02 dezembro, 2021

Os Santos e os Belos - por Joaquim Belo


Ai que saudade que tenho

Da casa de minha avó
Do sitio lá dos coqueiros
No vale do moxotó

Julieta, lá nasceu 
Nas margens do Piutá
Um rio seco e excêntrico
Com um cão particular

Casou com Augusto Belo 
Caboclo da Tinindeira 
E era filho legitimo 
De Belarmino Bandeira

Sertaneja de muita fé
Cumpriu o que prometeu
Deu um belo nome de santo
A cada filho que nasceu

O primeiro foi São José
O que faz chover do sertão
Para salvar a lavoura
E aumentar a produção

O segundo foi Manoel,
Também de parto normal,
Tem um nome do senhor
Porque nasceu no natal

O terceiro foi São Joaquim
Que se tornou o meu guia
Escolhido na folhinha
Pois era o santo do dia

O quarto foi Santo Antônio
O santo casamenteiro,
Na escolha do matrimônio,
Ajuda quem é solteiro

O quinto foi São João
O nosso santo festeiro,
Se chover lá no Sertão,
Tem festejo o mês inteiro

Chegou à vez de Maria,
O seu composto era Inez,
Que na santíssima trindade
Era a primeira das três. 

Inalda foi à oitava,
Mas era também Maria,
Foi a segunda da trinca
A trazer essa alegria.

Ivoneide outra Maria,
Só a saudade deixou,
Muito antes do combinado
Foi morar com o senhor.

Chegou à vez de São Paulo,
Não sei o oficio que faz,
Talvez ajude o rapaz
Na luta com satanás.

Abriu alas pra São Pedro,
Aquele que julga o réu, 
Ele é quem dá o veredicto
Pro defunto entrar no céu

O caçula foi São Carlos,
Misto de santo e de rei,
pois não deixei o menino 
ser chamado de Severino

Os santos de Augusto Belo
Que Julieta pariu
Espalhou-se pelas terras
Do nosso imenso Brasil.


Joaquim Belo
Belém-PA

2 comentários:

  1. Quinca.
    Perdi a conta depois do oitavo.
    Estou dedicando aos "Belos" um capitulo a parte da segunda edição do "Foi Assim".
    Meu abraço nesta bela família "pernambuara".
    Fernando Florencio
    Ilhéus/Ba

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  2. Ah, Joaquim....essa sua poesia é demais de linda. Cada vez que a releio, mais me emociono...

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