27 fevereiro, 2025

Foliança 2025 - Criançada caiu na folia durante semana pré carnavalesca de Custódia



No último dia 23 (domingo), o PONTO DE CULTURA GRUPO DE DANÇAS LUAR DO SERTÃO - CUSTÓDIA-PE. sob comando de UBIRA QUEIROZ, saiu pelas ruas com o BLOCO FOLIANÇA 2025 - Ano 14. 

A concentração foi em frente ao Colégio Municipal Ernesto Queiroz, passando pelas principais ruas da cidade, Praça Padre Leão e finalizando no recém inaugurado Parque Zé do Povo, no centro da cidade. 

O Bloco Foliança é realizado desde 2010, seu objetivo é levar até o folião um conhecimento dos ritmos populares, bem como, as tradições que difunden o nosso Estado e contexto social, mostrando de forma direta ao público infantil, e os aproximando cada vez mais de sua história. 

Este ano, o Ponto de Cultura, ofereceu Oficinas Culturais de Frevo e Palestras, culminando com o Desfile do Bloco durante a semana pré-carnavalesca. 

Paulo Peterson

[Biografia] Maria do Socorro Simões Silva - "Dona Socorro do Cartório"

 


Maria do Socorro Simões Silva, conhecida como “Dona Socorro do Cartório”, primeira mulher Oficial do Cartório do Registro Civil de Pessoas Naturais de Custódia – PE, brasileira, divorciada, nascida aos 22.10.1946, na Cidade de Quipapá-PE, filha de José Rodrigues dos Santos e Maria Pereira Simões. 

Sua história de superação começa no ano de 1966, quando prestou concurso para o Distrito de Santo Antônio das Queimadas e no dia 06 de outubro do ano de 1966, foi nomeada, ”Oficial de Registro Civil” daquele Distrito, onde ficou até janeiro de 1976, ano no qual foi removida a Comarca de Custódia-PE.

Tomou posse no dia 20 de fevereiro de 1976, quando aqui chegou com o marido e três filhas e em Custódia nasceram os demais filhos, em 1986 divorciou-se e tornou-se a única provedora do seu lar, com 10 filhos, sendo 06 biológicos e 04 de coração, 18 netos e 3 bisnetos, onde permanece há 49 anos morando. 


Dona Socorro com sua família

Em 2021 aos 75 anos, concluiu graduação em Teologia, e aos 76 anos pós-graduada em Teologia.

Com uma infância muito difícil na zona rural de Quipapá - PE e por conta do sofrimento advindo das dificuldades de sobrevivência, quando criança morava no casarão do Sitio Gongo, porém não suportava ver seu padrasto agredir sua mãe e seus irmãos, vivenciando isso quase todos os dias. 

Em uma das suas andanças diárias pelo sitio para aliviar sua dor parava em frente a uma cruz que tinha em baixo de uma mangueira onde ajoelhava-se para clamar a Deus, em suas preces pedia que nosso Senhor todo Poderoso abrisse um caminho, para ela tirar a mãe e os irmão daquela situação. 

Aos 14 anos a família resolve mudar-se para cidade de Jurema-PE, foi quando teve a oportunidade de estudar. Certo dia a Oficial do registro Civil de Jurema-PE Maria do Carmo Monteiro, conhecida como “Dona Carminha”, foi até a escola em busca de uma menina inteligente, tranquila e educada para ajudá-la nas atividades do cartório e prontamente indicaram Socorro. E passou a morar com Dona Carminha que gostou tanto da dedicação de Socorro no Cartório, que a incentivou fazer o concurso de cartórios. A partir daí passou pela sua segunda maior prova. 

Aprovada no concurso público não teve ciência pois pessoas influentes da cidade esconderam a informação da sua aprovação, mais o que está nos planos de Deus ninguém tira. Foi quando um desconhecido foi usado por Deus e faltando um dia para encerrar o prazo de assumir o cargo, o Dono da indústria “Cachaça Mucuri” de Canhotinho-PE, o Sr. José Amorim, ficando sabendo do ocorrido e a comunicou sobre o prazo, ajudando-a a levar a documentação em Recife-PE. 

A partir dai assumiu o cartório de Santo Antonio das Queimadas, distrito de Jurema-PE no dia 06/10/1966 começou uma nova história, conseguiu alugar uma casa e trazer sua mãe e seus 09 irmãos para morar com ela. 

Após 10 anos já estabilizada fez o pedido de remoção e Deus preparou a cidade de Custódia-PE para lhe acolher, onde deste de 20/02/1976 assumiu o Cartório de Registro Civil das pessoas naturais de Custódia-PE até os dias atuais. 

Dentre tantos livros, foram registrados o nascimento de 38.548 Custodienses, 4.178 Casamentos e 8.330 óbitos até o dia de hoje.

Mulher de Deus, mulher de fibra, honesta, autêntica, forte, bondosa, criativa, independente, arrimo da família, profissional, ética, exemplo de mãe, avó e bisavó amorosa, que entrega o coração aquilo que acredita.

(*) Biografia cedida gentilmente pela família. 

26 fevereiro, 2025

Programação Completa da Festa de São José 2025





Foi divulgado hoje, durante entrevista no Programa Ponto de Impacto da Rádio Custódia FM, a programação completa da FESTA DE SÃO JOSÉ de Custódia. 

O prefeito Manoel Messias e a vice Anne Lira anunciaram as atrações entre outras informações de interesse do município. Este ano, a festa receberá duas atrações de peso nacional, o cantor sertanejo Leonardo, e Amado Batista, este vindo pela segunda vez a cidade. Mano Walter retorna mais uma vez, enquanto Nathanzinho Lima vem pela primeira.

Os shows começam no dia 9, com apresentação de William Sanfona, na Praça Padre Leão, dentro da programação religiosa no Novenário do Padroeiro São José.

Não foi deixado de fora as atrações locais: Vaqueiro Matuto, Ingrid Mickaelle, e Marcilio Amaral (gravação de um DVD),

No domingo dia 16, haverá uma extensa programação, no dia da MISSA DO VAQUEIRO. A programação começa com concentração no bairro da Rodoviária, onde haverá aboios e shows, finalizando no Parque de Exposição Armando Wanderley da Fonte, no bairro da Pindoba.

Dia 09 (domingo) -  William Sanfona
Praça Padre Leão

Dia 15 (sábado) - Vaqueiro Matuto, Thiago Carvalho e Leonardo 
Parque Zé do Povo

Dia 16 (domingo) - Missa do Vaqueiro: 

Rodoviária :
Aboiadores Jairinho, Paulo Barba e Divon Amorim, Peu cantor, Ademir e banda 

Parque de Exposição Armando Wanderley da Fonte:
Devyn Sampaio, Michel Brocador e Mano Walter.

Dia 17 (segunda) - Ingrid Micaele, Léo Foguete e Amado Batista
Parque Zé do Povo

Dia 18 (terça) - Marcilio Amaral, Tarcisio do Acordeon, Nathanzinho Lima
Parque Zé do Povo


Apoiando o Blog Custódia desde 2007




24 fevereiro, 2025

[Editorial] Revitalização do Centro Lítero Recreativo de Custódia


Fotos: Kleber Alves de Souza

O Blog Custódia Terra Querida vem há quase duas décadas, através de colaborações compartilhando e coletando textos, fotos e crônicas de assuntos relevantes da história local, bem como de pessoas que prestaram relevantes serviços à cidade. 

Esse trabalho coletivo, resultou num acervo imenso que serve de armazenamento para quem quer conhecer a história da cidade. Uma fonte de informação para consulta via internet.

Esse acervo, foi parar em diversos livros publicados, tanto por custodienses, como por outros escritores. ou pesquisadores. Os trabalhos escolares da rede municipal, estadual e de universidades são feitos em consulta ao site, que tá no ar desde de 2007.

Dessa forma, através desse editoral, solicitamos junto ao Poder Executivo, Iniciativa Privada de Custódia, Empresários e demais autoridades, que abraçem a causa para uma possível revitalização do CLRC - Centro Lítero Recreativo de Custódia, que se encontra numa situação de abandono, com seu prédio em ruinas, devido a falta de manutenção.

A importância valiosa e histórica do CLRC pode trazer muitos beneficios para a comunidade. Seu espaço realizou diversos eventos, como: shows memoráveis, conclusões, casamentos, apurações de eleições, concurso de Miss, Formaturas, Festivais de Chopp, Eventos Escolares, Bailes Municipais, Festa de Folclore, Noites Espanhola organizada por Zezita Queiroz e diversas outros eventos.


Fotos: Kleber Alves de Souza


A situação de abandono e degradação deste patrimônio, gera uma perda imensa de um espaço que é um marco na identidade cultural de Custódia. Revitalizado, este espaço, serviria de atração turística, e poderia ter um melhor impacto positivo na economia local. É de suma importância a preservação do patrimônio histórico do local.

A revitalização poderia ser com parcerias com organizações locais, financiamento público ou privado e a com participação dos sócios e pessoas que já administraram o imóvel. Participação de toda comunidade.

Temos uma cultura rica, que necessita de um espaço para abrigar nossa história. Uma restauração de forma sustentável, garantiria que o patrimônio local fosse preservado para as futuras gerações. Além de enriquecer a cultura local, poderá impulsionar o turismo e a economia da cidade, com eventos culturais, exposições por ser bem localizado, poderia abrigar um espaço para fotografias da cidade, e de diversas eventos realizados em Custódia e no CLRC ao longo dos anos, um Museu local.

Em suma, a revitalização deste espaço de patrimônio local não apenas preservará a nossa história e cultura, mas também proporcionará um ambiente mais acolhedor e acessível para todos os membros da comunidade. Acreditamos que, com o apoio de todos, podemos transformar este local em um ponto de encontro vibrante, onde as gerações presentes e futuras poderão se conectar, aprender e celebrar a rica herança que nos une. 

Contamos com a colaboração de todos para que essa iniciativa se torne uma realidade e, juntos, possamos dar vida nova a este importante espaço.


FOTOS DO CLRC - MARÇO 2025 









22 fevereiro, 2025

Uma noite em que Custódia não dormiu - Autor: José Ronaldo


Em 1977, a decisão do Campeonato Pernambucano de Futebol, foi entre Sport e Náutico. 

Esse jogo entrou para a história do futebol pernambucano e nacional, pois o mesmo, começou às 9 da noite, e só terminou com o Sport campeão, pouco mais de uma da manhã. 

O campeão tinha que sair de qualquer forma naquela noite de todo jeito, pois o Sport, por exemplo, tinha compromisso pelo Campeonato Brasileiro daquele ano, contra o América de Natal, naquela mesma semana. 

Nos primeiros 90 minutos, nenhum time abriu o placar. Na prorrogação de 30 minutos, continuou 0x0.

Então, o árbitro da partida, começou a dá mais 15 minutos de jogo por várias vezes, os jogadores de ambas às equipes, começaram a ficar exaustos, quando finalmente, em uma jogada pela esquerda do ataque do Sport, a bola foi cruzada, e o jogador Mauro, fez o gol do título do Sport. 

Ouvi tudo atentamente, pelo Rádio ABC, de minha casa. Quando o juiz apitou o final da partida, muitos torcedores do Sport correram em direção à casa do meu amigo Dr. Pedro Pereira. 

Em plena madrugada, vários torcedores do Sport em Custódia, partiram em direção a sua residência para comemorar o campeonato conquistado. Chegando ao local, o mesmo e sua família dormiam, devido ao horário. Muitos gritaram tentando acordar e avisar do feito conquistado naquela madrugada. Muita euforia e abraços dentro de sua casa. 

Saimos em caravana, pelas ruas de Custódia. Muito buzinasso, ninguém dormiu naquela noite. Dr. Pedro, era um torcedor símbolo do Sport na cidade, tanto que teve um time de mesmo nome que marcou época. 

Parabéns à todos os apaixonados torcedores do Sport Clube do Recife!

Lembrança do custodiense, José Ronaldo

21 fevereiro, 2025

Janúncio de Custódia: A Voz de um Povo, o Coração de uma Terra


Ao longo da história, poucos artistas conseguem transcender sua arte e se tornar símbolos vivos da cultura de um povo. Janúncio de Custódia é um desses raros nomes que, mais do que um cantor e compositor, representa a essência da identidade nordestina. Sua trajetória é um testemunho de resistência, amor à cultura e compromisso com suas raízes.

Não por acaso, fez questão de carregar em seu nome o orgulho de sua terra natal. “Custódia” não é apenas um sobrenome artístico, mas um ato de pertencimento, uma declaração de que sua arte nasce do solo sertanejo, das tradições de seu povo e da sonoridade única do forró pé-de-serra. Como Luiz Gonzaga, que eternizou Exu, sua cidade natal, Janúncio inscreveu Custódia no mapa musical do Brasil, provando que a grandeza da arte não depende do tamanho da cidade de onde se vem, mas da força da alma de quem canta.

Entretanto, como acontece com tantos artistas que se dedicam à valorização de sua própria terra, Janúncio nem sempre recebeu o reconhecimento que merecia em seu lugar de origem. Nas festividades locais, onde deveria ser celebrado como um dos maiores representantes da cultura custodiense, muitas vezes foi preterido em favor de artistas de fora. Esse fenômeno, infelizmente recorrente na história da música brasileira, reflete a injustiça da velha crença de que “santo de casa não faz milagre”. Mas Janúncio fez – e continua fazendo.

Suas músicas não são apenas melodias e letras, mas documentos vivos de uma cultura que luta para sobreviver em tempos de descaracterização das tradições nordestinas. Sua voz ecoa os sons da zabumba, do triângulo e da sanfona, mantendo viva a herança deixada por mestres como Jackson do Pandeiro e Dominguinhos.

Janúncio de Custódia é mais do que um artista; é um símbolo. Sua trajetória prova que o talento nordestino não precisa buscar validação externa, pois já nasce forte, legítimo e autêntico. Seu nome e sua cidade estão para sempre entrelaçados, e sua música é um patrimônio de Custódia e de todos que reconhecem na cultura nordestina um tesouro inestimável.

Que essa homenagem seja um lembrete de que devemos celebrar nossos artistas em vida, reconhecer seu valor e garantir que seu legado continue inspirando novas gerações. Janúncio é Custódia, e Custódia é Janúncio.

Com respeito e profunda admiração,


Jânio Queiroz
São Luis/MA
Fevereiro/2025


17 fevereiro, 2025

Sr. Durval e D. Minininha - Marta de D. Quitéria



Hoje recebi a notícia triste do falecimento de D. Minininha. De repente veio minhas lembranças, este casal maravilhoso que foram meus vizinhos por muitos anos. Na padaria deles consegui o meu primeiro emprego. Toda segunda feira, eles eram generosos, amigos de verdade. 

Deixaram muita saudades. Fizeram parte da minha adolescência. Sem palavras para agradecer a Deus por te-los conhecidos e convivido com eles.

Descanse em paz  D. Mininha e meus sentimentos a toda família.
 

Marta de D. Quitéria 
Bridgeport/USA
Fevereiro/2025

06 fevereiro, 2025

Né Marinho - "Um tabelião de firma reconhecida" - (Por José Carneiro)


Né Marinho
* 15/09/1902
+ 03/2002

Manoel Marinho de Rezende, Né Marinho, era um homem de personalidade marcante, como serventuário de justiça e empreendedor. Tabelião de competência reconhecida como oficial do registro geral de imóveis da comarca e proprietário do bar Fênix, que fez história como o Centro Social de maior importância da cidade por longo tempo.

Uma de suas particularidades era o indispensável uso da gravata. Dizia-se que ele não atirava nem para tomar banho e que para isso tinha uma especial, impermeável. Fez uma viagem de navio ao Rio de Janeiro que na época causou sensação.

Casado com Ester Pires Rezende, uma mulher bonita, simpática, ligeiramente estrábica, que vivia para o lar. Eu gostava muito dela e apreciava o seu modo de ser. Os filhos do casal, Leny,  Ivanise, Laise, Hélio e Herbert eram educados e retraídos, em face da maneira austera de criação do pai. Eu me dava bem com todos eles, em especial com Leny. Quando a família se mudou para o Recife, todos os anos, Herbert vinha passar as férias em Custódia e era hóspede da casa dos meus pais. Sobre ele nada se sabe do seu destino.

Leny era considerada a moça mais vaidosa e elegante de Custódia, no vestir e no andar, afora a caprichada maquiagem. Retraída, mas nem por isso alegre e educada. A vaidade não impediu que adquiriris um bom preparo intelectual, a ponto de, mais tarde conquistar um lugar de destaque no magistério como professora na capital do Estado.

Né Marinho depois de aposentado, sozinho, passou uma temporada em Custódia advogando como rábula. Como se vê era um homem afoito criativo.

Lembro-me das interessantes e espirituosas cartas, com o nome de músicas do cancioneiro popular brasileiro, que troquei com Layse e das serenatas, muitas delas a pedido de Leny.

Hoje só restam saudade e uma convivência sabia de um tempo feliz.


01 fevereiro, 2025

[Exclusivo] Custódia - A verdade histórica sobre o nome do município


Saulo de Tárcio Duarte
Advogado e Escritor
(Site oficial do Autor)

Sob a direção do advogado pernambucano Saulo de Tarcio Duarte, a TVM (TV Visão Municipal) se dedica a ser uma fonte confiável e acessível de conhecimento, com o compromisso de melhorar a gestão pública e contribuir para o desenvolvimento sustentável de todas as cidades do Brasil.

Nesta edição especial o articulista demonstra através de documentos e fatos históricos relevantes a origem do nome de Custódia para a próxima edição do Anuário dos Municípios Pernambucanos.

O nome que veio a ser a denominação do município de Custódia remonta com doses bem fundadas na década de 1830. Quanto a esta afirmativa todos os prognósticos, indícios e fontes que direta ou indiretamente apontam para esta assertiva. Entretanto, creio ser esta a data da origem do nome, mas não da povoação como núcleo urbano. O núcleo urbano começou a se formar somente nos finais do século XIX. A prova disto é que o próprio Distrito de Alagoa de Baixo, ao qual Custódia foi desmembrado, somente foi criado em 1842 e a vila e município data de 1873, hoje Sertânia. Em 1908 Quitimbu ainda era a sede do 2º distrito. Mas, como a questão aqui é sobre a origem do nome “Custódia”, vejamos:

Na década de 1830 havia apenas duas povoações que já possuíam certa importância no interior mais adentro da jovem Província de Pernambuco. Era Flores do Pajeú e Cimbres, está menos importante, pois Flores detinha a cabeça da Comarca do Sertão e mais adiante no alto sertão ainda havia mais duas povoações importantes que eram Cabrobó e Boa Vista, esta emancipada em 1838. Era o período regencial instalado logo após a abdicação de Dom Pedro I. Naquela década o Brasil passava, talvez, pelas maiores turbulências deste rio pertenciam outrora a Casa da Torre (BA) por carta de sesmaria de 1658. (*)

(*) Sampaio, Yony, Livro de Vinculo do Morgado da Casa da Torre Centro de Estudos de História Municipal - CEHM, Recife - 2012 - páginas 20,21,22.


A ORIGEM DO NOME

Nos arquivos do IBGE que datam das décadas de 1940/50 os pesquisadores descrevem sobre Custódia: “Diz a tradição que uma das origens do nome Custódia viria do fato dos jesuítas estarem "sob custódia" da população local que os acolheu, já que estavam sendo perseguidos e naquele local ficaram protegidos. Esta versão não tem sido aceita por falta absoluta de lógica e de documentos que corroborem com a verdade dos fatos. Outrossim, na primeira metade do século XIX não há registro que certifique a existência, nas cercanias da hoje cidade Custódia, fazenda com esse nome. Muito menos há registro de mosteiro, convento, abrigo ou até capela que abrigasse jesuítas ou outra congregação religiosa.

Contudo, entretanto, a versão mais aceita é que o nome seria uma homenagem a uma mulher conhecida por Dona Custódia, proprietária de uma pousada/barracão que hospedava e alimentava tropeiros e viajantes. Esta versão sim tem comprovações lógicas e documentais fartas e certamente eliminam quaisquer outras pela força das formalidades. Dito local seria certamente nas imediações do centro da cidade por onde passa um riacho e que aos poucos os transeuntes foram referenciando como o negócio de Dona Custódia e assim por diante até batizá-lo pelo direito consuetudinário. Fui buscar essa história e encontrei.

QUEM ERA DONA CUSTÓDIA?


Litografia de Maria Custódia Osório de Campos baseada em traços familiares. 
Por Karoba N. Salvi



Dona Custódia chamava-se na verdade Maria Custódia Osório de Campos, nascida na Fazenda Conceição, Flores do Pajeú, hoje Betânia, a 5 quilômetros de Sítio dos Nunes, em 1800, filha de Firmiana Barbosa de Aragão e do capitão de ordenanças Manoel José de Campos (marinheiro).

Dona Custódia foi a filha primogênita do casal que deixou uma das maiores descendências do sertão pernambucano. Foram 12 filhos, entre eles o Monsenhor Joaquim Pinto de Campos que foi sem sombras de dúvidas o mais poderoso e maior escritor sertanejo do século XIX. Pinto de Campos, o padre irmão de Dona Custódia chegou a ser tão influente que se tornou amigo do Imperador Dom Pedro II, Duque de Caxias, Machado de Assis, entre tantos escritores europeus a exemplo de Alexandre Herculano e Camilo Castelo Branco e obteve o título de Protonotário Apostólico de dois papas, (Pio IX e Leão XII).



Capitão - mor Aniceto Nunes da Silva
Terras do Sabá até lado do Sertão do Pajeú de Flores


Mestre de Campo Pantaleão de Siqueira Barbosa
Terras do lado lestre ao Sabá até léguas dos dois lados do Rio Moxotó


Dona Custódia, segundo o historiador Nelson Barbalho, citando Ulisses Lins de Albuquerque (em Moxotó Brabo) casou-se com José Joaquim de Siqueira que era neto do mestre de campo e maior latifundiário do Moxotó, Pantaleão de Siqueira Barbosa e não tiveram filhos. Vejam bem, Dona Custódia por um lado era casada com o neto do famoso mestre de campo e do seu lado era neta do sargento-mor Fellipe de Aragão Osório, este cunhado do Capitão-mor Aniceto Nunes, o maior latifundiário do seu tempo no sertão. A irmã de Aniceto, Bibiana Matildes, mulher muito rica, criou a mãe de Dona Custódia e deixou-lhe quase toda a herança em testamente que ainda hoje encontra- se intacto na Igreja Católica de Flores.

Dona Custódia, além de comerciante foi herdeira de terras intermináveis, especialmente para as bandas do pajeú sem contar com as terras deixadas pelo seu esposo. Seu espólio, como dito, certamente abocanhava terras tanto do lado maior proprietário de terras do pajeú como do Moxotó.

Seu estabelecimento em Custódia devia ter um movimento estupendo pois pegava a rota da estradas das boiadas que ia de Olinda até Cabrobó como era rota entre o médio pajeú de Flores, Baixa Verde e Serra Talhada rumo à capital.


VEIO DA EUROPA


O avô português de Dona Custódia era Custódio José de Campos (**), natural de Penedo da Comarca de Penafiel, sua mãe chamava-se Ana da Silva. Naqueles tempos era ainda mais comum homenagear ancestrais e certamente o pai de Custódia, Manoel José de Campos, saudoso do seu pai resolveu batizar a sua primogênita em solo brasileiro com o nome do avô paterno do rebento. Vale salientar que o pai de Custódia, Manoel José de Campos chegou ao Brasil no ano de 1792 precisamente no Porto do Recife. Não se sabe se sequestrado pelos marujos, segundo relato de Pinto de Campos, que merece crédito, ou se veio fugido de sua casa fraterna em busca de aventuras. Acredito na primeira versão, pois Pinto de Campos relatou ao Jornal Ilustrado em 1880 e era comum raptar crianças naquele tempo para servir de grumetes ou pajens(***) nos porões dos navios. Ditos raptos eram tão importantes que eram tratados até de forma comum e ignorados pelas autoridades constituídas.

(**) Certidão de Batismo de Manoel José Campos de 1780.

(***) Grumetes e Pajens: Adolescentes que faziam serviço de embarcações

Sobre documentos que atestam a existência inconteste de Dona Custódia há uma infinidade de citações em sites, livros, jornais e escritos de Pinto de Campos. Mas, registro oficial encontra-se seu nome na página 42 do testamento de Bibiana Matildes da Silva, arquivado na Igreja de Nossa Senhora da Conceição em Flores (PE) e no batistério de Pinto de Campos quando ela foi a sua madrinha de batismo ao lado de Manoel Francisco da Silva, este o filho mais velho do Capitão Aniceto Nunes.

Custódia tornou-se a filha prendada do casal, maior herdeira de Bibiana Matildes, casou-se com um neto de Pantaleão Siqueira Barbosa que, segundo Nelson Barbalho em Cronologia Pernambucana (2688), livro 11, página 129 que morava ali nas terras onde hoje fica a cidade de Custódia onde certamente Dona Custódia fez o seu hotel, seu armazém, seu negócio, seu comércio que se tornou um ponto de parada obrigatória por todos aqueles transeuntes que circulavam pelos sertões adentro. Daí a expressão “vamos fazer uma parada descansar, se alimentar e alimentar os animais lá em Dona Custódia”.

Ela faleceu e o lugar ficou batizado: Custódia.até hoje.

AGRADECIMENTOS:

Quero agradecer imensamente a SAULO DE TARCIO DUARTE pelo envio desse trabalho ao BLOG CUSTÓDIA TERRA QUERIDA. Ambos temos compromisso de levar até a população informações importantes, esse material, de grande relevância histórica.

LEMBRETE

Peço encarecidamente as pessoas que puderem divulgar esse material, compartilhem com todos. E claro, deêm crédito ao autor do material, Saulo de Tárcio Duarte. 

Complementando, citem também o Blog Custódia Terra Querida e seu colaborador JORGE REMIGIO, outro grande incentivador, colaborador e pesquisador sobre o tema. 

Apoio Cultural