Joaquim Pereira da Silva, farmacêutico licenciado pelo Departamento de Saúde do Estado, casado com Corina Marques Pereira, foi uma personalidade marcante na história de Custódia. Era um homem de tempera e Ação. Inteligente, dinâmico e social. Não perdia de vista o Chernovis (Dicionário de Medicina Popular e das Ciências Acessórias) usado pelas famílias, importante na divulgação do conhecimento e práticas medicinais nos meios Rurais. Único maçom do município, tinha a Maçonaria como centro de sua vida. Moscoso, por pertencer a ordem Rosacruz, com grande afinidade com a Maçonaria, tornou-se amigo dele.
Os dois se encontravam com frequência e decorriam bastante em torno das bases filosóficas das confrarias aqui pertenciam. Às vezes chegavam a se estranhar, cada um puxando a brasa para sua sardinha, isto é, cada qual defendendo a primazia da sociedade sobre o ponto de vista social e doutrinário. Joaquim Pereira, como um bom "pedreiro" de compasso e esquadro na mão, sabia como conservar as duas colunas que sustentavam as obras do Grande Arquiteto Do Universo.
A Farmácia Pereira era das maiores do interior do Estado por possuir único rádio da cidade, todas noites se enchia de gente para ouvir o Repórter Esso, com as últimas notícias da Segunda Guerra Mundial e, às segundas-feiras, assistir ao programa de Jararaca e Ratinho, de audiência Nacional.
O casal teve um filho caçula, Arnaldo Pereira Sobrinho, morto prematuramente, o que deixou a sua mãe inconsolável e sofrendo a dor da separação por muito tempo, só vindo a se conformar com a chegada do neto Arnaldo Pereira Burgos, filho de Zé Burgos e Noêmia Pereira., pois nele via o filho renascido.
Do consórcio houve ainda os filhos José Pereira Neto, Pedro Pereira Sobrinho, Noêmia Pereira e Joana Pereira, mais conhecida como "Joany" Pereira, todos os meus diletos amigos.
Um feito do engenhoso farmacêutico, que despertou a atenção da comunidade, foi ele ter naquela época sem meios adequados, ensinado a um sobrinho mudo e surdo, a ler, escrever e a contar. O povo exagerava dizendo que ele havia ensinado o mudo a falar.
Joaquim Pereira era um farmacêutico competente, inclusive se sobressaindo na área de manipulação. Gostava de ler e era enfronhado nos compostos gregos e latinos.
Para Joaquim Pereira, o nosso alfabeto, como quase tudo o mais, terminava na letra "G".
(*) Texto faz parte do livro A BARAÚNA (PROVAS E VERSOS), página 123-125, de autoria de JOSÉ CARNEIRO DE FARIAS SOUZA, lançado em 2015, em Recife pelo autor.
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