17 julho, 2025

Pedro Maravaia uma saudosa lembrança - por Rogéria Campos

 


Pedro Lula de Melo 

ao lado de Dionete de Nilda (Dionete Belarmino dos Santos) e 
Sueli de João Gaguinho (Sueli Clemente da Silva)


Que saudosa lembrança!

Pedro Maravaia fez parte da minha infância e adolescência. Era nosso hóspede. Em suas andanças por Custódia-PE, na nossa casa tinha um quarto no muro que era seu ponto de apoio. La dormia, e passava uma boa parte do dia sentado no alpendre da cozinha. La comia, contava suas viagens, brigadas, riquezas que possuia (fazenda Salamanta, ente outras, como tambem, muitas cabeças de gado).

Pedro era meu padrinho, dizia que ia me criar, devido ter ficado órfã, pra poder eu dar pra gente! Eu lhe dava a benção, e ele respondia com aquele sorriso puro e de felicidade. Fecho meus olhos e vejo, perfeitamente, sua figura em minha frente:

Galego alto, olhos agatiados e puxados...sentado num tamborete, pernas cruzadas, sandálias de couro cruzadas... nas suas mãos sempre tinha uma monte de moedas, contanto 1milhao, 2 milhões, 3 milhoes...100 milhões...tou rico pupexte!

Gritava, com a felicidade estampada no rosto...oh "cusdiabo"! o tiroteio foi grande, mas ganhei muito dinheiro...nem " porisso"!

Pedro saia pelas ruas, cidades e sítios vizinhos carregando no seu matulão suas tralhas... onde tinha seus ganzás, cada qual com seu toque característico: um era com caroços de milho, outro com feijão, outros com pedra...e cada qual tinha seu tom... ali ele cantava e tocava os ganzás, arranhando-os com as unhas grandes. Levava consigo sua concertina, amiga fiel...ali dava o som e o melhor era as letras das músicas...nada a entender...pura inocência!

Pedro percorria, a pé, de Iguaracy sua terra natal, Afogados, Solidão, Macacos, Ingazeira, Quitimbu e adjacências e finalmente chegava em Custodia, pra mais uma temporada.

Ao chegar aqui, ia direto bater na porta de sua comadre Nilda, viúva do finado Lola...ali pra nós era motivo de festa! Pedro chegava muito sujo, ferido e faminto...ai recebia os cuidadis necessários ate pronta recuperação ...dai depois de alguns meses, partia pra olhar suas fazendas, seu gado e etc..Falava muito em seu irmão, Matias que morava no Quitimbu, na casa dos pais de Djaniro Jerônimo... dizia que ele ela muito esperto sabia fazer tudo, e que ia trazer ele pra morar e cuidar da nossa casa. Pois a " criada " (Dionete, como ele chamava), ia botar pra fora!

Pedro deixou muitas histórias e boas recordações para nossa família e nossa cidade, apesar de ter tido uma vida sofrida... guardamos dele muitas saudades.

Soube de seu tragico fim, depois de muitos anos. 😢

Se fosse pra falar de Pedro, escreveria o dia inteiro.

Rogéria Marilia Campos
Custódia/PE
Julho/2025

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