08 novembro, 2024

Joaquim Pereira - "Um velho farmacêutico" (por José Carneiro)


Joaquim Pereira da Silva
* 10/03/1902 (Sertânia)
+ 25/07/1972 (Custódia)

Joaquim Pereira da Silva, farmacêutico licenciado pelo Departamento de Saúde do Estado, casado com Corina Marques Pereira, foi uma personalidade marcante na história de Custódia. Era um homem de tempera e Ação. Inteligente, dinâmico e social. Não perdia de vista o Chernovis (Dicionário de Medicina Popular e das Ciências Acessórias) usado pelas famílias, importante na divulgação do conhecimento e práticas medicinais nos meios Rurais. Único maçom do município, tinha a Maçonaria como centro de sua vida. Moscoso, por pertencer a ordem Rosacruz, com grande afinidade com a Maçonaria, tornou-se amigo dele.

Os dois se encontravam com frequência e decorriam bastante em torno das bases filosóficas das confrarias aqui pertenciam. Às vezes chegavam a se estranhar, cada um puxando a brasa para sua sardinha, isto é, cada qual defendendo a primazia da sociedade sobre o ponto de vista social e doutrinário. Joaquim Pereira, como um bom "pedreiro" de compasso e esquadro na mão, sabia como conservar as duas colunas que sustentavam as obras do Grande Arquiteto Do Universo.

A Farmácia Pereira era das maiores do interior do Estado por possuir único rádio da cidade, todas noites se enchia de gente para ouvir o Repórter Esso, com as últimas notícias da Segunda Guerra Mundial e, às segundas-feiras, assistir ao programa de Jararaca e Ratinho, de audiência Nacional.

O casal teve um filho caçula, Arnaldo Pereira Sobrinho, morto prematuramente, o que deixou a sua mãe inconsolável e sofrendo a dor da separação por muito tempo, só vindo a se conformar com a chegada do neto Arnaldo Pereira Burgos, filho de Zé Burgos e Noêmia Pereira., pois nele via o filho renascido.

Do consórcio houve ainda os filhos José Pereira Neto, Pedro Pereira Sobrinho, Noêmia Pereira e Joana Pereira, mais conhecida como "Joany" Pereira, todos os meus diletos amigos.

Um feito do engenhoso farmacêutico, que despertou a atenção da comunidade, foi ele ter naquela época sem meios adequados, ensinado a um sobrinho mudo e surdo, a ler, escrever e a contar. O povo exagerava dizendo que ele havia ensinado o mudo a falar.

Joaquim Pereira era um farmacêutico competente, inclusive se sobressaindo na área de manipulação. Gostava de ler e era enfronhado nos compostos gregos e latinos.

Para Joaquim Pereira, o nosso alfabeto, como quase tudo o mais, terminava na letra "G".

(*) Texto faz parte do livro A BARAÚNA (PROVAS E VERSOS), página 123-125, de autoria de JOSÉ CARNEIRO DE FARIAS SOUZA, lançado em 2015, em Recife pelo autor.

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