Hoje, com tristeza, vejo que destruíram uma lembrança de uma
pessoa muito querida, minha mãe Nita.
Quem foi Dona Anita?
Ela era Anna, Anita ou simplesmente Dona Nita, a dona do
sítio verdejante no coração de Custódia. Um verdadeiro oásis. Quantos de nós
custodienses temos boas lembranças desse lugar?
Eu fui criada por ela, e esse sítio foi o cenário de minha
infância.
Ora, o futuro não pode ser construído com o custo de apagar
o passado. Mormente quando é perfeitamente possível que ambos sejam
preservados.
A linha do tempo é perene, é contínua. Estamos aqui porque tivemos aqueles que, mesmo que não lhes saibamos o nome, existiram, antecederam a nós, trouxeram a tocha da tradição até os dias em que nos encontramos; e, por nossas vezes, buscaremos carregar essa tocha com louvor para entregá-la às gerações vindouras – e todo esse estradar tem importância para nossa vida, nossa história, nossa descendência.
Não há necessidade de negá-lo, não há por que plantar
ingratidão quando somos todos filhos da mesma terra.
Dona Nita presenteou Custódia com cinco filhos: Maria
Eunice, José, Claudionor, Maria Dulce e Murilo. Todos pessoas honradas. Muito
moça, tornou-se viúva, vivendo o restante dos seus dias de maneira
irrepreensível, com altivez e dignidade, a ponto de merecer a póstuma homenagem
que lhe dedicaram os custodienses.
Quando o sítio foi vendido, o prefeito assumiu o compromisso de preservar o local e manter seu nome: Sítio de Dona Anita.
Agora, intentam trocar-lhe o nome.
Nada tenho contra José Esdras, pelo contrário; minha mãe foi
amiga de infância de Dona Dondon, e meu irmão mais velho, Arnaldo, era
irmão de leite de Zé Esdras. Como se vê, nossas famílias têm raízes profundas e
entrelaçadas. É evidente que meu amigo Zé Esdras merece ser homenageado. No
entanto, não posso deixar de registrar meu sentido protesto por ver a memória
de Mãe Nita ser apagada, a lembrança de personagem tão cara afetivamente aos
custodienses ser desfeita.
Ademais, o que Zé Esdras tem a ver com aquele lugar? Há,
decerto, um tanto de locais – ruas, praças, avenidas – que muito seriam
honrados com ter-lhe o topônimo dignificando-lhe, sem precisar privar esse
local específico do nome que a história e a urbe já consagraram.
Prefeito por tantas vezes, certamente fez e faz por merecer tantas
justas homenagens.
Deixo aqui meu protesto e meu apelo para que essa iniciativa
seja revista, e Custódia possa homenagear seus filhos e filhas diletos sem
criar ruídos desnecessários – que essas iniciativas possam plantar apenas a
alegria e o reconhecimento no coração de todos os que amam esta cidade e seu
povo valoroso. Que a história seja, sempre, preservada.
Realmente é muito triste e lamentável a exclusão dessa homenagem a minha Vó Anita, que era o lugar mais apropriado pra homenageá-la. Não tenho mais palavras diante de tanta tristeza
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