “Coração da Índia”, caju e muitas hortaliças e verduras. No mesmo ficava a cacimba, a fonte de abastecimento da casa, durante o período de seca. 

Achava interessante a minha avó preparar o xerém, moendo o milho numa espécie de moenda, composta por duas rodas de pedra, uma sobre a outra. A de cima dispunha de uma espécie de maçaneta e de um buraco, onde eram colocados os grãos. Girando a parte de cima, o atrito entre as duas pedras quebrava o milho, produzindo o xerém. 

Da mesma forma era interessante quando minha avó ia “torrar” café. Os grãos do café, misturados a pedaços de rapadura em uma panela fumegando espalhava o cheiro forte do café por centenas de metros. Depois de torrado, o café se transformava em uma massa pastosa, extremamente preta, que era espalhada também sobre uma pedra lavrada, em formato de tábua, para esfriar e endurecer. Depois de frio, o café se transformava em uma espécie de pizza preta, que era quebrada e jogada aos pedaços no pilão para ser socado até virar aquele pozinho amarronzado e de cheiro forte. 

Na cozinha, o velho “Meu Louro”, que não escapava das brincadeiras da meninada. Tio Dué o ensinou a assoviar. Anos depois, não sei como, ele ensinou o papagaio a perguntar, sempre que alguém assoviava: 

-“ Foi eu ou foi tu?” 

Tio Dué caía na gargalhada, dizendo que o papagaio estava “caducando”. 

No cercado que ficava após o curral, as margens de um riacho, um frondoso sombrião, com suas flores vermelhas era o abrigo certo para as brincadeiras da meninada, quando o sol queimava de quente. Algumas fruteiras, como pinha, manga e graviola nos forneciam preciosos frutos. 

No terreiro da frente, a velha quixabeira, que abrigava do sol o velho e encardido carro de bois. Deitado nele sonhei muitos sonhos de criança livre, despreocupada e feliz. 

Ao entardecer, não sei por que, mas sempre me sentia como que angustiado, naquele momento de paz, de solidão, no lusco-fusco da passagem do dia para a noite. Os pássaros iam encerrando suas sinfonias, o sol esmaecia no poente, os únicos barulhos perceptíveis eram os dos chocalhos que com seu som monótono anunciavam a chegada das vacas leiteiras do pasto, para a separação noturna de seus bezerros, que ficavam, no linguajar do sertanejo, “apartados” para preservar o leite da manhã seguinte. 

E a noite assumia o lugar do dia, não raro com a presença mágica da lua, que enfeitava o céu azulado com sua claridade prateada derramando-se pelos terreiros, estradas e roçados. Estrelas brilhantes enfeitavam aquele cenário espetacular, deixando a todos embalados pela brisa fresca que varria os campos e chegava até a calçada do velho casarão, verdadeiro encantamento que me fazia teimar em permanecer até tarde observado aquele cenário. 

Velhos tempos, belos dias que teimam em não sair da minha lembrança.       

Conto Tia Zambelê


Panorâmica do Conto em Pernambuco reúne um conjunto de obras literárias a fim de desvelar o povo pernambucano no cenário nacional, onde 114 autores, nascidos neste Estado ou que, por qualquer circunstância, vivenciaram ou vivenciam a realidade pernambucana, suas experiências históricas, seus momentos de alegria, seus anseios, suas adversidades e suas realizações. Quem se debruçar sobre este livro, ao concluir sua leitura, verificará que alcançou uma ampla visão literária de Pernambuco e do Brasil, uma vez que deste torrão também se formou, com muita luta e sacrifício, a identidade brasileira.

O município de Custódia, é citado na página 503, no conto “TIA ZAMBELÊ”, escrito por MARIA INÊZ OLUDÉ, filha de Augusto Belo e Julieta Januária, nascida em Betânia, mas durante um período residiu em Custódia.

[...] Placas era um vilarejo onde seu Pai, Zeca Diabo, trabalhava para o Ministério da Fazenda, ou seja, ele calculavas as cargas dos caminhões e aplicava o imposto. Bom, o vilarejo era um posto de gasolina, a casinha que representava o prédio do imposto de rendas, um hotel que nem merecia nome, um restaurante na beira da estrada e algumas casinhas de moradia. Pra dizer que nem cemitério tinha, que morria era levado para ser enterrado e Arcoverde onde o cemitério era de primeira, Placas era o lugar onde o Judas perdeu as botas, cruzamento das fronteira entre Pernambuco e Bahia. Com estradas que iam de Triunfo, Custódia, Recife, Algodões e Piutá. (Oludé, pág. 504)

[...] O Tio Né ficou com pena e levou a Marreta de quatro anos e Mocinha de treze a nos para o sítio dele, situado perto de Custódia. (Oludé, pág. 512)

Produto disponível no site da LIVRARIA SARAIVA

Enviado por JOSÉ SOARES DE MELO

Naime Campos/Zé Biá/Alaíde - por Fernando Florêncio


Li uns escritos do Jorge Remígio no blog. Coisas que nos remetem ao mais profundo mundo das lembranças e geram saudades. Retratam bem a Custódia da nossa época. Quando digo “nossa” refiro-me à época vivida pelos sessentões ou a aqueles que estão a caminho. 

Existem custodienses da “gema” que originaram fatos enriquecedores, histórias (e estórias) que tão bem relatadas são inseridas no Blog Custódia Terra Querida, levando Jussara Burgos, Zé Melo, Jorge Remigio e este humilde escriba, à condição de arquivos vivos de uma fase bonita, criativa, eivada de fatos marcantes, sérios e hilários da vida na nossa cidade. Só que em Custódia o único arquivo vivo chama-se Dr. Pedro Pereira Sobrinho, até prova em contrário. 

Se Pedrinho resolvesse escrever suas memórias, o livro teria a espessura e um número de páginas idênticos (se não mais) correspondente à espessura e número de páginas de uma lista telefônica do Estado de São Paulo. Isto quando existiam listas telefônicas. 

Nada mais justo, conceder um preito de gratidão por terem gravado a história de Custódia nas mais remotas lembranças da nossa existência, tanto assim que estamos aqui a relatá-los e levá-los ao conhecimento desta nova geração, a quem cabe sequenciá-los, não os deixando a vagar pela poeira da estrada da vida. 



ZÉ BIÁ. 

Pequeno homem na estatura, mas de um coração gigante. Deleitava todos nós com as músicas e o som ingênuo tirados da Zabumba e do seu “pife”. Era bonito ver Zé Biá tocar. Cada um de nós pretendia ser um Zé Biá, imitando-o tentando ser um dia um zabumbeiro soprando um “pife” improvisado feito da haste ôca da folha do mamoeiro. Por questão de justiça, rendo a todos os zabumbeiros, minha admiração, respeito e homenagens. Apesar das “pingas” que tomavam de bodega em bodega, faziam um som limpo. Nunca desafinavam. 

ALAÍDE SILVA CARVALHO. 

Negro gigante de sorriso largo. A abertura do nosso carnaval na madrugada do sábado, o vozeirão do Alaíde, acordava toda acidade entoando o canto de partida: 

“LA VEM O CARIRI AÍ, CANSADO DE PEGAR CRIANÇA, PEGANDO AS MOÇA SOLTEIRA PEGA TUDO QUE A VISTA ALCANÇA...”(sic) 

Indicava que estava aberta a temporada carnavalesca e liberado o “*entrudo”. 

Nos dias atuais, Alaíde seria nosso Rei Momo com todas as honras e glórias possíveis e imagináveis. 

(*) ”Mela mela”. Sujar as pessoas de água, talco e outras ingredientes menos recomendados e não identificados.) 

NAIME CAMPOS

Naime tem na sua história a quebra de um tabu, que só viria a ser usual depois de muitos anos. O paradigma de homem se vestir de mulher, com peito e tudo, falando fino, sair rua a fora, bodega por bodega, venda por venda, bar por bar, foi quebrado por Naime. 

Todos os anos, durante a segunda- feira de carnaval, saía Naime travestido de mulher, a faturar os trocados para a cervejinha da noite. 

Creio que em todo o mundo machista do vale do Moxotó, tamanha ousadia até então ninguém tivera coragem de assumir. 

Pintado de preto, cabeça raspada a navalha, trajado com algum vestido emprestado por uma das irmãs, na segunda feira de carnaval, lá vinha o Naime “arrecadando” a grana das cervejas da noite que seriam tomadas no bar do Clube Lítero Recreativo de Custódia. Naime descolava uma graninha esperta. Detalhe: 

Nunca deixava ninguém lhe passar as mãos “nas partes”. Nem na frente nem atrás. 


FILOTANDO. 

Naime com sua verve séria, porem sempre cômica, nos brindou com esta pérola que passo a relatar. 

O forró mais animado e mais popular do São João, em Custódia, acontecia no Bar de Zuca Pinto, situado, creio que na esquina da rua Luiz Epaminondas com a Praça Padre Leão. Do outro lado o casarão do avô de Pedrinho Pereira. Aquela rua que sobe e vai até a cadeia pública. Era mesmo um forró para o povão. 

O sanfoneiro sempre foi “Mané” de Oscar, porém naquele São João, tendo compromisso já assumido lá pras bandas de Betânia, Mané passou a bola pra Alípio. 

Alípio um negro simpático, cheio de ginga, namorador, tocava uma sanfoninha com 

“oito baixos” de dar inveja. Fazia miséria com aquele fole chamado jocosamente de “pé de bode”. Repertório limitado, Alípio a cada duas músicas repetia sua preferida e única que sabia a letra até o final: 

“O candeeiro se apagou, o sanfoneiro cochilou, a sanfona não parou e o forró continuou...” 


Forró no Escuro. Clássico de Luiz Gonzaga. 

Sebastião “Leriano”, (Leriano: Não se sabe se é uma corruptela de “Aureliano” ou por causa de “leriado”, sinônimo bastardo de conversador) era o mais assíduo frequentador de todos os forrós onde Alípio tocava. Sempre de terno de linho impecavelmente amassado, Sebastião era apelidado de o “Pombo Branco”, apesar de ser da cor negra. Ozinaldo e Alfredo também se faziam presentes nos forrós tocados pelo Alípio, cuja profissão real era ser sapateiro. 

Sebastião “Pombo Branco”, sempre tirado a falar difícil, certa feita perguntaram-lhe: 

Então Sebastião, como foi o forró de ontem lá no Quitimbú ? 

Rapaz! O forró esteve uma DIOCESE de tão bom! Respondeu o simplório Tião Leriano. 

Naquele forró do dia de São João no bar de Zuca, a mesa da sinuca foi encostada no canto do salão e sobre ela, servindo de palco: 

Alipio (nos oito baixos) João Kaki Oito (no violão) Zezin Calango (no pandeiro) Avião de Alcides (no triângulo) e na zabumba Chico Deca, que logo após viria a morrer num acidente de caminhão. 

Aquele forró transcorria muito animado, com muita calma, até aquele momento nenhuma arma, principalmente peixeira, tinha sido tomada. Cautelosamente, sabendo que na entrada do baile o Cabo Deodato mais dois soldados estariam de plantão dando uma corrigida geral nos frequentadores, e quem estivesse armado, teria a arma apreendida, então, por precaução, e para não passar vergonha, as armas foram deixadas em casa ou escondidas em algum buraco de muro ou moita de mato. Todos sabiam que o Cabo Deodato não brincava em serviço, dizia ele que do lado que era liso era um ralo, do outro esporão de galo. Cumprindo as ordens do Coronel Manoel Neto, então, quem quiser que se habilitasse. Era cana dura. 

Uma moça morena e muito bonita estava no salão. De visita à cidade, chamava a atenção da rapaziada. Não era conhecida em Custódia e com certeza devia ser convidada de alguma família. Era junho, portanto devia estar de férias. 

Sentada e bem comportada no canto do salão, sempre observada com muita curiosidade. 

Zezin de Chico Barra, com um medo da gota serena, pois a moça poderia estar esperando o namorado e seria confusão na certa, mesmo assim encheu-se de ousadia, meteu a cara e foi tirá-la pra dançar. 

Voltou para onde estávamos, dentro do bar tomando Samba em Berlin (Rum Montilla com Coca-Cola) e com a maior cara de Amélia nos disse que a moça lhe “cortara”. Dissera ela: 

“-Não posso. Eu só danço filotando”...(?) 

Aquilo nos deixou encabulado. 

Hermes Leandro, exímio dançarino, conhecido pelas qualidades de um Pé de Valsa, levou também uma “cortada” da moça: 

Ela só dança “filotando”. Voltou o Hermes dizendo cabisbaixo e invocado. Como seria aquela dança? Questionávamos nos todos. 

Depois de mais dois ou três serem “cortados”, aí entrou o Naime na história. 

Sob nossa curiosidade, o Naime atravessou o salão de lado a lado, disposto a dar o famoso cheque- mate na dama de fora que só dançava “filotando” e que já cortara uns cinco. 

“Se não dançar comigo agora, esta noite, não dança com mais ninguém. Está cansada, vá simbora”!! 

Não precisou tal grosseria. Naime foi educado e a moça correspondeu explicando com ponderação, como se vê a seguir. 

Naime chegou até a moça com gosto de gás e abriu o verbo: 

Fique a dona moça sabendo que eu paguei a quota (entrada) e quero dançar. Eu danço de tudo: 

Xote, Côco, Baião, Xaxado, Reisado, Bolero, Samba-Canção, Samba de Roda, Mambo, Tango, “filotando”, sem “filotar”, assim, quero dançar com você. Escolha. 

A pobre moça, constrangida, só respondeu: 

Moço eu só danço filotando. E esclareceu o mistério: 

É QUE FILÓ É MINHA TIA. ESTOU HOSPEDADA NA CASA DELA. COMO NÃO SOU DAQUI, ELA ME PEDIU PRA SÓ DANÇAR QUANDO ELA CHEGAR. 

ASSIM, EU SÓ DANÇO FILOTANDO. 

ME DESCULPE! 

Naime retornou murcho igual maracujá engavetado. Não disse palavra. Nem podia. O motivo para a moça não dançar carecia apenas de explicação. 

Fernando Florêncio 
Ilheus/Ba (02/11/2011) 


25 agosto, 2020

Biografia: Ulisses Manoel Venâncio "Seu Ulisses do DNOCS"



Ulisses Manoel Venâncio natural Angelim no Agreste meridional de Pernambuco, nasceu em 02 de janeiro de 1937... por muitos conhecido em Custódia como “Seu Ulisses do DNOCS”. 

Era filho do Sr. Manoel José Venâncio e Dona Quitéria Josefa Venâncio. Seus irmãos: João Manoel Venâncio (Cuiabá), Cícero Manoel Venâncio (Serra Talhada), Albertina Manoel Venâncio (Irecê/BA) e Ernestina Manoel Venâncio (Brasília/DF). Os seus pais eram agricultores na cultura de café em Angelim/PE até o final dos anos de 1940, quando migraram para Serra Talhada já aposentados, no final dessa década. 

Sr. Ulisses e Dona Daura 2013

Em 1958 casou com Maria Daura Nunes de Araújo, ela adotando o nome de Maria Daura Nunes Venâncio. Deste casamento nasceram 10 filhos, pela ordem: Maria Auxiliadora (Dôra) em Serra Talhada 1959, Wilson em Arcoverde 1961, Wilame em Belo Jardim 1963, Wellington em Custódia 1964, Djailson em Custódia 1965, Winston em Custódia 1967, Alcione em Arcoverde 1969, Júnior e Cidinha (Gêmeos) em Arcoverde 1973 e Aline em 1976 também em Arcoverde. 

Wellington (In Memoriam) D. Daura, Wilame, Sr. Ulisses e Wilson 
Foto em Custódia19/09/1965

Depois de ter contribuído como servidor público do DNOCS na construção dos açudes públicos de várias cidades como: Salgueiro, Serra Talhada, Belo Jardim, Arcoverde, São Bento do Una, Palmeira dos Índios/AL, entre outras, a história de “Seu Ulisses” se inicia em Custódia no ano de 1964, quando se deu início às estruturas para a construção do Açude Marrecas (Açude Custódia). Após ter trabalhado em várias cidades, a partir de março de 1973 voltou a morar em Custódia e decidiu não sair mais. 

Após a inauguração do Açude Marrecas no final dos anos 60, morando em Arcoverde, voltou em 1972 para trabalhar em Custódia, onde teve expressiva participação na administração e implantação do Perímetro Irrigado de Custódia nas décadas de 70 e 80, continuando atémeados dos anos 90, quando foi coordenador das Frentes de Emergências em período de seca,quando esta era administrada pelo DNOCS. 

Foi reconhecido numa edição da Festa das Personalidades em 1994 como Funcionário Público do Ano, demonstração de reconhecimento da sociedade custodiense pela sua dedicação como servidor público, trabalhando em prol da cidade que adotou. Também como reconhecimento ao seu trabalho como Servidor Público dedicado a Custódia, a Câmara dos Vereadores de Custodia aprovou recentemente, por unanimidade, o Projeto de Lei do Legislativo nº 010/2020, do nosso amigo e Vereado Cristiano Dantas, nomeando uma rua com o seu nome no bairro Mandacaru (Loteamento João Domingos) onde ele expressava o prazer e orgulho de lá morar. Se aposentou em 1996 aos 59 anos, vindo a falecer na rua José Gorgonho da Nóbrega, 41 no dia 09 de fevereiro de 2018,aos 81 anos. 

Como gostava muito de trabalhar, logo que se aposentou abriu um Barzinho no anexo de sua casa na Rua do Polivalente, onde estreitou mais ainda os laços de amizades com toda a sua vizinhança. 

É prazeroso poder falar, embora pouco, de um homem que para todos os seus filhos e amigos foi exemplo de integridade, honestidade e querido todos os custodienses. Não se tem conhecimento de um único desafeto de “Seu Ulisses” em 54 anos que viveu em Custódia. 

Aproveito para agradecer de coração a todos os custodienses pela acolhida a família Venâncio de “Seu Ulisses”. Eu sou Wilame Venâncio, nasci em Belo Jardim, moro em Recife e sou custodiense com muito orgulho! 

Por: LUIZ WILAME NUNES VENANCIO – 25 DE AGOSTO DE 2020

Livro: Em busca do Circo das Sombras

Em busca do circo das sombras - Autografia | Menor preço com cupom


O livro Em Busca do Circo das Sombras conta a história de Benjamim, jovem que vive em um circo e sempre teve um sonho: conhecer a sua mãe. Ela faleceu momentos depois de seu parto, fato abalou toda a vida dos circenses que conviviam com ela. Por isso, buscando respostas para o que ocorreu, Benjamim resolve organizar uma jornada para encontrar do Circo das Sombras, onde encontrará respostas para o que aconteceu.

O livro é repleto de emoção e aventuras e eu compartilho com o leitor toda a minha imaginação, criando um mundo de fantasia onde os sonhos são possíveis. Em Busca do Circo das Sombras é uma verdadeira viagem ao fantástico, que leva o leitor a conhecer um pouco mais de toda a magia que existe na vida circense

A imagem pode conter: 1 pessoa, sorrindo, sentando

Sobre o autor:

Nascido e criado na cidade de Custódia, Sertão do Estado, Édipo Santos se mudou para Recife aos 14 anos, para continuar os estudos. Formou-se em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Pernambuco. 

Atualmente trabalha na área industrial enquanto escreve seu próximo livro.

O livro pode ser encontrado nas principais livrarias do país.

24 agosto, 2020

Perfil: Ernesto Queiroz Júnior


 ERNESTO QUEIROZ JÚNIOR 

Natural de Custodia-PE, filho de Ernesto Queiroz e Maria Josefina de Sá Queiroz.

Casado com Ana Rosa de Queiroz desde 24.12.1962 com quem viveu feliz e contente por mais de 43 anos, pai honrado e dedicado de 07 filhos: José Ernesto de Queiroz, João Bosco de Queiroz, Joaquim Jose de Queiroz, José Marcelo de Queiroz, José Emerson de Queiroz, Ana Paula de Queiroz, Maria Luiza de Queiroz. 

PROFISSÕES: 

Político, Funcionário Público, Professor, Escritor e Advogado. 

Na sua profissão exerceu os seguintes cargos: 

Foi secretário municipal de Custodia de 17.04.1957 até 15.10.1963. 
Vereador eleito em 15.11.1963 ate 31.01.1969 pela cidade Custodia. 

Auditor fiscal concursado em 1968, promovido a agente fiscal em 20.09.1972 tendo exercido sua função até aposentadoria. 

Advogado Tributarista, militante desde 1971, quando se formou pela FADICA – Faculdade de Direito de Caruaru. – assumindo no ano seguinte a cadeira de professor em direito financeiro. 

Escritor – autor de vários livros publicados, dentre eles, um coronel sem patente, onde a brisa encosta o cisco e deixou ainda 02 livros no prelo. 

Advogado militante desde 1971, jamais deixou de lutar pela justiça e pelo direito. 


TÍTULOS RECEBIDOS 

Membro efetivo das seguintes Academias jurídicas: 

Da Academia Brasileira de Ciências Morais, Políticas e Sociais – RJ 

Da Academia Internacional de Direito Comparado – RJ 

Da Academia Pernambucana de Letras Jurídicas – PE 

Da Academia Brasileira de Letras Jurídicas – RJ 

Da Academia Pernambucana de Ciências Morais e Política - PE 

Professor de Dir. Financeiro da Faculdade de Direito de Caruaru. 

Da Academia Caruaruense de Cultura Ciências e Letras - ACACIL - 

Cidadão de Caruaru título recebido em 1997. por iniciativa do Vereador José Antonio da Silva ( Zeca ) aprovado por unanimidade. 

Incontáveis condecorações e medalhas de honra ao mérito por serviços prestados em todos os cargos que ocupou e em defesa da sociedade e da justiça. 

LIVROS

Um coronel sem patente
Onde a brisa encosta o cisco

OUTRAS REALIZAÇÕES 

Fundador de varias associações recreativas culturais e religiosas, destacando-se o Centro Lítero Recreativo de Custodia, o Centro Espírita Leon Diniz, o Centro Espírita Beneficente UNIÃO DO VEGETAL em 1989, em Caruaru. 

Autor do requerimento de fundação da escola normal ERNESTO QUEIROZ, hoje colégio ERNESTO QUEIROZ. 

Fundador nos idos de sua mocidade de um jornal denominado CUSTODIANAS. Com circulação mensal. 

Fundador da Biblioteca Pública Municipal de Custodia. 

OUTRAS ATIVIDADES 

AMIGO de todas as horas, fiel e companheiro. Desbravador desconhecia o medo do fracasso, Nordestino e lutador um homem de fibra. 

IRMÃO amou a família e semeou a união e a amizade entre todos, sabia cobrar, mas também sabia servir e amar. 

PAI em todos os sentidos e em todos os momentos, jamais deixou de estar junto com os filhos, participava de todos os acontecimentos escolares ou profissionais. Caseiro sempre voltava trazendo pequenas lembranças e grandes sorrisos. Um grande ser, o primeiro amigo, o primeiro Mestre. 

ESPOSO fiel e carinhoso fez do seu lar seu castelo, criou e educou seus filhos através do exemplo e da retidão dos seus atos. 

MESTRE iluminou e guiou os caminhos de todos aqueles que dele precisou, trazia sempre uma palavra amiga e confiante, jamais dizia NÃO, quando muito “vamos vê”. De doutrina reta buscava sempre a sinceridade, organizado e atencioso sempre respondia as indagações e as dúvidas de quem precisasse. 

Plantou e semeou um legado de boas obras e uma legião de amigos. 

Aos amigos a consciência de ter ajudado sempre que possível, aos familiares, manas, sobrinhos e netos a certeza de uma grande e infinita amizade, aos filhos o exemplo que sempre foi seu maior ensinamento, construiu sua vida sob a bandeira da justiça e da amizade verdadeira, a esposa amantíssima saudades eternas e um reencontro futuro, aos discípulos o espelho das boas ações e a certeza de um renascer em outra dimensão. 

Texto: Família

A Ladeira da Saudade - Plínio Fabrício


Se outra vida tiver, quero morar nesse lugar. A Ladeira da Saudade - Plínio Fabrício

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Baú do Futebol Custodiense - por José Orlando

UNIÃO DO IRAQUE, HOJE BAIRRO REDENÇÃO
CAMPO DE ESMERINO

BOTAFOGO UM TIME RESPEITADO NO FUTEBOL CUSTODIENSE(1992-2000)


Fotos: José Orlando

Rua Manoel Borba na década de 70



Custódia da década de setenta. Observam-se traços da arquitetura da época, em alguns casos, até de muitas outras décadas atrás, a exemplo do bangalô à direita. 

Outra curiosidade: transporte da época, vê-se um Jeep estacionado na Avenida Manoel Borba. (José Melo)

Rua Manoel Borba - por José Melo


Custódia da década de setenta. Observam-se traços da arquitetura da época, em alguns casos, até de muitas outras décadas atrás, a exemplo do bangalô à direita. 

Outra curiosidade: transporte da época, vê-se um Jeep estacionado. 

(José Melo)

Grupo Teatral Astecas - por Carlos Lopes




Nos anos setenta, a vizinha cidade de Sertânia foi exemplo no esporte e na cultura. Os seus fabulosos jogadores de handebol foram à alma da seleção estadual e a cada ano o número elevado de alunos que ingressavam nas universidades recifenses não era novidade pra ninguém. No teatro não foi diferente, todo mundo sabia do Grupo Teatral Disparada.

Em 1974, a nata dos estudantes custodienses apresenta uma peça teatral composta a partir de um folheto de cordel, onde a convite de Fernando José interpretei um personagem de poucas falas. O Grupo Teatral Os Gândavos foi de suma importância a tantos jovens que viram na dramaturgia uma forma de se aculturar e proporcionar entretenimento a uma sociedade muito fechada e de poucas oportunidades.

Além de consideráveis montagens, o grupo mantinha-se sintonizado com o Serviço Nacional de Teatro, recebendo orientações, revistas e apoio técnico, estimulante aos grupos que se formaram posteriormente. Com o passar dos anos houve o esvaziamento natural de estudantes que migraram às grandes universidades do país. 

Em 1976, juntamente com Ione Miro, Nalva Aleixo, Gisoleide Ferreira, Maria de Fátima, Carlos Nunes e Edilene Feitosa foi criado o Grupo Teatral Astecas. Meses depois, no dia 8 de setembro de 1976 estreamos com a peça ¨A Pobreza Envergonhada”, no Colégio Municipal Padre Leão, de onde todos éramos alunos.

A curta trajetória deste grupo foi marcada pela montagem da peça infantil de Maria Clara Machado, “Pluft o Fantasminha”. A esta altura alguns novos membros foram incorporados e já tínhamos um aparato técnico compatível evitando as gafes iniciais. A apresentação foi feita com sucesso no Colégio Municipal Padre Leão, e em seguida, no dia 21 de abril de 1977, fizemos apresentação para os alunos do Colégio General Joaquim Inácio. Na platéia havia um casal muito especial. Os caruaruenses Paulo Andrade e sua esposa Célia Regina me procuraram no dia seguinte se dizendo satisfeitos com o nosso desempenho. Estava nascendo ali um novo grupo teatral. Aliás, o ressurgimento do Grupo Teatral Os Gândavos. Mas aí é uma outra história.

Por Carlos Lopes
Foto: Peça Morre Um Gato na China