27 dezembro, 2024

Quem foi Dona Nita - por Jorge Remígio


Dona Nita


O seu nome era Ana Pereira de Sá. Na intimidade familiar a chamavam de Anita, mas ficou mesmo conhecida na cidade como Dona Nita. Nasceu em Vila Bela, hoje Serra Talhada, no dia 25 de julho de 1900, e faleceu em Custódia no dia 11 de outubro de 1963, com 63 anos de idade. 



Dona Nita no dia do seu casamento em 1918.

Aos 18 anos, contraiu núpcias com Antônio Remígio da Silva, oriundo de Monteiro, Paraíba, no dia 31 de outubro de 1918. Este era construtor e edificou vários prédios em Custódia. 



Filha de Cassiano Pereira da Silva e de Ana Pereira de Sá, conhecida por Naninha. Ficou órfã de mãe muito cedo, aos seis anos de idade. Juntamente com os irmãos, Manoel Cassiano Pereira de Sá (pai de Noême Sá), José Cassiano Pereira de Sá, e Maria Dolores Pereira de Sá (mãe de Zé Burgos), foram criados pela avó materna, Epifânia Auzéria Mariano de Sá. 

O filho da sua avó, Joaquim Pereira de Sá, conhecido por Quinca Sá, foi residir em Custódia, ainda no século XIX. Casou-se com Maria Augusta do Amaral, Dona Manoca, primeira professora da então vila, a qual era filha do Capitão Chico do Amaral da Fazenda Várzea Grande. 


A esquerda Genário Pereira, sobrinho, José Remígio (filho), Claudionor Remígio (filho), Maria Dulce (filha), Maria Eunice (filha), Zé Burgos (sobrinho) e por trás, Antônio Pereira Burgos (sobrinho)

Por volta de 1915, a família foi residir em Custódia. Após Dona Nita se casar, adquiriram um sítio na parte baixa da vila de Custódia, local que ficou popularmente conhecido por Várzea. É de bom alvitre observar que, várias famílias que ajudaram e contribuíram para o crescimento da cidade, são oriundas de outras cidades pernambucanas e também de outros estados. 

A título de referência, Dona Nita era prima de Maria Josefina Gomes de Sá, conhecida por Dona Maria de seu Ernesto, mãe de Ernestinho, Gracinha, Zito e Zezita Queiróz. Prima também de Luiz Epaminondas Nogueira de Barros, pai de Luizito, João Bosco, Terezinha e mais irmãos. 



Dona Nita com os filhos, Dulce, Murilo, Maria Eunice e a sobrinha Noême Sá.

Ficou viúva aos 39 anos, no dia 30 de agosto de 1939, criando com dignidade e muito zelo, os filhos, ainda menores de idade, Maria Eunice Remígio, José Remígio, Claudionor Remígio (pai de Jorge, Antônio, Jânio, Sérgio, Eliane e Ana Cláudia Remígio), Murilo Remígio e Maria Dulce Remígio. 


Dona Nita colhendo algodão em seu sítio.

Fez-se necessário essa breve informação de dados familiares, porém, considero que o grande legado que Dona Nita deixou para a cidade, foi a água. Sim, ela junto ao esposo, concederam à prefeitura no início da década de trinta, o fornecimento da água vindo de um cacimbão em seu sítio, e levada por canos até o chafariz público, prédio que, até pouco tempo, ficava na Rua João Veríssimo em frente do atual mercado público. 

Essa água, fundamental para a população custodiense, foi cedida gratuitamente para a prefeitura, a qual era distribuída a preço simbólico às pessoas que conduziam em latas na cabeça ou em galões nos ombros, para abastecer as residências da cidade. As carroças de tração animal só apareceram no final da década de sessenta. Essa água foi fornecida à população de Custódia por mais de quarenta anos, pois a água encanada na cidade foi inaugurada em outubro de 1971, na administração Sílvio Carneiro. 

Achei pertinente escrever esse texto, para informar a população da minha cidade, principalmente as gerações mais recentes, quem foi Dona Nita. Explicito também, que nenhum parente interferiu, pediu ou requisitou o seu nome no parque que ora inaugura-se. Foi uma decisão espontânea do gestor público municipal. 



Foto de 1983, quando o sítio foi vendido para Prefeitura de Custódia

O que me espantou foi o contrassenso na mudança brusca e repentina do nome do parque por parte desse poder, o que caracteriza-se uma total desconsideração aos familiares de Dona Nita. Não estou aqui discutindo o mérito da pessoa de José Esdras de Freitas Góis, amigo saudoso que sempre estimei desde a remota infância e sem sombras de dúvidas merecedor de muitas homenagens em nossa cidade por tudo que contribuiu, mas a forma que foi usada nessa homenagem. Já que vão mudar o nome do parque, que coloquem o nome de José Esdras de Freitas Góis, porque Zé do Povo é uma marca de campanha política.

Autor:
Jorge Farias Remígio, 
neto de Dona Nita.


11 comentários:

  1. É lamentável retirar o nome de Dona Nita do Parque construído no Sítio que pertenceu à família Remígio, sendo o local mais apropriado pra homenageá-la, pela importância do que esse sítio representou pra cidade. É muito triste e absurdo a exclusão dessa homenagem.

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    1. Para o senhor ou senhora ter ideia da riqueza moral que os filhos de Dona Nita tinham. É comum vermos pessoas brigando e se matando por causa de heranças. Eles me deram um grande exemplo de honradez. Meu pai, era filho da irmã de Dona Nita ficou órfão aos seis anos de idade. Então ele transferiu o amor maternal para a sua tia. Meu pai, Zé Burgos, cuidou do sítio por muito tempo. Quando o sítio foi vendido pra Prefeitura na gestão do prefeito Djalma, os cinco herdeiros de Dona Nita de comum acordo dividiram o dinheiro em seis partes e contemplaram meu pai por ter cuidado do sítio.
      O nome disso é nobreza.
      Lamento a falta de empatia que está acontecendo, podem acreditar eu não faria a nenhum Góis o que estão fazendo com minha tia-avó Anna Pereira de Sá

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  2. Devidamente autorizada por Fernando Florêncio publico aqui um comentário de Tião Moura:

    Ola Fernando, muita realidade, muita falta de um acerto, era um sitio dentro de uma pequena cidade, mas, grande para uma geração, que se modernizasse, mas, permanecesse ( parque D, Anita, no minimo parque Zé Biar) .Para a nossa geração iria permanecer viva a lembraça a história da nossa cidade. Sabe Fernando não voltarei a Custódia, tudo que eu tinha foi ao final, nada mais existe, ir para sofrer, somente tristeza, meu caso difere de outras pessôas. É muita dor, uma dor que é somente minha. Uma cidade que tive uma infáncia, parte da minha mocidade de muita felicidade, hoje so resta dor, tudo que tinha de belo, não mais existe.

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  3. Caros leitores, permitam-me ratificar seus comentários.

    Particularmente, já havia comentado sobre tal desconsideração para com a família de Dona Nita, ou "madrinha Nita", como mamãe falava!
    Nada contra a homenagem ao saudoso e querido José Esdras Pires de Freitas Góis. Porém, poderia ser homenageado em outra obra pública, uma vez que o trabalho continua, com a gestão seguinte.
    Quero ressaltar que a marca deste PARQUE DONA NITA, permanecerá, semelhante a "Bomba e o Texaco", localidades que faço questão de manter viva, como também, passar aos meus descendentes.
    Portanto para nós que somos contemporâneos, continuaremos a levar essas mensagens...
    Roça de Dona Nita/Parque Dona Nita!
    Só apoia quem não conhece a história de sua Terra Querida!
    Abraços calorosos,
    Rogeria Marília Campos

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  4. Só aplaude esse ato de mudança de nome do parque Dona Nita para Zé do povo quem não têm memória ,quem não conhece o passado de Custódia quem nunca viu seus pais contarem suas lindas recordações das brincadeiras no sítio Dona Nita!
    Para o saudoso Zé do povo terão oportunidade de colocarem obras futuras.
    Até hoje eu não conheço nada com o nome DE JOÃO BOSCO DE BARROS que foi vereador e vice prefeito de Custódia.
    Agradeço se alguém me disse onde está essa homenagem a Bosco.

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  5. Repentina Mudança de Homenagem

    Há poucos dias, Custódia se viu diante de uma decisão polêmica que gerou debates acalorados nas redes sociais. Trata-se da homenagem inicialmente destinada a Dona Nita, antiga proprietária do terreno onde hoje se encontra um parque de eventos, que foi abruptamente renomeado como Parque Zé do Povo.

    Nada contra a justa homenagem a Zé Esdras, ex-prefeito de Custódia e uma figura que, sem dúvida, merece reconhecimento. Contudo, Dona Nita é uma personalidade cuja ligação com o terreno é simplesmente inquestionável.

    A contribuição histórica de Dona Nita e o papel fundamental que desempenhou na formação da comunidade custodiense são inegáveis e dignos de celebração. No entanto, a decisão de alterar a homenagem demonstra uma falta de consideração com os familiares e, possivelmente, com as raízes que sustentam a nossa comunidade.
    izidro.luciene@gmail.com

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  6. É lamentável que algumas decisões políticas não levem em consideração o passado daquele lugar. A mudança do nome do parque D. Nita para o do ex-prefeito José Esdras não faz o menor sentido. O nome D. Nita dado ao parque tem na sua origem o sítio que pertencia a ela e os benefícios que ela proporcionou para a cidade.
    Sem desmerecer Zé Esdras, a câmara de vereadores faz uma homenagem usurpando quem de fato era merecedor - Dona Nita.
    Tal atitude da câmara deve ser revista e encontrar outra homenagem para o Zé Esdras , como dar nome a uma praça da cidade, ou uma escola, ou até mesmo o nome de uma rua da cidade.

    Joao.vital.souza@gmail.com

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  7. QUE BOM JORGE O QUE VOCÊ ESCREVEU. ME VEIO UMA SAUDADE DA MINHA INFÂNCIA MORAMOS NA VÁRZEA POR UM BOM TEMPO FOMOS MUITO NO SÍTIO DE DONA NITA COMPRAR MANGAS QUE ERAM MUITO BOAS PARABÉNS A MEU QUERIDO PRIMO JORGE.

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  8. Caríssimo Jorge


    Primeiramente, quero parabenizá- lo pelo primoroso texto, recheado de informações importantes e significativas para a história local. Sua narrativa, além de nos ajudar a compreender o passado e inspirar o presente, gera também uma memória coletiva para as gerações futuras.

    Em seu nome, quero saudar a todos os conterrâneos que fazem coro com essa narrativa, reforçando os fatos, testemunhando o passado e nos fornecendo um sentido temporal de identidade histórica, no qual estamos inseridos.

    Antes de mais nada, quero enfatizar que a minha contribuição, não tem nenhum viés político ou rixa pessoal. Trata-se de uma opinião,
    genuinamente, pedagógica e cultural, afastada de qualquer influência partidária. Escrevo como cidadã custodiense, apaixonada por sua terra e que defende a preservação da história do seu povo, esteja eu, onde estiver.

    Voltando ao assunto do novo parque da cidade,
    penso que o nome de* Dona Nita*, certamente, seria o mais apropriado para a homenagem do momento.
    Ainda que todos nós reconheçamos o ex prefeito José Esdras, como uma figura também singular, que tem os seus méritos para ser lembrado .

    Diante do exposto, tenho a mais absoluta convicção de que o nome do parque não deveria ter sido trocado de maneira tão intempestiva. Acredito que o próprio, "Zé do Povo", se vivo fosse, honraria o nome de dona Nita com essa homenagem.

    Cada rua, cada casa, cada prédio conta uma história única, de conquistas silenciosas e desafios que se conectam com nossas raízes.

    Manter o nome da antiga proprietária seria um gesto de reconhecimento e gratidão para todos àqueles que vieram antes de nós e deram sua contribuição. Tal atitude ajuda a fortalecer o senso de pertencimento e orgulho comunitário.

    Vale ressaltar que é dever do poder público
    garantir uma homenagem justa utilizando a consulta pública na escolha de nomes. Mas, para isso é preciso conhecer os fatos e as contribuições dos homenageados. A transparência nos processos e critérios de escolhas, bem como a manutenção do bem devem ser respeitadas. Que a Câmara de Vereadores fique atenta a isto, nas próximas homenagens.

    Aproveito o momento para pedir ao prefeito eleito, Sr. Manoel Messias, que assumiu recentemente a responsabilidade de governar Custódia, que cuide das pessoas do campo e da cidade, da saúde, da educação e da segurança do nosso povo e não esqueça dos poucos prédios que restaram do passado, a exemplo, do CLRC. Que o novo gestor transforme nossa cidade num lugar bom de se viver e morar. Com oportunidades para todos e todas.

    Por fim, insisto em dizer que o objetivo aqui pretendido, não é a critica pela critica, mas a busca pelo conhecimento dos fatos e a compreensão do contexto histórico de nossa terra, tão importante na tomada de decisão.

    Feliz 2025 a todos!
    Leônia Simões.

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  9. Amiga Leônia Simões. Muito obrigado pela solidariedade. Parabéns pelo seu belo texto, firme e sem perder a ternura.
    Jorge Remígio

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