Como cristãos, sabemos que a morte não é o fim.
A morte é um mistério insondável que desafia as nossas tentativas de compreensão e explicação.
Vivemos a vida com suas poucas certezas, sendo uma delas a de que nada é definitivo. Só temos como certo o minuto presente. Passado esse instante, já não se tem certeza de mais nada. É dessa incerteza que vem a forma poética e metafórica de dizer que a vida é passageira. "É um sopro", comparada ao sopro do vento e à nossa respiração.
Com toda a incerteza, ninguém quer partir. E entende-se que a vida é preciosa, trazendo a cada dia uma oportunidade de ser melhor que o dia anterior, de aprender e crescer em todos os aspectos — sem jamais ser escravo do trabalho. De que vale acumular tanto dinheiro, fama, influência e poder, se não somos donos do futuro?
Ah, titia, como eu queria ter falado tudo o que a senhora representou para nós.
O coração e a emoção não deixaram. Não consegui coordenar a minha fala. O choro me sufocou.
Sua história é um exemplo de coragem e resiliência a ser seguido. Casada com Adamastor Ferraz e mãe de sete filhos: Zenilda, Emanoel (Neto), Ana Lúcia, Eliane, Maria da Conceição, Marcelo e Márcio. Seu semblante sereno e firme mostrava que a senhora nunca transpareceu sentimentos de comiseração. E ontem, no sono eterno, seu rosto mostrou a serenidade de uma vida inteira, de uma mulher que viveu metade dos seus dias com a tristeza pela perda de seus cinco filhos: Zenilda, Neto, Maria da Conceição, Márcio e Marcelo. E dois netos: Charles e Cristiano. Dor igual a essa não pode existir para quem é mãe.
Minha titia teve o privilégio de viver noventa e sete anos. E viu a continuidade da sua semeadura nos seus netos e bisnetos. Uma geração que tem dado muito orgulho aos pais e, com certeza, os pequeninos seguirão o mesmo caminho.
Antes de tantos desafios e tristezas, titia era muito divertida. Não perdia festas, não faltava aos bailes de carnaval. Sua presença e a de seu esposo, Adamastor Ferraz, traziam alegria aos foliões. Ela era uma mulher bonita e bem branquinha. Sua vaidade lhe dava requinte e fineza. Suas joias enfeitavam delicadamente seu busto, braços e dedos das mãos. As roupas finas e de linho não tinham nenhuma dobrinha.
Ontem também me lembrei do nosso São João, na Rua da Várzea. Na sua casa ficavam todos os doces, bebidas e comidas típicas. Em frente à sua casa e à nossa, ficava a fogueira, que com seu grande clarão iluminava toda a Rua da Várzea. O São João era bem organizado; a rua ficava toda enfeitada. As crianças brincavam soltando fogos sob a vigilância dos pais. Os adultos, ao redor da fogueira, se aqueciam do frio e viam as chamas e centelhas subirem até o céu. As mulheres faziam suas preces a São João. A quadrilha trazia a alegria de um “Viva São João!” Toda a família dançava ao som das músicas de São João. Os nossos vizinhos também faziam parte dessa festa linda que é o São João.
Destaco ainda o seu amor pelo seu irmão mais velho, meu pai, o Mestre Lunga. Era bonito ver a dedicação de um para com o outro. E, nesse dia três de junho, titia partiu para o encontro de todos que partiram antes dela.
Descanse em paz, titia.
Sua sobrinha,
Lindinalva – Nenê
Amo-te!
Custódia, junho de 2025.
Descanse em paz tia, com meu pai e tbm todos os meus tios, tias, primos e nossos avós que já estão descansando na presença do Nosso Senhor Jesus Cristo, amém.
ResponderExcluir🥹👏🏻
ResponderExcluirMeus sentimentos para toda família!
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