21 julho, 2025

[Biografia] Sebastião Alves da Silva

 




De uma família de 19 irmãos, dos quais só nove sobreviveram, era filho de Pedro Elias da Silva e Joana Clara de Jesus. Desde os oito anos de Idade como criança pobre, necessitava realizar pequenos serviços, remunerados, para ajudar seus pais que tinham muitos filhos e pouca condição financeira.

Não frequentou escola, mas aprendeu a ler e escrever com professores particulares. Através do cunhado, esposo de sua irmã Corina, já adolescente, Sebastião foi ajudar numa farmácia em Sertânia. Algum tempo depois , em 1935, conseguindo alguma economia e, como já era um rapaz, resolveu enfrentar seu próprio negócio no mesmo ramo, do qual já conseguira prática e conhecimento.

Acertadamente procurou a vila de Yguaraci que estava em prosperidade, lá instalando a primeira farmácia da localidade. Em suas palavras: “senti-me criador”, porque passava de empregado a proprietário.

Ele se realizava com o que fazia, cuidando da saúde dos habitantes da comunidade. Sentia coragem para enfrentar situações difíceis, pois aquela ainda era uma época de grande mortalidade infantil. Crianças morriam, principalmente de diarreia e enterite, antes de completar dois anos de idade, morrendo também de coqueluche, tuberculose, subnutrição e outras doenças. Além disso, ele fazia partos, suturas, incisões em abscessos e 'panarícios', aplicando injeções e cuidando das doenças da sua comunidade. Era o “médico da família” do povo da Vila e depois da cidade.

Conseguiu salvar muitas vidas, e quase sempre vendendo fiados os seus medicamentos.

Em 30 de abril de 1943, católico, contraiu matrimônio na Igreja matriz de Afogados da Ingazeira, celebrado pelo padre Olímpio Torres, com a jovem Terezinha Gomes de Oliveira, que, após o casamento, adicionou o sobrenome Alves ao seu e com quem teve 6 filhos: Maria das Neves, Pedro, Paulo, Hógenes, Helena e Fátima. Em Yguaraci residia com a esposa e o filho Hógenes na Praça Antônio Rabelo.

Registram-se alguns fatos importantes em sua existência: em 1950, primeiro farmacêutico da Vila de Iguaraci e, na época, vereador pela Câmara Municipal de Afogados da Ingazeira, sentia-se um cidadão público na obrigação de mudar o nome do lugar já que este tinha passado oficialmente à categoria de Vila e não ficaria bem o denominação de “Vila dos Macacos”.

Propôs, então, um Projeto de Lei à Assembleia do estado de Pernambuco mudar a denominação, apresentando três nomes: Guaraci, Itapoama e Pacatu. Embora sua preferência como autor do projeto, fosse o nome de Guaraci, que na língua tupi-guarani, significa 'Sol'.

O projeto foi aprovado, mas foi necessário acrescentar a letra I à palavra Guaraci, por haver na Paraíba um lugarejo com o mesmo nome. Assim, em 1955 a vila recebeu com muita alegria o novo nome: Vila de Iguaraci. Na década de 60, e com uma população suficiente para tomar a vila independente de Afogados da Ingazeira, convocou-se o Deputado Estadual Olimpio Ferraz para uma reunião cuja finalidade era levar Projeto de Lei à Assembleia do estado propondo a emancipação do lugar.

No dia 20 de dezembro de 1963, o Governador Dr. Miguel Arraes de Alencar sancionou a Lei n° 4.954/63, criando o município de Iguaraci e no dia 30 de março de 1964 foi oficializado.

Seu Sebas era extrovertido, espirituoso, inteligente e de aguda sensibilidade para o jornalismo, tendo mantido uma coluna, na Gazeta do Pajéu (jornalzinho que circulou em Afogados da Ingazeira e circunvizinhança na déc dos anos 1950), com noticias de Afogados da Ingazeira, Iguaraci... Escrever, anotar, recortar e criar, sempre fizeram parte do seu modo de ser. Sempre soube acrescentar, reformar e melhorar qualquer peça escrita de modo descontraído e humorado.

Sua máquina de escrever Olivetti Portátil deverá ser seu símbolo, além do relógio de parede e um quadro negando o “fiado” com um recorte “Dinheiro Nenhum paga a Saúde”.

Às 9h05, no dia 4 de abril de 2013, faleceu aos 95 anos na Casa de Saúde Dr. Jose Evóide de Moura, Afogados da Ingazeira, em decorrência de falência múltiplas dos órgãos, diabetes Milittus descompensada, pneumonia. Está sepultado no Cemitério Público de Iguaraci/PE

Autor: Fernando Pires - Afogados da Ingazeira Ontem & Hoje

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