02 setembro, 2021

Asfalto de Feira - por Cristiano Jerônimo


É quando eu sei que o Sertão está molhado que o conterrâneo do Moxotó, Paulo Joaquim Peterson Pereira, convida para escrever no blog mais movimentado da região. O de Custódia, minha terra natal. Sou do mato. Sempre andei pouco na rua. Sempre gostei de ir em cima da camionete, 24 quilômetros, da Fazenda Mimoso para a Feira de Custódia, imaterializada às segundas-feiras. 

No domingo era dia da Feira de Quitimbú que, praticamente, acabou no final da década de 1980 e início da de 1990. Agora, de três anos para cá, é que a feira de Quitimbú está sortida e movimentada. Bolsa tudo para as famílias, a economia aquece. Mas há quem diga que a mão-de-obra esteja escassa e mais cara, por incrível que pareça. Lula lá é rei.

O povo do Alto Pajeú, além da população que vive em função dos quase 45 quilômetros que ligam a BR-232, no Centro de Custódia, ao município de Iguaracy, aguarda ansiosa e sonha com o calçamento da rodovia, uma PE, que dá acesso a Afogados da Ingazeira, Paraíba ou Sertânia e suas saídas. O secretário de Transportes de Pernambuco, Sebastião Oliveira, que manda nas estradas, além de ser nosso vizinho de Serra Talhada, é primo e afilhado político do veterano deputado federal Inocêncio Oliveira, serra-talhadense que sempre gozou de muitos votos nos locais que precisam da obra.

Com isso, as crianças, adolescentes, adultos e idosos do mato poderão ir para a rua, no dia de feira ou outro qualquer, bem mais rápido e de forma desenvolvida. O acesso escolar dá um salto de qualidade fora de série, como diz meu pai. Só não terão o prazer de rechear o cabelo de poeira no verão. Quando chegava do sítio em Custódia, batia no cabelo e caía dois quilos de barro amarelo em forma de poeira. Batia na roupa, caía outro tanto. Hoje, não quero mais andar à cavalo ou égua. Prefiro o barulho de uma 200 cilindradas. Faz tudo o que um cavalo faz e um pouco mais. Bem mais. Movida à gasolina. É. Cavalo do matuto agora é moto. Só não anda de motocicleta quem está de besta. É brincadeira, mas o negócio da estrada é o asfalto da feira!

Cristiano Jerônimo é jornalista e escritor pernambucano.
 

 

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