Seu Jovino era um homem singular. Não sei de onde veio e quando chegou em Custódia. Uma pessoa verdadeiramente divertida. De estatura mediana, gorducho, barrigudo, rosto arredondado, feioso mas simpático, usava suspensório e óculos de lentes redondas. Era maneta, dizendo que perdeu a mão e parte do braço numa prensa na padaria onde trabalhava. Vangloriava-se de ser descendente de português. Bem casado com Dona Izoíla, também gorducha e barriguda, tinha duas filhas, Luisinha e Maria Luíza, às quais dedicava muito carinho. Comerciante do ramo de padaria, negociando também com secos e molhados, além de compra de algodão, mamona e peles.
Era rábula, exercendo a função pública de defensor dos presos pobres, desempenhando sempre um papel nos agradáveis dramas do Padre Duarte. Era impagável! Nunca decorava a parte, mas se saia bem, dado o grande poder de improvisação. Engraçado por obra e graça da natureza, tudo quanto dizia tinha humor e provoca risos. O maior contador de causos que conheci, foi quem fez Custódia mais rir. Onde quer que se encontrasse, estava cercado de gente para ouvir suas gostosas histórias e hilariantes causos. Um verdadeiro tônico para os custodienses, pois, como se sabe, rir é o melhor remédio.
Gostava de jogar sinuca e quando o fazia o salão se enchia de gente para ouvir suas tiradas filosóficas. Todos os domingos, invariavelmente, quer chovesse quer fizesse sol, ao entardecer, ia ao cemitério e passava horas junto ao túmulo do filho falecido ainda criancinha. De uma comicidade inata, no Tribunal do Júri Popular, como advogado dativo, e nos dramas, como participante, era o centro das atenções, dadas as suas espirituosas improvisações. Era querido por todos. Gostava de seu Jovino e o tenho como uma personalidade marcante da história de Custódia.
Era a alegria em pessoa. O nosso Chico Anísio!
Texto: JCarneiro
Texto: JCarneiro
Meu padrinho de crisma, Jovino Costa Leão, comerciante, as segundas feiras, dia da feira livre,amenizava o calor ocasionado pelo sol poente, atendendo a freguesia no balcão, sem camisa. Ou seja, como se dizia na época: Nú da cintura pra cima.O umbigo, que mais parecia um limão,sobressaía-se como que querendo "pular" libertando-se do enorme barrigão.
ResponderExcluirFernando Florencio
Ilheus/Ba
Conheci seu Juvino. D.Luizinha foi minha professora no Grupo Escolar.
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