04 julho, 2021

O último tronco da nossa árvore genealógica materna já não está mais conosco. Por Lindinalva Pinto Simões de Almeida (Nenê).

Fotos: Acervo Familiar


A vida é mesmo surpreendente. A cada segundo, a cada dia, rimos, cantamos e choramos. Surpresas boas e outras tantas desagradáveis. Dia 28/06/21, as Famílias Pinto e Barbalho foram surpreendidas pela morte de Eurides Pinto Barbalho. Todos os cuidados e desvelo dos filhos e netos não foram suficientes para impedir o “agente da morte” - COVID-19 - vírus minúsculo e devastador.

Neste tempo pandêmico, vivemos a compartilhar o sofrimento das pessoas que perderam seus entes queridos. Tempo de incerteza, angústia e de dor. Assim tem sido a vida das famílias de mais de meio milhão de brasileiros que partiram numa viagem solitária e sem volta. Custo a acreditar que estamos reféns da nocividade dessa coisa invisível.



Titia Eurides teve o privilégio de viver 91 anos. Poderia ter vivido muito mais, com a memória parcialmente lúcida. Nesses seus 91 anos, 14 foram de cadeira de rodas. Filha do espirituoso Floriano Pinto do Amorim e Regina Pinto de Melo. Tinha quatro irmãos: Gerson Pinto, Maria Pinto, Lindalva Pinto e Antônio Pinto. Todos nascidos em Custódia. 

Era dona de uma beleza peculiar; alegre e vaidosa. Foi uma das primeiras professoras leigas do município de Custódia e também uma das primeiras a receber a fita do Coração de Jesus da Paróquia São José, que usava nas celebrações eclesiais com respeito e amor. Era muito religiosa. Quando as crianças da família estavam doentes, ela rezava com orações lindíssimas. 



Nas cidades por onde passou, deixou muitos afilhados. Cantava e tinha uma voz suave. Fazia tricô e crochê com muita perfeição. Foi casada com Antônio Zacarias Barbalho e em 1959, o casal resolveu morar no Estado do Paraná, na cidade de Colorado. Sofreu com a distância e a saudade dos que ficaram. Foram longos anos. No Paraná, em Colorado, nasceram cinco filhos. Com os três que haviam nascido em Custódia, totalizam oito: Floriano, Eurenice (Bebé), Francisco (Tico), Reginaldo, Edileuza, Romualdo, Eli e Ronivaldo. 

Em 1963, um fato muito triste aconteceu naquele estado: o maior incêndio florestal do Brasil à época. Dois milhões de hectares queimados, em 128 cidades, foram atingidas pelo fogo. Mamãe soube do incêndio através da Rádio Clube do Recife. Temíamos que o incêndio chegasse a Colorado. E já não recebíamos notícias de titia. A preocupação aumentou. Cartas eram enviadas sem respostas. Era uma constante ouvirmos a Rádio Clube para ter notícias do incêndio. Num determinado dia, mamãe tomou a decisão de enviar uma carta ao Governador do Paraná, à época Ney Braga, pedindo que localizasse Eurides Pinto Barbalho. 



Esperamos três longos meses sem resposta. Em determinado dia a resposta do governador chegou. “Eurides Pinto Barbalho, professora na cidade de Colorado, foi localizada”. Chorávamos e sorríamos de alegria. O governador informou ainda que o incêndio não atingiu aquela cidade. E, em 1971, finalmente, titia volta a Custódia com toda família. A sua estada foi por pouco tempo, indo morar na localidade de Fátima, município de Flores, terra de seu esposo. E com uma história recheada de lutas e vitórias, volta para Custódia, onde viveu até sua partida para a definitiva morada celestial. 

Em nome de Floriano, Bebé, Tico e Guto, a Família Pinto Simões se solidariza com os demais irmãos, netos, genros, noras e demais parentes. 

Nosso abraço fraterno,

Custódia, 03 de julho de 2021.

Lindinalva Pinto Simões de Almeida (Nenê).

Um comentário:

  1. D. Eurides foi uma grande mulher, uma guerreira.
    Meus sentimentos a toda família.
    Que ela descanse em paz. Amém! !!!

    ResponderExcluir